Dos crimes e castigos
Não, não quero falar desse vazio
Da infinda dor que corta a alma
Retalhando as esperanças, estio
Do viver por viver, sem calma
Quero falar de sentimentos vivos
Ou que teimam em resistir apesar
Do concreto que se impõe altivo
Nas plúmbeas manhãs a esboçar
Reminiscências de um sorriso perdido
Foi-se pela janela que outrora me trazia
Raios de um sol que tenta manter o brilho
Do meu olhar, pois o corpo ficou em letargia
Talvez o hoje que tenta sobreviver a tudo
Necessite apenas de um ombro amigo
Pois o amor não precisa ser carnal, contudo
A solidão faz-se companheira, castigo!
Dos crimes que se apresentam nos jornais
Não vejo a morte súbita de um grande amor
Nem a prisão dos quereres e dos cabedais
No mais, a cidade está deserta e sem calor.
Então por favor, dirija-se ao confessionário
Mais próximo. Temo que ainda há uma chance
O inverno é passageiro, nem sempre é frio
Nem tudo é inatingível, estou aqui ao teu alcance.