Minha vida é simples,
Simplesmente vida,
Vestida de dias normais,
Travestida de dias tristes,
Salpicada de momentos de êxtase,
Tecida de lembranças e sonhos.
Sou tecelão da simplicidade,
Vestido de versos de poeta cotidiano,
Por vezes versando em fios de navalhas,
Cortando quais afiadas línguas tiranas,
Noutras decantando lírios em prosas e quimeras,
Sempre feito malabarista dos dias e das palavras.
E assim vou fatiando os dias,
Degustando devagar os momentos,
E divagando nos caminhos que trilho,
Brincando com as desventuras imprevistas,
Implicando com as flores tão efêmeras,
Querendo a madrugada de bons sonhos infinda.
Vivo na janela do trem do viver,
Que corta campos vastos que a vista mal alcança,
Como a percorrer os dias de momento em momento,
E pela vidraça assisto os instantes passando apressados,
Correndo para um futuro incerto de sonhos inacabados,
Bem além dos desejos e desvarios do poeta tão simples.