Morri a esperar por ti às portas da noite…
Nem uma palavra… Um aceno… Um sorriso…
Morri a esperar por ti numa nuvem de enxofre
Morri… de que mais preciso?
Virás depois com um terno de mentiras
Dizer-me que foste culpado, que eu não merecia…
Mereço sim… Ou então não o fazias.
Foi essa a forma de devolveres o que sinto por ti.
Aperta-se o coração de mansinho e a alma -
Se por ventura tenho alma neste lençol de luto –
Amarrota-se no estendal das lágrimas
Que ainda não caíram e já as escuto.
Cega-me o sol… Para que serve o sol
Se os meus olhos não concebem mais que a noite?
Fere-me a noite… Para que serve a escuridão
Se de tão cego não distingo o próprio caminho?
Respiro fundo… tento tocar-me… saber onde estou…
Vagabundo errante dum delírio qualquer…
O meu sonho foi o pelourinho de uma praça pública!
A realidade… A corda que me sufocou.
Porque não estás nesta hora tão solta quando grito
Da janela da minha casa de chuva e trovões?
Onde estás quando preciso de ti?
Estendo um braço e o teu corpo meigo
Esvanece-se nesta solidão apátrida
Que quer ganhar fronteiras dentro de mim.
antóniocasado
08-01-11