Numa ilha me exilaram
Pela razão, não esperaram
Nessa tarde me abandonaram
E longe de mim ficaram
Junto a uma fogueira
Pensando em alguém que eu queira
Apodrecendo de qualquer maneira
Perco o céu à lua inteira
Silêncio reina nas dunas
Junto ao mar, vejo fortunas
Deixadas como lacunas
Onde estão escritas runas
Um baú secreto
No areal, ali perto
Sem cadeado, já aberto
Guardando o papel por mim liberto
Sentinela de liberdade
Alguém na flor da mocidade
Atacou-me sem piedade
Matar-me, era a sua vontade
Pará-mos os dois, num momento
Recusando o próprio tempo
Dominados pelo sentimento
Pusemos de parte o lamento
Os dias passaram
As alegrias fracassaram
Eles então voltaram
E me levaram, buscaram
Anos já lá vão
Continuo sem saber se não
Morreste de solidão
Que tens em teu coração
Afastados, enfim
Onde transpirei alecrim
É talvez o nosso fim
Mas, por favor, não te esqueças de mim
Pedro Carregal