És poeta!
Em soberba desce a rampa
Alfarrábio entre papiros
Livros são os lírios
Poeira, a vida destampa
Rato de porão azucrinando
Papéis da elite descerrando,
E destarte, a debalde urrando
Serei humano? Diplomando?
Responde a escuridão: és poeta!
Inda que não queiras sê-lo!
Por que então andas divagando?
Acaso as lavras são decrépitas?
_Não Mestre veja o selo
Data da inquisição, muito zureta!
II
Escrevei o que pensai doutos
Da mínima folha de outono
Ao passaredo, vos sois arautos
Literatos sois os patronos!
Eu sou apenas um alfarrábio
Semianalfabeto de profissão
Mas Mestre vos é sábio!
Tenho tentado aprender a lição!
Honorável rato de porão, se lembre
Poeta nasce feito, é apenas dom!
-Tu estás liberto, saias do alpendre!
Nasci um mambembe, saio do tom
Aqui tem gato e sou apenas bimembre
Quatro patas não tenho, fico no chitom!