Ando cercado por todos os lados,
procuro vilões e inimigos,
em cada esquina vejo perigos
e todos eles andam armados.
Andam até os dentes cerrados,
mas o pior de todos os castigos
é desconfiar dos meus amigos
sem sabererm por quê os coitados.
Trago esta sensação presente,
uma luz tão carente de brilho,
tem o aumento desta lente...
Oiço vozes, passos, de sarilho,
de todo lado, toda a gente;
vivo com o dedo no gatilho!
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.