Gosto quando vens mansa, sem o gosto da pressa.
Vens cálida, chorosa. Vens como a brisa da manhã
que se despertou inteira. Gosto assim,
de corpo, alma leve, folha ao vento. Gosto
quando vens direta, mas passas por céus
entre nuvens brancas, como esta sensação
de que vens a mim como o dia.
Gosto quando vens enigma,
sem aviso, sem palavras que afetem
as mãos, sem pele nem flor que rubre
o coração. Gosto quando vens alegria, e chegas
mantra refrescante, semeando raios
de um sol próprio, pequeno calor que não me agita
nem me expia. Assim, como um nada, para
o qual não se pede som, poema, nenhuma chave,
nova estrada. Quando vens, sequer preciso de mim.