Convidado a encerrar com um testemunho um curso de treinamento a novos funcionários da editora de um amigo , sentou-se ao lado do Xavier enquanto ele terminava sua palestra e iniciava sua apresentação a seus funcionários no primeiro dia útil de 2011. Nervoso com algumas anotações do que dizer abaixa os olhos num falso ato de modéstia, enquanto o amigo descreve sua trajetória profissional. Percebe que vai demorar na apresentação, esta iniciando dos primórdios de sua carreira alias que Xavier inventa com muita imaginação, permite-se divagar. Deixando vagar seu olhar vadio pelas pessoas que compunham o modesto auditório, captar um semblante alegre, apaixonado ou infeliz, ou a visão de um magnifico par de coxas cruzadas que se abrem por um momento deixando seus olhos gulosos percorrerem as coxas bem feitas e ao fundo suas calcinhas pretas ou a falta delas, coxas que novamente se cruzam. Uma jovem fora de qualquer padrão chama sua atenção, com um jeito envergonhado, penteado conservador, tem um leve tremor ao perceber seu olhar, percebe uma emoção passando pelos olhos da jovem, o medo dela é doce morno, como morno é o corpo tremulo de um passarinho que capturamos na palma da mão. Estranhamente atraente sob este aspecto prosaicamente sem beleza e tímida, vestida protocolarmente senta-se quase a beira da cadeira, a jovem como todos suava na sala acanhada, ela em particular acumulava gotinhas de suor em sua testa, observou um filete de suor a escorrer e ser engolido num profundo sulco, e ir viajar entre seus seios, imaginou onde iria parar esta gota de suor, no inicio do púbis, iria molhar o elástico de sua calcinha detendo-se, ou quem sabe terminar a viagem engolido por seu sexo.
Viajou por momentos em sua juventude e imaginou-se com esta jovem mulher tímida, criou nela um personagem. Sofrida após formar-se em comunicação surpreendida pela doença da mãe, um derrame que a deixaria entrevada e sem movimentos até o fim da vida, órfã com poucos recursos, viu-se obrigada a cuidar da mãe 24 horas por dia durante dezoito anos, não tendo vida própria, suspendeu sua juventude marcada pela penúria de viver com a modesta pensão da mãe, vendo pelo tubo da televisão as noticias de um mundo que temia, e uma fantasia nas novelas e filmes que foram marcando sua vida, conservou uma pureza que hoje não mais existe assistindo de preferencia filmes antigos em que os amores sempre acabam bem, sempre românticos como ela.Com a morte da mãe, liberta de casa viu-se necessitada de um emprego para manter-se, que arrumara depois de um ano de incessante procura aqui na editora.
Esta agora num quarto com esta jovem mulher, um apartamento de subúrbio, envolvendo-a em abraços e deixando sua velha cupidez rolar solta, deixa-se levar pela imaginação, esquecendo seus escassos cabelos brancos e a idade que não permitiria sua divagação passar de um sonho. Aspirou todos os cheiros dela entre eles pareceu reconhecer o delicado odor de um refrescante bucal e iniciou uma exploração de sua boca com sua língua experiente naquela boca pudica.
Virou-a e a pôs de costas empurrando-a de encontro á parede, ela encostou seu traseiro nele, enquanto sentia sua língua e sua boca seu calor na sua nuca depois de afastar sua cabeleira na penugem, despertando nela umas ondas de arrepios e calor no declive de suas costas. De um movimento fê-la voltar e seus lábios sugeriram a ela um cauteloso beijo exploratório beijo que se aprofundou tornando-se longo sugado saciado. Descia suas mãos por suas costas até encontrar a junção das nádegas beijava o recôncavo do seu pescoço, quando surpreso ouviu a voz do Xavier o convidando a tomar a palavra.
Levanta-se fecha o botão do paletó ocultando a ereção que se iniciava, coloca suas anotações no escaninho do púlpito, olha para todos com um sorriso profissional, detêm o olhar na jovem que retribui, fazendo-o imaginar que ela também viajara consigo naqueles minutos, limpa a garganta e começa a falar.
Antes de tudo quero agradecer a Editora pelo convite na pessoa do Xavier e a todos vocês que se propuseram a ouvir reminiscências de um velho editor. Não poderia iniciar esta pequena palestra sem antes desejar a todos e a cada um, disse olhando fundo nos olhos da jovem, um feliz 2011.
Carlos Said
Verão de 2011