As lagartas comem-me os dedos!
Abrupto,
este sentir que me seca a boca,
um revolver de mim mesmo,
como se vestisse a Alma do avesso.
Não sabendo quem sou e se me pertenço.
Na ânsia que me apoquenta,
pensei utilizar um pleonasmo,
algo que rimasse, com este orgasmo
de Palavras, que em mim não existia!
E doía!!
Doía, pois as lagartas, comiam-me os dedos!
Um a um! Vorazes!
Comeram-me também a Poesia
escrita, em folhas de papel.
Comeram versos!
Palavras! E letras a granel!
Tombaram anafadas nelas mesmas,
eram agora resmas,
resmas de crisálidas indefesas!
Presas!!
Foi o que me ocorreu!
Presas, numa caixa de cartão,
apenas por vingança...
queria roubar-lhes a esperança,
de um dia, se metamorfosearem de Poema,
em Palavras esvoaçantes,
comidas de mim!
As palmas das minhas mãos,
fecharam a caixa sem dilemas.
Abrupto, o meu acordar!
Não sentia os dedos!
...E fez-me pensar,
se teria perdido eu,
pois não mais escreveria
ou, se teria ganho a Poesia?...
Talvez descubra um dia.
...Por agora, fervilha em mim,
uma multidão de pensamentos!
Afinal, as lagartas, apenas me comeram os dedos.
Andy