Coser com linha de prata as memórias...
E dizer:
Jaz... Aqui
Ao que já, não é... E jamais será...
Refazer dos trapos, o ninho perdido,
Sem chorar...
Ser, apenas ser... Sem desejar o sempre
... Mesmo sem saber para onde;
Caminhar...
Um olho no caminho ,
Outro no infinito
"Agora".
Trilhar a areia quente do deserto, lamber o medo,
Com ombros cansados, erguer a cabeça... E...
Comer as sobras do desconhecido instante que restou.
É nas horas tristes dos percalços, que se descobre
A alegria que há no despertar em liberdade.
Depois da última dor;
Parir o assombro...
E, como uma ave, pelo espaço azul voar... Simples, sem medo, sem espera...
Nua de mentiras, entregue a sí mesma, amar-se sem limites,
Sentir o fogo que arde e cura... Restaurar a alma
Dar um abraço na face da mentira.
E sem escrúpulos dizer-lhe que não é verdade
Dispersa de mágoas,
Sem olhar para trás... Digo:
Dá-me tuas mãos, doce abrigo... Meu...
Logo eu, que andei pisando torturas no meu desmedido querer...
Logo eu... Eu... "Deliro em euforia" e de contente rio do descontente ...
Não, não posso querer outra felicidade...
Esta que tenho, sou dentro de mim
E sem pressa dei-me por dona das minhas horas,
Já não creio nesta febre que mata tolos.
Tornei-me assim feliz ateu, e suave como uma pétala
Perambulo ... Sem tempo que me tome ou açoite...
Meu olhar no horizonte permanece
Vou na direção da vida, saboreando cada fruto:
É doce... Viver é doce
Pitangas maduras, jabuticabas, cajus...
Derramam na paz do meu pomar,
Perfumes de ternas flores...
Amoras...
(Ednar Andrade).