Meu coração está vazio. Que horror!
A nau estancada em alto mar
sofre com o turbilhão da falta de destino.
As ondas me jogam de lá e pra cá,
e não há nenhum porto mulher
em que eu possa me abrigar.
Sigo sem rumo.Para onde apontar o meu prumo?
Que falta me faz, farol que dirija o meu amor.
Despossuo aquela que movimente o meu sonho.
Oh, como sinto pela falta de um favo,
de um seio alvo, gomos de doce laranja
negro mamilo a me amamentar.
Oh! Como assombra o imenso pavor
de nunca mais amar!
Abro as velas brancas e de braços cruzados
me deixo governar pelo sem sentido deste instante.
Conjuro sereias, quero me embriagar no seu canto,
me afogar sem temer os profundos do mar.
O que me mata não são as ondas revoltas e agitadas,
mas as superfícies imensas, lisas, tristes e sem esperança.