Poemas : 

Ilha II

 
Numa ilha me exilaram
Pela razão, não esperaram
Nessa tarde me abandonaram
E longe de mim ficaram

Junto a uma fogueira
Pensando em alguém que eu queira
Apodrecendo de qualquer maneira
Perco o céu à lua inteira

Silêncio reina nas dunas
Junto ao mar, vejo fortunas
Deixadas como lacunas
Onde estão escritas runas

Um baú secreto
No areal, ali perto
Sem cadeado, já aberto
Guardando o papel por mim liberto

Sentinela de liberdade
Alguém na flor da mocidade
Atacou-me sem piedade
Matar-me, era a sua vontade

Pará-mos os dois, num momento
Recusando o próprio tempo
Dominados pelo sentimento
Pusemos de parte o lamento

Os dias passaram
As alegrias fracassaram
Eles então voltaram
E me levaram, buscaram

Anos já lá vão
Continuo sem saber se não
Morreste de solidão
Que tens em teu coração

Afastados, enfim
Onde transpirei alecrim
É talvez o nosso fim
Mas, por favor, não te esqueças de mim




Pedro Carregal

 
Autor
PedritoDomus
 
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