o cavaco boicotou-me o ensaio dos elogios da embriaguez no pequeno auditório e isso irrita-me.
porque o cavaco precisa do grande auditório. e do pequeno auditório. e das casas de banho. e das cadeiras. e do piaçaba do teatro de vila real. e tudo.
o cavaco rouba-me tudo. até o tempo.
o cavaco não me deixa trabalhar.
porque o cavaco é uma avantesma parida de si mesmo que deu à costa do esgoto público.
o cavaco é uma múmia com seis mil anos acabada de ser atropelada vinte vezes por um submarino em marcha atrás.
o cavaco é um fóssil revestido a excremento de pomba com espírito santo depenado por implosão de cérebros de galinha.
o cavaco lambe cus e engole tudo sem se fartar. e mantêm a boca aberta.
o cavaco tem uma rolha no rabo por isso defeca pela boca enquanto outros lhe lambem o cu.
o cavaco é chato.
o cavaco é um urso.
o cavaco é um tripé com duas pernas e um foguete de artifício inserido no referido atrás.
o cavaco é uma sotaina clerical erguida com guindastes das obras que não são feitas na pátria e tem beiços mais horrendos que uma vagina de cascavel morta à quinze dias. ou mais.
o cavaco é um naufrágio sem bóias num lavatório entupido cheio de girinos fascistas que pensam andar em alto mar a saudar caravelas em ouro.
o cavaco mete pena.
o cavaco não tem penas.
o cavaco é um gnomo subterrâneo que blasfema a minha imagem de sábio e de outros como eu.
o cavaco é um cisco metido entre os dentes que nem com fio dental sai.
o cavaco nu só com esse fio dental é asqueroso.
o cavaco nu é asqueroso.
o cavaco vestido é asqueroso.
o cavaco até às escuras é asqueroso. ou ainda mais.
o cavaco é insuportável mesmo quando enfio tampões nas orelhas e ele fala com um bolo rei de quinze anos interinho enfiado na goela.
o cavaco é moncoso.
o cavaco agrafado a uma parede é uma fenda que enxurra humidade amarela. ou verde. às vezes castanha.
o cavaco tem seguranças enfiados nos bolsos e nos sovacos, que cheiram mal, para que não caia de si abaixo de tão entediante que é.
o cavaco é desmesuradamente aborrecido.
o cavaco tem menos pensamento que uma lesma a acasalar ao ar livre sobre trovoadas e ventos de cortar a respiração. mesmo que se seja um bicho que não respira.
o cavaco não respira. expira.
o cavaco ordena que o país seja católico e eu sou marciano anti-mariano.
três vezes merda. ou mais. se o cavaco é de direita eu sou da esquerda, se o cavaco é heterossexual eu sou homossexual, se o cavaco é cristão eu sou anticristão, se o cavaco é pela pátria eu sou pela mátria, se o cavaco tem pêlos eu depilo-me, se o cavaco corta o cabelo eu não, se o cavaco gosta dos bancos eu meto a economia no colchão, se o cavaco sorri eu choro, se o cavaco reza eu rio-me bêbado.
porque o cavaco é um poio meio seco com uma bandeira vermelha e verde hasteada em si de si para si por si e tudo tudo tudo que consegue comer. o resto é amarelo meio molhado com a espuma da ira que tem por não ser salazar.
três vezes merda. acenda-se o rastilho ao foguete do tripé. e pum.
por bruno miguel resende falocrica lucien ubu faustroll trapeiro e anti-cavaco e mais tudo