Tanto embalo pra tão pouco samba…
Tantas pessoas, tanta correria,
Tanto a fazer, tanto a aprender…
Eu me sequestro do meio do ônibus
E amordaçado pela distração, me transporto
De volta a mim.
Tantas estações pra tão pouco trem…
Nesses vagões, findam-se vergões fundos
De súbita melancolia.
Mas eu não me importo, se quer saber
Eu me importo
É com o céu, com este planeta,
Com esses meus planos simples
Sem nada de incomum astúcia.
Eu sou um vácuo eterno preenchendo um adeus
Tal como você,
De vida ainda tão desejada em partilha
Com esta entrelinha, com a vida minha
Como essa inversão proposital…
E à propósito,
Tem hora que o tempo se inverte.
Então vem logo, que às vezes o caminho encurta
E o futuro vive uma nostalgia,
Mas tem tanto futuro pra tão pouca vida…
E eu não ligo, eu não ligo se quer saber…
Mas se não quer,
Eu também não ligo.
Há tão pouco tempo pra tanta lida
Que minha fé se abala quando perco o senso de céu
De perfeita impossibilidade…
Que o impossível também acontece,
E acontece que é possível também
Não acontecer.
Há tantas alas pra tão poucas baianas…
Ê samba, ê samba que não é meu
Traduz, põe fim a esse poema
Que há tanto a refletir
E há igual de espelho.
Eu espero.
yuri emanuel