Escuta o barco que vai na estrada. olha como brilha o redondo cio da lua. demora em mim como um ser quieto.
escreve como quem fode a dor.
escreve a hora que é hora de sonhar.
fala com formas.
Se te olho como um número inalcançável ou
sonda que abala a terra,
é porque existe um verbo que por nenhuma boca passou.
sonho-te como um acreditado em OVNIS.
como um inocente que se oferece para ser condenado.
e vejo-te no princípio agora e sempre, amém. Tocas em mim feito nó cego.
algo inseparável.
dois filhos unidos pela cabeça. duas rotas encontradas na curva do joelho.
dois sóis feitos com a melhor fazenda do universo.
amor, por que me tocas com incendiária melodia. água benta a ressuscitar o meu nome,
e me desejas como um fruto que a terra ainda não deu?
fala-me do berço de todas as lembranças.
do embalo suave da manhã, da casca
da noz que nos transporta para lá do que é imortal.
vejo-te, e que isso nunca me cegue.
escuto-te. e que isso nunca me faça perder-te de vista.
És a minha visita logo pela manhã. o santuário onde só eu posso entrar. a luz febril na minha carne.
toco-te em animal(sidão). em flocos de sangue a trespassar as suas margens.
depois com os intestinos, com o coração a
pedir mais e mais.
a minha raça aumenta. o meu destino torna-se em bagaço mudo. e expludo em selvática melancolia a desejar-te na oblíqua dor.
no vertical amor de vencer todos os tornados, e rompo o teu corpo com um disparo de neve. e torno-me ateu só de olhar a
tua nudez
amor, conta-me as estradas,
manda o silêncio para a noite que o pariu, enterra o ciúme na terra e a terra no ciúme.
diz-lhes que estás a matar e a ser morta.
se tapo todos os silêncios do teu corpo,
é porque o meu clarão é uma música que invade, é algo que o Guinesse Book não registou
nem nunca ouviu falar. porque o meu
tesão tem algo de construtivismo.
e assim, amor, sei que vês estrelas polares no céu da minha boca. e sei que sou um filho da puta que te ama mais do que qualquer outro filho da puta