Quando na tenra idade e a vida ainda menina,
O tempo corre em açoite e o caminho é tão reto,
As pegadas leves e esguias não fincam no chão,
Os dias deslizam soltos, ligeiros e tão frenéticos.
Passados os tenros dias da vida ainda criança,
A responsabilidade da lida vai se fazendo,
As obrigações vão criando corpo e se multiplicando,
Como se multiplicam os caminhos em encruzilhadas.
Vêem as dúvidas do destino e/ou das conseqüências,
As indecisões afligem a alma e vão criando incertezas,
As memórias açoitam e o futuro maltrata o presente,
Nessa saga de gente grande com saudade da criança.
Tantos caminhos se fazem à vista do porvir,
Ânsia e até angústia ardem o peito em chama,
Arrependimentos, contrições e dúvidas atrozes,
Dias de tumulto íntimo e noites em introspecção.
Já bem tarde a descoberta da lucidez desaponta,
Resumo das dores, dos amores, desamores e dissabores,
Conclusão de que não existe o melhor e ideal caminho,
Que não seja aquele que foi escolhido sem arrependimento.
Já tarde, quando aflorar a sabedoria sugada da vida,
Saber-se-á que as encruzilhadas efetivamente não existem,
Salvo nos fantasmas que o medo fomenta e arquiteta,
Bastando que a determinação impere e a preguiça seja afogada,
Jogada na ponte sobre o ribeirão que corre carregando a vida,
Deixando os medos e as incertezas ao relento das margens.