Vaga neste imenso mundo,
Qual andarilho sem destino,
No silencio do infinito que a acolhe,
Essa nossa terra planeta de sonhos.
Pontos longínquos cintilando todo redor,
Reflexos do astro que lhe empresta luz,
E a terra solta, livre e insignificante,
Só mais um ponto no universo de mistérios.
E me imagino alado, passeando dentre as estrelas,
Olhando a terra feito bolha de sabão soprada ao vento,
Adentro no seu azul, desço no seu ventre,
Alcanço meu continente, meu pais, meu estado,
Abraço minha cidade, meu bairro, minha rua.
Caminho nas calçadas, pessoas tantas,
Sentimentos tantos, sonhos, dores, esperança,
Altruísmos, arrogâncias, petulâncias, falsas suficiências,
Enganos, engodos, poder, prepotência e ignorância,
Amantes, amados, desiludidos, famintos e ladrões.
Carrões na rua, meninos nas esquinas,
Pedintes nas praças, prostitutas se oferecendo,
Vitrines multicores, anúncios atiçando a vaidade,
Bancos, cofres cheios guardando tanto de poucos,
Tantas carteiras vazias recheadas de frustrações.
Nem quero entrar na intimidade dos corações,
Tampouco nas mentes dos tantos que passam,
Resguardo a intimidade dos pensamentos alheios,
Para não me emaranhar noutro intrínseco mundo,
Mais vasto e infinito que o universo por onde andei.
Elevo minha vontade e alço vôo às alturas,
E vou me afastando mais e mais da minha rua,
E na medida em que retorno ao infinito do mundo,
Melhor enxergo a insignificância das pessoas tantas,
Das suas arrogâncias, das suas prepotências e das minhas