Prosas Poéticas : 

Ocasionalmente

 
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Estou só e nada me faz voltar atrás para me fazer acompanhada de novo.

Gostava de poder fechar os olhos e ver só formas a tentar brilhar no escuro, para que lhes descodificasse os sinais, e as remetesse para o mundo onde guardo todos os meus sonhos...lá está um mundo que quero, um mundo vivo onde as Primaveras são acontecimentos constantes nos meus olhos de menina. Cresci, mas é para lá que volto, sempre que me assusto neste mundo de criaturas prontas a sugar-me todos os poros da minha pele.

(Já nem sei se sou eu que sou, ou se a minha sede de não ser eu).

Caminho e não ando, falo e não me ouço, tenho-me e não me sei no mundo das formas viventes que dão voz às novas formas, quero e não sei onde buscar a nova ordem onde os quereres são remedeios de todos os meus cansaços.
Acostumada que estou nestes caminhos cruzados, sou centelha ambulante, sou ocasionalmente um sonho a brilhar no outro lado do mundo.




(foto; Edificio Ecran, Parque das Nações)

 
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ÔNIX
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Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 10/01/2011 21:11  Atualizado: 10/01/2011 21:11
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 Re: Ocasionalmente
Minha querida! estava a ler-te e lembrei de um outro poeta que conheces e sei que admiras: Joma Sipe.

beijinhos do Nuorte


Enviado por Tópico
luciusantonius
Publicado: 11/01/2011 00:59  Atualizado: 13/01/2011 01:06
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 Re: Ocasionalmente
Da outra banda, linda amiga, da outra banda e apoiado em vultuoso séquito, cavalgo no meu corcel que conheci alado galopando sobre a seara dos meus sonhos. Nessa seara vira ao longe prenuncio de um mundo novo feito de manhãs sacudidas pela brisa da aurora que um sol da cor da prata prometia. Senti-me estremecer pela esperança de que amor não sonhado ainda, mas vivendo já no recôndito do ser que fui em tempos arremessados para um passado distante de que guardo vaga a memoria, acabara de agarrar o meu amanhã.
Ouvi no crepúsculo da manhã vozes de rouxinol e do cuco da minha infância, fazendo-me menino, reconduzindo-me à inocência, mas por detrás da lua deixando-me antever um amor maior. Esse bem querer exigiria muito de mim mas era portador de promessas compensadoras de todos os sacrifícios.
É que nesta seara que percorro ainda o sol não brilha nem aquece e as criaturas são sombrias e não sabem onde mora a amizade. Foi-me dado o instinto de no encalço desse promissor novo mundo onde não há criaturas, mas apenas o sentir profundo eu hoje caminhar. Levo comigo a esperança mas terei que transpor o mar que me separa dessa banda. É que, estranho para mim será desse lado que “ocasionalmente” se torna real o meu sonho.

Bela como sempre a sua prosa, aceite a nossa como modesta correspondência.
Com o nosso abraço
Antonius