Era uma vez uma senhora
Que muito avançou na idade
Penteava-se com uma vassoura
Era a mais velha da cidade.
Com o tempo ficou sem rosto
Cabeça de grossa tartaruga
Coitada tinha tanto de desgosto
Sem rosto, não era que uma ruga.
Então, como era da classe média
Pensou fazer um rosto em plástico
E para evitar uma grande tragédia
Fizeram-lhe um rosto todo elástico.
Hoje já se julga uma velha beldade
Até a língua continua bem tratada
Mas diz pouco de toda a verdade
Pois que falando fica toda babada.
Pois minha tia, tu que eras tão linda,
Querias voltar a ser novinha em folha
Podes crer que as rugas voltam ainda
A língua não pára, não seca, mas molha.
A. da fonseca