Só o silêncio é absolutamente sincero
e teimo em dizer-te que te amo
Obstinadamente, teimo em dizer-te.
Quando os teus ouvidos já não podem mais me ouvir.
Quando a palavra já não tem mais poder.
Quando o perdido me assombra em ecos profundos;
a minha boca não cede e murmura.
Quando dos corpos já esfriou o calor.
Quando da tua boca flagela-me um não.
Quando do encontro apenas a lembrança persiste;
a minha boca desafia a razão e sussurra.
Contra mim e contra ti, contra o meu sim e o teu não,
Contra a lógica implacável
que em dor tão cruel a separação presidiu;
a minha boca rebela-se, e afoga-me em mentira:
meu amor eu te amo! mil vezes eu te amo! Insensatamente te digo: eu sigo te amando !