Poemas : 

Ode Sinantrópica

 
Desponta a alvorada
Desgarra-se o dia
Sob o véu pesado da garoa.

A novidade
Cintilante
Perdoa em arrepios idôneos.

A Terra
Jejuava
Purificava-se -
Queria expurgar os vermes do instinto!

A cada respiração
Em algum lugar
Alguém morre

Alguém goza
alguém grita
alguém chora,

em algum lugar
alguém rosna grasna e ruge
alguém alça vôo sem penugens,

a cada fôlego
em cada trago meu
alguma alma entra e outra sai...

Mas
Que sabe do sonho
O sonhador?

E por que tem de saber?!...

Por que então
Haveria de saber
Da vida
O vivo?...

(...desponta a alvorada, desgarra-se o dia sob o véu pesado da garoa...)

 
Autor
alikafinotti
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/01/2011 10:27  Atualizado: 08/01/2011 10:27
 Re: Ode Sinantrópica
Meu caro, saúdo-te aproveitando para te endereçar votos de bom-fim-de-semana(esta minha formulação deveria constar no fim ou rodapé,mas porque havemos de ser convencionais quando o que se inspira/respira lendo é sinónimo dum quebrar de convenções?).

Sim ,

"Por que então
Haveria de saber
Da vida
O vivo?..."

Sim.

"a cada fôlego
em cada trago meu
alguma alma entra e outra sai..."

Posso ?

Será no cruzar de viagens , entrando e saindo , partindo e chegando , que o(aquele) que entra NOS FAZ, e, que o(aquele) que sai NOS É ?

De facto , o que importa a razão(motivo)? Essencial mesmo é "CRUZAR" .

Um Grande Abraço !

Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 09/01/2011 17:34  Atualizado: 09/01/2011 17:34
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Ode Sinantrópica
Uma composição que só podia levar o seu nome.
Não sei onde eu estava que não vivi esse poema a tempo de calar-me.
Nunca me esqueço de você.

Um beijo.