Há algo no sono que soa à uma traição da vida
um rebaixamento da vida à sua condição mais basal,
um aniquilamento relativo dos sentidos
para tornar legitima a falsficação da existência
patrocinada sob o formato dos sonhos.
Quisera eu não dormir nunca
em companhia de uma humanidade insone
perder a marca dos dias
mergulhado em perpétua fruição
tomado da pura atividade e movimento.
Derrotar ao sono é derrotar
uma vez a cada vez a morte certa
recusando-se morrer a cada noite