Um pingo d’água insistente
Gotejando, gotejando, sem fim
Não sei de onde ele vinha
Só olhava a minúscula poça
Que, do pingo, advinha
Num tempo que não sei mensurar
Dormente, ali, a olhar
A poça que, do pingo, advinha
O pingo a pingar, tangia
Invadia minha mente, ecoava
Percorria os dois labirintos
Num tempo que não sei mensurar
Fiquei, ali, a ouvir e a olhar
Um pingo d’água insistente
Gotejando sem princípio, sem fim
Quando, enfim, dei por mim virei limo
Num tempo que não sei mensurar
Afogada, na minúscula poça
Poça que advinha do pingo
Despertei, viva-morta, era tarde
Amorfa, imersa no limbo