APENAS O TEU NOME
Enlouqueço neste som
do qual não conheço o tom
Fruto da ausência
que se afigura como tendência
Nesta vida morta
de desejos vagueando torta
Sem qualquer direcção
contudo plena de noção
Na dor indesejada
que já se torna amada
Por ser a companheira
na hora tornada derradeira
Volta por favor
deixa florescer o amor
Este contido em mim
só agora sei ao que vim
Sei... Não sei, desconheço
nada sinto que mereço
Mas todos merecemos
a estupidez que colhemos
Dos ramos tortos
Nas curvas apertadas dos portos
Onde me abrigo
a sonhar, simplesmente contigo
No deleite, bebido
do teu vinho vertido
No decante respirado
do cheiro que foi amado
Sentido enganador
que palpita imenso de calor
Temperatura, caricatura
do homem tornado escultura
Inanimado, ao teu lado
medo nunca partilhado
De falhar ao falar
de não falar como o mar
Que todos escutam
com olhares que exultam
As ondas de espuma
das quais quero guardar só uma
Aquela ali que rebenta
no mergulho que me tenta
Na dinâmica fluida que me envolve
quando sua força se resolve
E que, por fim, me salva
afogando-me na mesma valsa
Fujo, não tenho pé
e já voando na tua maré
Procuro a minha âncora
quero ficar a ondular no mar que perdura
Sob as minhas asas
pairando sobre as brasas
Tuas, minhas...
dando-te o mundo que já tinhas
Nada mais te posso dar
apenas te quero amar
Vem, corre para os meus braços
vamos sufocar nos abraços
Esperados, contidos
nos momentos vividos
Escondidos no segredo
que se tornou enredo
Das mais belas histórias
outros heróis procurando vitórias
Lutando contra fantasmas
dragões saídos de plasmas
Noites sozinhas...
...
...
...
Dizendo apenas o teu nome...
...
...
...
<br />RMC