Gostaria que não me soubesses doente,
que eu só estivesse triste ou contente,
e raiasse o dia lá fora, pousando asas no rio,
como borboletas de cores, sem haver frio.
E tu continuarias o rito, de tuas Novenas,
entregue à tua fé, que não tem mecenas,
senão uma infalível crença, desde menina,
que te trouxe pela vida fora, tão pequenina.
Ao bom Velhinho, prometes coisas sem par
(assim o tenho, na imaginação, se sou sonhar),
às crianças e aos velhinhos, nunca esqueces,
que são os primeiros, a quem pedes benesses.
E como eu estaria saudável, colheria flores
lindas, que, aos sentidos, causam torpores
na alma; com as flores, iria o meu coração,
que, só por ti, estariam em eterna floração.
Correríamos, montes e vales e alguns prados,
co navios no mar, que, vistos, nos fossem dados;
mil aventuras teríamos – um beijo a colorir,
se mágoas tivéssemos aqui, com que carpir.
Sem ver, ver, para além de crer. Sonho. Ilusão.
Quem a Sorte nos dá, e, a nós, a falsa sensação?
Tudo é certo ou errado, desleal testamentário…
mais vale a comicidade, um Teatro fútil e Hilário!
Bem sei, amada Mulher, que somos diferentes!
Em anos que já lá vão, nunca por nunca ausentes!
A crença, que é tua, a mim me escapa, e tolhe –
só a fé no Homem, inda que em erro, mi vida escolhe.
Desleal, ao que são meus sentimentos, a aflorar,
por ti, tudo esqueci, e deixei-me, em flor amar…
Se me arrependo? Nunca… em vidas por haver.
Tu me pertences. Eu te pertenço. Eis o nosso ser.
Jorge Humberto
14/01/11