Cais à chuva, vazios,
barcos tresloucados,
quem os viu em rios,
por mestres navegados?
Agora só assombros,
à mistura, algum sal,
tudo são escombros,
lágrimas sem igual.
O rio passa de largo,
o mar tem distância,
mas porque estrago,
esta bela exuberância?
Ao longe, por sonhar,
nas tardes que me passeio,
vejo um ponto no mar,
será barco? Ou enleio?
Era um barco fumegante,
no ar, rastro deixando;
imaginei-o todo possante,
no mar, sulcos visando.
Mas aqui só madeira velha,
que ainda assim me encanta…
não só é velha como gelha,
nasce a seus pés, nova planta.
Entardeceu rapidamente;
vão-se os pássaros de meu ser;
quem dera aqui perdidamente,
sonhar um novo Cais a haver.
Jorge Humberto
13/01/11