Fui ludibriado, aterrorizado, atirado ao fogo eterno.
Caminhante em solo instável, sem morada e sem rumo.
De repente, a máxima coerente, a razão e o senso brotaram.
Entendi!
Tudo mudou.
O terror acabou, entretanto, outro assédio principiou.
Acossado fiquei. O convencionalismo me segue a passos largos.
Vazaram-me a vida com os ferrões do mundo, onde mãos coladas num abraço forte, elevadas por joelhos dobrados e calejados, tentaram me atingir.
Resignado, suportei as maldições.
Talharam-me os pensamentos com facas densas.
Afogaram minhas idéias no oceano do desengano.
Gastaram meu lamento nos despenhadeiros da inconsciência, angustiaram-me com promissões desconhecidas, molestaram meu ser com delírios ferinos.
Enquanto, combatentes agonizantes, arrojavam-se nos abismos do fim da vida.
Mutilaram-me com a força dos átomos, com ultrajes e denuncias infundadas de indivíduos do centro, com seus tortulhos de fábulas e com o letargo artificial, por sugestão externa da moralidade e, com a ânsia do comando.
Malharam-me ripários de cérebros lavados, porque tenho opinião própria, por discordar, investigar; por ter um ideal, que não era ilusório e sim indefectível.
Apregoaram-me maldito, feras humanas e delirantes, quando no extremo da resistência, tive forças para dizer “não”!!!
Personalidade não se compra. Caráter não se pesca.
O fogo que me rodeia não é o “eterno” e sim o de olhares e ruídos dos zumbis místicos.
Podem acender a fogueira, pois ainda assim farei como Giordano Bruno: "vocês certamente têm mais medo em pronunciar a sentença do que eu em escutá-la!"