Anuncio aos meus dois ou três leitores, ainda cientes da cabeça, que, a partir deste exacto, preciso e microscópico mo(nu)mento, deixarei de falar de política, aqui e em qualquer lugar deste mundo e do outro. Com isto, pretendo reaver a minha honestidade e os meus valores, se é que alguma vez os tive. Primeiro, porque a política não nos leva a nada, segundo porque a política não nos leva a nada, e terceiro, porque é bom ter alternativas. Discutir política é o mesmo que discutir política. Os iluminados estão todos pregados ao tecto a alumiar salas de estar. Ouça lá, acha mesmo que eu, conhecedor de todas as fórmulas sobre a estupidez, lá ia perder o meu tempinho a escrever sobre política. Só se estivesse interessado em ofender o meu cerebrozinho, que tanto me custou a educá-lo. Os políticos são como os maricas, ainda que, sabendo eles que são mal falados, são sempre uns bem-dispostos, uns curtidos.
Portanto, por isto, por isso, por aquilo, daqui destes dedos que vos escrevem, desta boca com queda para a asneira, jamais ouvirão falar de política. Porque política é uma mulher que anda de boca em boca, logo, deduzo que seja uma das que se vende na beira da estrada por vinte e cinco euros. (Isto, segundo a nova tabela de preços de 2011. Ouvir falar).
Falar de política é simples, basta mastigar dez bolachas Maria, todas ao mesmo tempo. Fazer política é tão útil quanto puxar o autoclismo. Aprender política é como ter aulas de educação sexual, assiste-se mas não se dá assistência.
Sinceramente, já me irrita ouvir falar de política, dramaturgos a fazerem previsões futuras sobre taxas e juros. Prefiro dez mil vezes falar de gajas ou de manequins de saiinha por aqui em montras de pronto a vestir. Um dia apareceu-me um político à paisana na sopa e, antes que uma daquelas disenterias me fizesse apertar as nalgas, não o comi, deixei-o estar, só pelo prazer de o ver a afogar-se.
Política é conversa de macho que não cobre fêmea, só serve para limpar a dentadura, ranho seco no nariz. Portanto, meus ainda leitores, não vou sujar os meus dentífricos para quá quá quá sobre política e suas amantes politiquices. Não vou gastar megabytes de memória só para obesidar argumentos. Embora saiba que, quem fala de política, sabe bem o quanto vale ter um belo filho da punha ou fonha-se na língua.
Político não pensa, pensa que. Político não faz sexo, nem levanta o orçamento. Político não vai à bola, vai à borla. Político é animal sem dentes, para não deixar marcas no pescoço. Político é religioso, tendo como bíblia o manual de instruções do Ikea, para aprender como há-de apertar a rosca. É negociante, vende tangas. Para se fazer política, basta um estar bêbado e outro lúcido. Um amigo meu, disse-me há dias que se ia meter na política. E eu, como bom conselheiro e amante das coisas boas, aconselhei-o antes a meter-se na droga. Assim, que meta o nariz lá na farinha Maizena, em vez de andar a cheirar as nossas vidas.
Já gostei de política, mas enjoei, e à custa disso, apanhei as hemorróidas e uma entorse nas mandíbulas. Na minha opinião, político para ser político havia primeiro de passar por um teste de resistência. Assim de repente só tenho esta ideia: que tal um banho turco com trinta comediantes Senegalenses. Pense nisso.
Começo a criar a ideia que político é omnipresente, pois está em todas, até nos cofres-fortes do banco, ora vejam lá. Político é amante da pesca porque sempre ouviu dizer que mais vale um peixe na mão do que dois a voar.
Político só vai à escola quando é para levantar o pano da placa comemorativa, e sorrir como a sua mãe lhe ensinou. Lá isso não nego, e não me travo a soltar elogio, político é um bom filho da mãe. Também sou de acordo que, se político estivesse em via de extinção, acharia por bem, em prol da humanidade, pegar numa motosserra e cortá-los a meio, para de um fazer dois. Político é sério, mas apenas quando está com prisão de ventre. Também toda a gente sabe que a liberdade de ventre é o que é.
Outro amigo disse-me há dias: o meu filho virou costas à política. E eu, como bom espectador e rei da primavera, aconselhei-o, politicamente falando: já que ele virou, então que forre bem as calças, senão…habilita-se!
Tenho uma dúvida: política é um mal necessário, ou um bem desnecessário? Se souber responder, não responda, fique calado, já disse, fique calado, eu não disse que não quero mais escutar política? Não estou para amar a futilidade, para isso basta-me dois minutos de talk-show no Canal Parlamento. Os políticos são os maiores e conceituados travestis do mundo. Excepto numa condição: mudam de cara mas não mudam de roupa. Eu nunca falei mal de políticos nem de politicuzinhos, porque, falar mal, é só para letrados, e de letrados, gente doida e petulante, estou por aqui.
No fundo, há que ter pena desses tipos que só falam, inflacionam tudo que dizem, porque todo o mundo sabe que política é como a marijuana: “provoca esquecimento, e outras coisas que agora não me lembro”.