14100
Relembro cada instante que vivemos,
Momentos tão felizes do passado.
Saudade no meu peito em alto brado
Recolhe os paraísos que tivemos.
O barco naufragando sem os remos,
Distante deste cais anunciado,
Quem dera se eu tivesse imaculado
O sonho que afinal, nós já perdemos.
Não posso te culpar pelos meus erros,
Se os sentimentos morrem nos desterros
Talvez quem sabe ainda tenha a sorte
De ter bem junto a mim, tua presença,
Saudade com certeza é tão imensa...
Na voz que reaviva o antigo corte...
1
Relembram o esplendor da fantasia
Imagens que vivemos, com certeza.
Estrada feita em rara pedraria,
Expresso o nosso amor, rara beleza.
Mostrando na avenida a valentia
Vencendo em destemor a correnteza,
Enredo que se fez em poesia,
Matando qualquer forma de tristeza.
O sonho desfraldando esta bandeira,
Resiste a qualquer cinza em quarta-feira
Na força de um passista coração,
Uma esperança vê de camarote,
Cavalo galopante, nega trote
Chegando à apoteose da paixão.
2
Releio no teu corpo, a mesma história,
Qual fora uma criança seduzida
Que mesmo que conheça de memória
Percorre a velha estrada conhecida.
E sabe que afinal, a sorte e a glória
Que tanto procurara pela vida,
Outrora dolorida e merencória
Conhece desde então uma saída
Ao torpe labirinto dos anseios,
Tocando tuas mãos, boca e seios
Eu sinto quão possível ser feliz.
Revendo a mesma senda deslumbrante,
No enleio sensual e provocante
Vontade de sentir e pedir bis...
3
Reinando soberana, continua
A intrépida ilusão que nunca cessa.
Imagem desdenhosa amarga e crua
Parece aos olhos tolos, a promessa
Dos brilhos argentinos de uma lua
Deitando mansamente sem ter pressa
Por sobre uma mulher que bela e nua
Desejo mais audaz vem e confessa.
Um sonho que demonstre além do nada
Que sempre me acompanha dia-a-dia
Tomado por delírio e fantasia
Durante a noite invade a madrugada
Raiando tão potente em claro sol,
Iluminando em glória este arrebol...
Marcos Loures
4
Regue as plantas, querida, com cuidado,
São elas testemunhas mais fiéis
De quanto tempo estive abandonado
Levando minha vida de viés...
Bem sei que tanto tenho reclamado
Saudade desta boca e dos seus méis...
Mas finja que isto tudo foi passado...
Não guardo uma amargura. Esqueço os féis.
Eu sei que te amo muito. Isso não nego.
Representas bem mais que imaginais.
Entre dores, amores, eu trafego;
Buscando explicação. Não sei de quê...
Só sei que ainda te amo. Amor demais.
Mas nunca pergunte mais por que...
5
Regresso do jamais eu tivesse ido
Apenas cacarecos do que fui,
Se a antiga fortaleza o tempo rui,
Não resta mais sequer um só gemido.
Amarro o coração com uma embira
E a porta escancarada já diz tudo,
Ainda trago o cenho carrancudo
Enquanto a vida passa e o mundo gira.
Mirando numa estrela; acerto o pé,
Melhor tirar de cena o meu boné
Do que seguir falando do passado.
Idéia de jerico; ser feliz?
Não quero mais saber se existe bis,
Tampouco seguir roto e destroçado...
6
Regresso ao paraíso deste encanto
Unindo o nosso canto em doce sonho.
Às vezes tão cruel, qualquer espanto
No morde parecendo ser medonho
Tirando num segundo o nosso manto...
Amada, não te esqueças que proponho
Um mundo mais suave e mais risonho
Distante do temível desencanto.
A nossa vida é plena de ventura
E disso não me esqueço, sabes bem...
Tu és a bela fonte d'água pura
Onde mato meu desejo e minha sede.
Por isso tudo digo; amada, vem,
Teu canto está guardado nessa rede...
7
Regressas ao jardim de nossa casa
E vês que nada muda de repente.
Arranco cada mal pela semente
Mas tudo o que se planta não compraza.
Se o tempo tolamente, já se atrasa
Estrada que seguia lentamente,
Vagando como fosse uma serpente
O bote preparado ferve em brasa.
Na tortuosa curva do passado
Tortura em agonia tem passagem.
Metade do que quero sem paisagem
Esquece outra metade aqui do lado.
Amar não é pagar mico, eu garanto,
Mas cheque sem dar prazo causa espanto...
Marcos Loures
8
Registros do que fomos, teu diário.
Demonstram quão inútil fantasia
Ao ler o que a saudade descrevia
Encontro um sentimento temerário.
Não foi talvez um conto do vigário,
São raros os momentos de alegria
No fundo nosso amor já não cabia
Morrendo sem luar, desnecessário...
Notícias não deixou, quem já partiu,
Usando da esperança como ardil
Não deixa como herança quase nada.
Agenda que encontrei nos teus guardados,
Apenas versos vãos, desencontrados
Mensagem ao vazio destinada...
Marcos Loures
9
Registro a cada olhar esta certeza
Que tanto me apascenta; és só minha.
Quando melancolia se avizinha
Eu bebo deste brilho, rara beleza.
Gerenciar a fonte e a correnteza,
Servir a quem transforma e mostra a linha
Aonde o pensamento; uma avezinha,
Encontra o seu destino com destreza
É tudo o que mais quero. E neste fato
Vencendo o dia-a-dia tão ingrato
Eu posso decifrar felicidade.
Assim, somos um só e juntos vamos,
Unidos pelo sonho, opostos ramos
Fazendo deste amor nossa unidade...
10
Regando o meu canteiro com teus versos,
Adubos encontrados nas palavras,
Cerejas entranhadas de universos,
As larvas afastando-se das lavras.
Lavando o meu olhar em poesias,
Aguando as ilusões com frases soltas,
Tenebras entre trevas, fantasias,
As ondas já não são tão mais revoltas.
Usando da esperança como anzol,
As águas turbulentas, pontes quebras.
Fantásticas manhãs sucumbem sol,
Mentiras empalhadas tu celebras.
E a cobra que prepara um novo bote
Sanguínea madrugada; dita o mote...
Marcos Loures
11
Regalo de minha alma, uma saudade
Enquanto me corrói, constrói um sonho
Das sombras traz a luz, a claridade
Que torna o dia-a-dia mais risonho.
Perambulando, eu sigo cada rastro
Deixado nas esquinas, nos botecos,
Meu barco encontra firme cada lastro,
Do que vivemos, loucos, velhos ecos.
Arcanas maravilhas são arcanjos
Que voltam do passado a nos dizer
Que a vida já nos trouxe bons arranjos
Nos quais nos embebemos de prazer.
Eu tenho esta impressão, qual cicatriz,
Mostrando que há algum tempo eu fui feliz...
Marcos Loures
12
Refugos do que fomos no passado,
São vestes que não cabem. As despreze...
O tempo pode ser teu aliado,
Por isso, as diferenças, sempre pese.
Que o corte nunca seja aprofundado
Que a faca do que fomos não te lese,
Não digo que futuro é belo prado,
Somente quero defender a tese
De que a vida merece ser vivida
Com olhos no amanhã. A cicatriz
Já representa a cura da ferida.
Moinhos só se movem com agora,
Talvez pensando assim, seja feliz,
Não use o que passaste como escora!
13
Reflorindo a primavera,
Dando nó em pingo d’água
Pego o rabo de uma fera,
Desafio qualquer mágoa,
Coração em louca espera
Nos teus braços já deságua...
Venha aqui para a tapera,
Mas não trague tua anágua
Tuas coxas são bonitas,
Merecendo uma mirada,
Neste amor não acreditas?
Seja nossa a madrugada
Recolhendo estas pepitas
Bela mina cobiçada...
Marcos Loures
14
Reflito o que não tenho e não sabia
Argúcia realmente, eu não possuo.
A solidão jamais permite um duo
A morte solitária se anuncia.
A boca que escancara a noite fria
Já não permite mais qualquer recuo.
Fingindo ser feliz, tão mal atuo
Que ninguém acredita- é fantasia.
Bebíamos em festa inesgotável
Sagrando o que sangrava em profusão.
Uma amizade mostra em tal fusão
O quanto a vida pode ser tragável.
Porém o tempo passa e nada resta,
Somente a solidão, dura e funesta...
15
Reflexos multicores reproduzem
Teus olhos espelhando o meu olhar.
Estrelas, pirilampos, todos luzem
Nessa vontade enorme de te amar...
Cada gota de orvalho em bela flor
Tua pele suada de prazer.
Reviras universos, tanto ardor,
Fazendo tanta dor já se esquecer...
Morrendo em tuas mãos, refaço a vida;
Sentindo teu carinho, já mergulho.
Em toda essa delícia repartida;
Sentindo deste amor maior orgulho.
Percebo tanta paz em nossa vida
Na bênção de te ter aqui, querida...
16
Reflexos do luar sobre esta cama
Prateiam a mulher que se espreguiça
A noite em maravilha já nos chama,
E o fogo feito em lua nos atiça.
Amar é poder crer que a noite em chama
Aumenta cada vez nossa cobiça
E vendo que o desejo nos reclama,
A sorte recomeça em cada liça
Mergulho nos teus sonhos, sou teu par
E danço a noite inteira sem parar,
Alvejo teu amor com fina seta
E ao atingir teu peito nada resta
Senão comemorarmos nossa festa
No amor com quem a vida se completa....
Marcos Loures
17
Reflexos de outros erros do passado,
Cevamos os abrolhos do futuro.
Do fim há tanto tempo anunciado,
Cravamos más sementes, solo duro.
Pisando no fantasma injustiçado,
Aumento pouco a pouco o enorme muro,
Gigante e intransponível alambrado,
Saída, na verdade não procuro.
E interno o coração neste gradil,
Que embora saiba ser imenso e vil,
No fundo me protege e me cerceia.
Matando o que podia ser o sonho,
Cenário desolado que componho,
Apodrecendo o sangue em cada veia...
18
Reflexo dos teus olhos
Espelho interior.
Distante dos abrolhos
Perfumas cada flor,
Desejos vêm aos molhos,
Prazer em nosso amor.
Janelas sem ferrolhos
No peito sonhador.
Traço passos e sonhos
Em dias mais risonhos
Distante dos medonhos
Momentos que vivera,
Amor em primavera
Amor em flores gera...
Marcos Loures
19
Reflexo deste sonho cristalino
Deitando sobre os mares da lembrança
Emanas o perfume mais divino,
Formado pelo aroma da esperança.
Nefastas madrugadas já se foram,
Deixando no lugar bela alvorada.
Desejos mais sublimes que se afloram
Permitem no caminho, uma guinada.
Na andança que me leve ao cais sereno,
Desvendo cada ponto de partida,
O quanto em alegria ainda aceno
Expressa quão pacífica esta vida
Que quero desde agora até o fim,
Marcando o que de amor resiste em mim...
Marcos Loures
20
Refletindo teus olhares
Neste céu onde me aninho,
Perdido buscando um ninho,
Bebendo em distantes bares.
Olhos tais crepusculares
Inebriam, doce vinho,
Nas cordas deste meu pinho
Serenatas aos luares...
Belezas raras que tece
Um coração numa prece,
Em busca das maravilhas.
Seguindo luzes fugazes
Estrelas que sempre trazes,
Por onde passas e brilhas...
21
Refletidos, seguimos flutuando.
No caminho arenoso que deixaste...
Desérticos tormentos enfrentando
Não há medo ou temor que não contraste...
Tuas bocas secretas, vou beijando,
Velejando caminhos velas, hastes...
Os incêndios soturnos, espreitando.
Não há loucuras santas nestes trastes...
Amores que não pedes nada enfim...
A mão que te machuca não te ampara.
A boca que me morde, sem carmim,
O resto do que fomos já não para.
A vida é bem melhor se for assim...
Agora dormiremos, minha cara...
Marcos Loures
22
Reflete-se no olhar tanto fascínio
Trazendo ao pobre vale o imenso cimo,
Tomado por tal luz, sob o domínio
Deste intenso clarão que quero e estimo,
Fator determinante, um vaticínio
Dizia deste sonho em que ora primo
Vencendo qualquer forma de escrutínio
Sem ter nem procurar carinho ou mimo
Apenas por saber deste planalto,
O coração tomando-se de assalto
Prepara a fortaleza, esquece o abismo.
Qual fora um navegante sem destino,
Vagando entre as estrelas, me alucino,
E em senda fascinante teimo e cismo...
23
Refletes nos espelhos semelhantes
Disfarces, me traduz um doce luto...
As dores mais amigas, viajantes,
Lapidam nosso amor, que fora bruto...
Etílicos humores delirantes,
Se fazem mais cruéis mas sou astuto,
Não deixo penetrar, inebriantes...
As chagas, minha perna sei, amputo...
Estagnado, vencido e sem pudores,
Amor se defenestra e decompõe,
Exala maus perfumes, seus humores...
Versejo persevero e não me caibo...
No barco a solidão meu rumo põe...
Procuro novo mundo... Maracaibo?
24
Refletem o teu brilho, bela estrela,
As águas deste mar, em calmaria.
Pois sabem que somente por revê-la
As ondas comemoram; alegria...
Milhões de pequeninas florescências,
Gotículas de lágrimas percebem
As saudades, terríveis inclemências
Que as ondas deste mar de ti concebem...
Estrela radiante, perolada,
Penetra bem no fundo do oceano,
Revendo-te, a lembrança bem marcada,
Do lume que traduzes; soberano...
Amiga; com certeza essa emoção,
Já sente ao te rever, meu coração...
14125
Reflete sobre a rosa a bela lua,
Trazendo nos seus raios, tal encanto
Desfilando no céu, perfeita e nua.
Transfere todo brilho p’ro meu canto...
Ó lua mensageira de esperança
Meus versos te buscando, sem cansaço.
Nas pétalas da rosa, a lua dança,
Formando um belo quadro, traço a traço...
Invade, pois, minha alma, lua amada...
Traduz tanta beleza em seu fulgor
Espero por seus braços, madrugada,
Na lua vou banhando meu amor...
Minha alma na tua alma continua,
Por isso estou te amando, bela lua...
26
Reflete cada aborto em minha vida
As lágrimas perdidas sem sentido.
Do quanto nosso amor mal resolvido
Demonstre a cada instante a despedida.
Por mais que a solidão venal agrida
Eu tento disfarçar, mas não duvido
Que tudo se perdendo em vão olvido
Um falso diamante se lapida
Erguendo em frágeis bases meu castelo,
O quanto desejei ora revelo,
Malhando tão somente em ferro frio.
Carpindo as ilusões que são fiéis,
Amargo em agonia doces méis
Os potes dos prazeres esvazio...
Marcos Loures
27
Reféns do amor imenso que nos toma,
Fazendo desta vida, glória e paz,
Dois corpos multiplicam cada soma
E a vida nos propõe um canto audaz
Quebrando a solidão, já sem redoma,
O manto da alegria, a noite traz,
Felicidade imensa então se assoma
E toda fantasia satisfaz.
Constelação divina, rara e bela,
Deitando em minha cama, reina a estrela
Que faz de cada verso, um brilho raro,
Vibrando de emoção vou e recolho
Florada de ternura em cada molho,
Moldando amor perfeito que declaro...
28
Reféns deste desejo que não cessa,
Meu corpo se arrepia quando vê,
Mulher maravilhosa que é você,
De todo este prazer, doce promessa.
Vem logo que esta noite já começa
Com fome bem além do que se crê,
Deitando na casinha de sapê
O gozo mais audaz, o amor confessa.
De um jeito sem vergonha e sem pecado,
O amor que a gente quer bem mais safado,
Não deixa mais sequer algum marasmo.
Balança esta roseira devagar
Que a gente mansamente vai chegar,
Juntinhos à loucura de um orgasmo...
Marcos Loures
29
Reféns desta loucura, minha amada,
Bebendo do teu corpo cada gozo,
A noite se entregando à madrugada
Fazendo o nosso amor bem mais gostoso,
Eu quero mergulhar de alma lavada,
Tocando cada ponto, bem fogoso.
Amor passando a ser da minha alçada
Fazendo este caminho fabuloso.
As chamas que se emanam de nós dois,
Fagulhas neste incêndio do depois
Provoca em temporais o relampejo.
Sentindo a perfeição de teu perfume
Da imensa cordilheira, além do cume
Acolho o teu carinho em meu desejo
30
Reféns de um mesmo encanto, em cantoria,
Uníssona vontade que nos toma,
O amor sendo maior; suplanta a soma,
Multiplicado em paz e em harmonia.
Serenidade plena propicia
E até à besta fera, vem e doma,
Protege como fora uma redoma
Instransponível. Forte, me irradia.
Excertos de cantigas e luares,
Delírios entre loas e sonetos.
Toando pelas ruas, mesas, bares,
Expressa o quanto é bom ter o que eu quis.
A cada noite; imerso em tais duetos,
Eu sinto-me deveras tão feliz...
31
Refém destas quimeras tão antigas,
Nas ondas deste mar interminável.
Nos recitais da morte, nas cantigas,
Sabendo deste amar inesgotável.
Nos tenebrosos vales da incerteza,
Suado, sem sentido, quase morto.
Sujeito às vãs loucuras da tristeza,
Sem ter, nem madrugada, ao menos; porto.
O mar que, ao longe, brame, violento;
Trazendo, em sua voz, meu infortúnio.
Revolto sob a luz do céu cinzento,
Saudoso desta noite em plenilúnio...
Refém das ilusões da mocidade,
Ancoro em meu amor, tua amizade...
32
Refém da compulsão que diz amor,
Em versos e palavras, pensamentos
Embora tantas vezes os lamentos
Precedam solução em rara flor.
Aflora em minha pele os sentimentos
Que me fazem ser simples trovador
Na busca do ideal, um sonhador,
Que teima em ter teus beijos como ungüento.
No imenso regozijo de ser teu,
Meu sonho se cumprindo docemente,
Quem teve a fantasia e a perdeu
Não sabe como é bom ser eloqüente
Ao defender com força uma alegria,
Mesmo que seja só em poesia...
33
Refaz do desencanto, a fantasia,
O verso sem os quês de uma esperança
Por mais que a noite surja clara e mansa
Saudade martiriza em agonia.
Ao mesmo tempo, maga, me inebria
Se num segundo volto a ser criança
Ao mesmo tempo falta a temperança
E a noite novamente assim se esfria.
Imagem de um sorriso, outrora oculto,
Este fantasmagórico e vil vulto
Caminha pela casa novamente.
Atando nos meus pés, velhos grilhões,
Causando do vazio, comoções,
Felicidade foge, totalmente...
Marcos Loures
34
Refaço o meu caminho, novamente,
Arrancando os espinhos vida afora.
Espero que inda encontre e sem demora
O que busquei outrora, inutilmente.
Por mais que a solidão inda se sente
O cheiro da esperança ora se aflora,
Não quero mais tortura, esqueço espora
Deixo o barco correr, naturalmente.
Invoco o que passei por testemunha
E em cada novo verso que eu compunha
Não punha nem um pouco de verdade.
Eu sinto o vento fresco da manhã
Tornando bem mais fácil meu afã,
Meu verso segue em plena liberdade!
Marcos Loures
35
Refaço o meu caminho dia-a-dia
Usando os velhos truques do passado,
Deixando a fantasia já de lado,
A sorte que eu desejo, o tempo adia.
Meu tempo de viver que se abrevia
Enquanto vejo ao longe este alambrado,
Deveras estaria acostumado,
Porém o coração diz teimosia...
Sanando os meus enganos e pecados,
Os olhos encharcados nada vêm
E quando este vazio me contém,
Ouvindo dos poetas, os recados,
Acendo esta fornalha e faço um verso
Que segue e vai sem rumo, em vão, disperso...
36
REFAÇO NOSSO AMOR EM PRIMAVERA
DAS FOLHAS QUE VIERAM FORMO FLORES,
A VIDA NOS TEUS BRAÇOS, QUEM ME DERA,
DEITANDO NO TEU COLO, MEUS AMORES...
SENTINDO TUAS MÃOS TÃO DELICADAS,
FAZENDO DOS TEUS BRAÇOS, PORTO E CAIS...
AS FLORES QUE SE FORAM, DESCORADAS,
NÃO VOLTAM E NÃO QUERO NUNCA MAIS...
ÉS MANSA FONTE EMBORA TÃO BRAVIA.
TE QUERO E NÃO DISCUTO MAIS, PROMETO.
PASSAR VIVENDO EM TUA COMPANHIA,
O QUE RESTAR DO SONHO MAIS DILETO.
AMOR QUE É TEMPESTADE E CALMARIA.
VIVENDO DESTE AMOR, VOU TODO DIA...
37
Refaço cada passo no teu rastro
Atravessando ruas e países
Seguindo com certeza amor qual astro
Que muda num segundo estes matizes.
Atiças as vontades mais audazes
Em liças e batalhas prazerosas,
Todos os desejos satisfazes
Dourando meu caminho enquanto gozas.
Vencido sem ter chances de lutar
Embarco neste sonho, sou cativo
De toda esta loucura a te buscar,
Querida o tempo inteiro, sempre vivo.
Quarando nossas roupas no quintal
Do sonho que é perfeito e sem igual...
Marcos Loures
38
Refaço a caminhada de outras eras,
Revendo as pedras todas, os espinhos.
Na ausência de conforto e sem carinhos,
Atrás de cada passo, frias feras.
Amores e amizades, só esperas,
Os dias pardacentos, pois sozinhos,
Do amor que tanto eu quis, nem burburinhos.
Os sonhos tão tristonhos, são quimeras.
Mas hei que ao perceber tua chegada,
A vida se mostrando transformada
Permite um novo alento, fantasia.
Envolto nos teus braços, sou feliz,
O céu se torna claro e nunca gris,
Encontro finalmente, esta alegria...
39
Redimes com a rede de teus braços
Os erros cometidos no passado,
Tecendo a cada dia novos laços
Eu vejo o amanhecer anunciado.
O amor não suportando enunciado
Estende em mansidão, sentidos lassos,
Até chegar incólume aos espaços
Deixando a solidão sempre de lado.
A voz que se embargando em poesia
Criando a solução que quero e anseio
Nas mãos de uma esperança, o fogo ateio
Fartando-me depois desta alegria
Que enquanto sonhador tanto queria,
Deitando o meu prazer sobre teu seio...
Marcos Loures
40
Redemoinhos giram carrossel
Princesa adolescendo qual bacante
Deixando como um rastro feito em mel
Aborda o seu centauro ao mesmo instante.
Rodando nas roldanas, nos moinhos,
Baladas embalando lisergismos
Alucinadamente trama vinhos
Causando mais furores, sinergismos
Cataclismos provoca, ebulição
Calcinha à mostra leva a tempestade
Poder que sempre traz transformação
Moleca desfilando mocidade
Ficante oficial do condomínio,
Amor exerce sempre o seu fascínio...
Marcos Loures
41
Revolvo toda a terra e todo o mar
Em busca de quem foi e não voltou.
Às vezes eu me canso de esperar;
Bem sei que tanto tempo já passou...
Amar assim, demais, não vale a pena.
Eu sei que esses meus versos são esparsos.
Saudade, de repente vem e acena
E grito, por seu nome, nos espaços...
Amiga, como é bom saber que existe
Alguém que sempre está junto comigo.
Não deixe que essa vida, sendo triste,
Acabe em tanto mal e desabrigo...
Eu peço, te implorando, minha amiga.
Impeça que esta busca vã prossiga...
42
Reverto meu soneto, reverbero
Concerto que se fez jamais espero
Aperto que me deste eu não venero
Desperto para o mundo que não quero
Sensos encilhando meu futuro
Imensos os ladrilhos deste muro.
Tensos os momentos, vou escuro,
Pretensos os delitos que perduro.
Inatos sentimentos são remotos
Versando sobre restos inauditos
Retratos esquecidos terremotos.
Alçando tantos vôos infinitos
Recatos diluídos nestas fotos
Mostrando estes teus seios tão bonitos...
43
Reverso da medalha, o pesadelo
Que toma este cenário tão sombrio.
O amor que tantas vezes fantasio
Não posso e nem talvez queira mais vê-lo.
Quem dera se inda houvesse algum degelo
Negando a sensação de imenso frio,
Promessa de um vindouro e bom estio.
Não tenho nem mais forças pra contê-lo.
Enfadonhas palavras, lavra o peito
As larvas do passado ressurgidas
Nas carnes pelas dores carcomidas,
Dizendo do vazio em que me deito.
Ressonam esperanças mal urdidas,
Há tanto apodrecidas, vãs, perdidas...
44
Rever este caminho que fizemos
Em busca deste espaço que sonhamos.
O medo de viver, nós já perdemos,
Agora somos mais do que pensamos.
Estrada pavorosa da tristeza,
Bem sei que tão difícil,tão escura.
Deslinda nesta lua uma beleza,
Premente de calor e de ternura.
Não temo mais a dor, sou infinito
Neste amor que não me cobra.
Teus olhos, toda noite, vou e fito,
Minha alma de prazeres se desdobra...
Palpita um coração tão desejoso
Que sabe, deste amor, ser orgulhoso...
45
Roubando de teus lábios doce mel,
Amada me encantaste totalmente,
Sabendo que ao te ter eu ganho o céu,
Eu quero me entregar completamente.
Ao colo tão macio e desejado,
Dormir sem ter sequer medo de nada,
No sonho deste amor acalantado
Uma esperança santa acalentada...
Felicidade aos molhos eu colhi
Depois de ter achado tais abrolhos,
Na claridade intensa que só vi
Na beleza sem par destes teus olhos...
Eu quero teu carinho e nada mais,
E a noite do meu bem prossegue em paz...
46
Roubando da alegria o farto mel
Meus sonhos embalados pelo canto
Da Musa que se fez em claro véu
Tomando esta amplidão em raro encanto.
Por tanto que eu te quero e sempre quis
Eu sinto que terei a boa sorte
De ser e perceber bem mais feliz
A vida que se dá em novo norte.
No aporte deste sonho dentro em mim,
Mergulho nas fagulhas, ganho o mar
Alvíssaras encontro no jardim,
Nas flores de beleza já sem par.
Nas leves transparências posso ver
Um mundo que permite mais prazer...
Marcos Loures
47
Roubando a cada volta o teu batom
Na dança interminável noite afora.
Ouço maravilhado o belo som
Que em toda melodia já se aflora.
Temperos deste sonho sem ter fim,
Sobejas emoções nos decorando,
Alentos que se espalham no jardim
Do tempo sem ter onde, quanto ou quando.
Não quero descaminhos nem mortalhas
Apenas o sorriso promissor
Desejos preciosos quando atalhas
Expressam perfeição em nosso amor.
Bebendo cada gota de suor
Prevejo um mundo novo e bem melhor.
48
Roubado neste sonho, uma utopia;
O gosto da morena sensual.
Vertendo em minha cama a fantasia
Do gozo prometido, sem igual.
A boca que me roça e que me entesa
Expressa a maravilha a cada toque,
Amor que a gente quer e que se preza
Vem de mansinho e nunca de reboque
Cadenciando o passo chego já
Trazendo o coração porta estandarte
A vida neste instante brilhará
Reinando a fantasia em toda parte
Bebendo deste amor que não tem fim,
Em pétalas divinas, meu jardim...
Marcos Loures
49
Roseiral da Solidão
Deixei uma rosa triste.
A conheci em botão,
Bela rosa não resiste,
A amargura deste chão,
A dor no meu peito insiste
Não deixa outro jeito não
Natureza chora, assiste
Essa rosa na roseira
Esperei a vida inteira
Meu amor nunca chegava
Rosa não desabrochava
A solidão matadeira
Meu amor assim, matava...
Marcos Loures
14150
Rosas que talvez digam espinhos
Espero a primavera que não veio,
Meus olhos caminheiros tão sozinhos,
Inútil solução, mágoa ou receio.
Sonhando com teus lábios, doces vinhos,
Vislumbro em fantasia cada seio.
O amor escreve em frágeis pergaminhos
Deixando por resposta um ar alheio.
Ouvindo uma balada noite afora,
Apenas ilusão inda decora
Sem cores e perfumes meu canteiro.
Quem dera se eu tivesse entre meus dedos,
O fio da meada, teus enredos.
Porém não resta mais sequer teu cheiro...
Marcos Loures
51
Rosas brancas vertidas em sanguíneas
Estorvam meus caminhos pueris,
Quem sabe se seguisse essas alíneas
Talvez, em conseqüência, mais feliz.
Recordo dos pilares da existência
Quando em tramas inocentes não temia
Agora não concebo consistência
Na boca perfumada e tão macia...
As aves que trouxeram meus caminhos
Depuram cada vez mais a mortalha
Sabendo que me perco em tantos ninhos,
Apontam para o campo de batalha...
As rosas que enrubesces com desejo,
Forjando, martirizam meu versejo...
Marcos Loures
52
Rosácea maravilha em orifício
Que se abre aos meus desejos e carinhos
Depois de certo tempo, um belo vício
Feito defloração nos mesmos ninhos.
Um belo cu se ganha e se conquista
E quando se arreganha, um rei supremo,
Que faz tão bem ao gozo quanto à vista
Ao vê-lo, eu sou sincero ainda tremo
E penso nas batalhas e rodeios
Nos não que temerosos tanto ouvi,
Não são oferecidos como os seios,
Na guerra que ganhei, também perdi
Na busca dos prazeres me alucino
Ao ver da fêmea o cu, não me domino...
53
Rosa, dos meus amores mais divina.
Trazendo em teu perfume minha sorte.
Uma gota de orvalho cristalina
Nas pétalas brilhantes, como és forte!
Eu quero anoitecer em teus carinhos,
Ó rosa melindrosa e tão risonha...
Embora encontrarei, em ti, espinhos.
Com teus olhos mais belos, alma sonha...
De todas essas flores que colhi
Na comprida jornada desta vida,
Os melhores aromas, só em ti.
És minha rosa amada e tão querida...
Porém eu sei por certo como és rosa,
Além da maravilha, perigosa...
54
Rosa vermelha diz do bem querer
Rainha dos jardins, ó bela flor
Perfuma derramando o seu prazer
De fogo avermelhando o meu amor.
A lua sobre os montes ao nascer,
No sol avermelhado, um refletor
Mostrando que esta noite vamos ter
Na cama, tanta chama, intenso ardor.
A boca avermelhada, carmesim,
Tocando minha boca vorazmente
Um coração vermelho bate assim
Depressa sem juízo, inconseqüente.
Eu quero teu amor só para mim,
Que a noite se avermelha em sangue quente...
Marcos Loures
55
Rosa branca da paz no teu perfume
Encontro meu desejo de carinho.
Aos sítios de minha infância brilho e lume
As asas me levando, passarinho...
Terrível dor profunda foi capaz
De destruir meus sonhos, esperanças.
Porém esta lembrança a rosa traz:
Folguedos e brinquedos de crianças.
“Eu era tão feliz e não sabia”,
A terra da poesia em mim morava,
Sonhando com amor em fantasia
Estrelas, tantas noites, eu contava...
A rosa branca, rosa da amizade,
Ensina-me a viver em liberdade!
56
Ronrona em minha cama uma angorá,
Fazendo do meu colo um manso ninho,
Cercada de vontades quer carinho
E sabe que decerto encontrará
O que deseja sempre e desde já,
Mudando num momento o meu caminho,
Do amor que se fizer sem burburinho
Beleza que jamais houve por cá.
E assim, em fartas doses de ternura,
A gente não se cansa e quer bem mais.
Na sensual promessa, esta mistura
Nos pelos desta gata, passo os dedos,
Enquanto sutilmente ronronais
Desvendo em noite clara os teus segredos...
Marcos Loures
57
Rondas noturnas? Sigo tal a lua,
Vagando em fases tantas, várias faces,
Minha alma guerrilheira continua,
Metamorfoseante, quer que abraces
E foge mal surgindo outra alvorada,
Ofusca estes faróis e me entontece.
Às vezes noutras formas disfarçada
Demoníaco rito feito em prece.
Expondo este mosaico que carrego,
Nefastas maravilhas sobrepostas,
E quando Id sobrepõe-se ao Super-Ego,
A lua se escondendo atrás de encostas
Mimetizado, vivo entre estes nimbos,
Adentro; sorrateiro, Céus e Limbos...
58
Rondando toda noite, em sedução
Qual fora uma falena em forte lume,
Persigo tua pele, o teu perfume,
Em versos verdadeiros, emoção.
Fazendo desbravar cada rincão
Do peito em se sonha e se presume,
A sorte de viver em ti resume
Vibrando bem mais forte esta paixão.
Erguendo este troféu, amor intenso,
Escolho cada verso pra dizer
Do quanto borbulhando, vai meu ser
Nos olhos de quem amo, e sempre penso.
Sabendo que encontrei felicidade,
Navego neste mar, tranqüilidade...
59
Rondando sem sentido noite afora
Vestida da esperança, seu direito...
Por certo toda a noite colabora
Sem ter o teu amor mais satisfeito.
Repare como a lua não demora,
Repare como o mundo é do seu jeito.
A pele descorando, amor aflora
E toma quase tudo, contrafeito...
Amiga; não se iluda com teus medos;
São vários os caminhos para o amor.
Desvenda sem temer os seus segredos
Se vista de energia e de vigor.
Amiga, amor nos traz uma energia,
Que sempre se alimenta, em fantasia...
60
Rondando por platéias mais diversas
Persigo nosso espaço entre as estrelas.
Nas vozes que desprezas, nas conversas
Que sei que não terei como contê-las.
A velha sensação não se aproxima
De ter a solidão por sobre a mesa.
Retumba em meus ouvidos tanta rima
Mas sinto que somente em ti, beleza...
Nos sons apaixonantes do universo
Imensas profusões de sentimentos.
Receba sem disfarce esse meu verso
Que imerso nos sentidos, solto aos ventos.
Amor que tanto sinto inebriando,
Aos poucos, sem poupar, me arrebantando
61
Rondando este cometa sobre nós,
Globo da Morte; roda e nunca pára
Enquanto a nossa sorte for feroz
O beijo não sossega, e antepara.
As mãos que se entranhando, atam nós,
Não deixam que esta vida siga amara,
Amarro meus desejos, ouço a voz
De quem adormeceu em noite clara.
Aclaras com teus beijos, meus caminhos
Estradas estendidas no quintal,
A roupa da esperança no varal
Quarando em mansidão. Mature os vinhos
E venha para a festa, não discuta.
Da boca deste amor, mel e cicuta...
Marcos Loures
62
Rondando pesadelos, noite intensa
Antigas tempestades ressurgindo,
O amor que imaginara ser infindo
Deixando a solidão por recompensa.
Vazia minha adega, na dispensa
As mesmas ratazanas poluindo,
Únicas comensais. Dever cumprindo
A morte em treva amarga fria e densa.
Correntes arrastadas pela casa,
Lareira se esvaindo em tosca brasa
E o tempo sem descanso corre à solta.
Relógio não se atrasa, o fim é certo,
Sequer um vento agita este deserto,
Minha alma ensandecida está revolta...
63
Rondando pelas noites te procuro,
Meu tempo vai perdido nestes bares...
Mergulho neste mundo tão escuro,
As noites que sonhei perdem luares...
Intrigas e mentiras, tudo aturo,
Te procuro por tantos vãos lugares...
Noite fria, cansaço, esse chão duro,
Talvez possa te achar nesses altares!
Não quero descansar, sou insensato...
A sede que matei neste regato;
Amores que percebo foram loucos...
Momentos de ternura, são bem poucos.
As hóstias que me deste foram santas...
As bocas que profanas já são tantas!
Marcos Loures
64
Rondando o paraíso te encontrei
Um anjo delicado e sensual.
Sorriso de menina... eu me entreguei
Paixão tomando tudo. Sem igual.
Nos mares de teus braços mergulhei
Num colo tão fogoso e magistral
E nas asas deste anjo eu me levei
E o paraíso abrindo o seu portal
Deixou que eu adentrasse num momento.
Que é rápido, bem sei, mas mavioso.
Numa explosão sem par, meu sentimento
Num incontido e forte; louco gozo.
E o anjo sorridente quis bem mais.
Eu não te deixarei – anjo- jamais!
Marcos Loures
65
Rondando nos botecos noite afora,
Apenas na sarjeta encontro abrigo,
Disfarço e vou fingindo que não ligo,
Meu corpo em várias camas, busca, ancora...
Refém desta vontade, sem demora,
Vislumbro em novo amor velho perigo,
Verdugo de mim mesmo; assim prossigo,
Buscando o que a saudade rememora.
Adubo a fantasia com teu sexo,
Tentando refazer com algum nexo
A vida que se perde, pouco a pouco.
A par deste vazio que hoje sou,
De tudo o que eu já tive só restou
Lembranças que me tornam quase um louco...
Marcos Loures
66
Rondando em noite intensa, vinho e gim,
Bêbados caminham sem destino
Não sei e nem desejo crer se vim
Por ter apenas medo, e me alucino.
A dama quer a cama de cetim,
E o velho debochando do menino,
Afaga a velha rosa sem jardim
E em plena madrugada, desafino.
Acosso os meus espectros, rio deles,
E visto as mais incríveis, podres peles
Uma fantasmagórica figura
Andando pelos becos e botecos,
As vozes não escutam mais seus ecos
E teimo nesta insana e vã procura...
67
Rondando a minha vida, antiga imagem
Da moça que se foi e não voltou.
Agrisalhando em dor a paisagem,
Esqueço por que vim, para onde vou.
A sombra do passado, uma miragem,
Tomando este cenário dominou
Qual fora simplesmente uma mensagem,
Por um momento apenas. Acabou...
Ouvindo os passos teus subindo escada,
Parece que foi ontem... Merencória
A lua se escondendo não diz nada,
Imersa na neblina, me abandona.
E todo o meu passado vem à tona
Na noite que se esvai, a minha história...
Marcos Loures
68
Rompi com os grilhões do meu passado
Ao ter em meu caminho,a redenção
De quem há tanto tempo em ilusão,
Meu canto se fez louco, enamorado.
Ao ver o teu sorriso iluminado
A vida veio em tua direção
Não tendo mais sequer opinião
Meu peito se mostrou hipnotizado.
Agora que percebo estás comigo,
Em ti nas noites frias eu me abrigo
Fazendo de teu corpo manto e luz.
O verso que te faço não renega
A vida que ao teu lado já se apega
Em toda magnitude, amor traduz...
Marcos Loures
69
Romper tuas defesas e invadir
Os mais sublimes cômodos da casa.
Num frêmito fogoso que ao sentir
No teu doce rocio já se abrasa.
Tocando esta umidade com meus lábios,
Roçando a tua pele, seios, pernas.
Os dedos em carinhos fartos, sábios,
As horas vão passando, loucas, ternas...
O furioso vento dos prazeres
Encharca a nossa cama e nos lençóis
Suores que se exalam de dois seres
Rebrilham muito além de vários sóis.
Numa explosão conjunta, o Paraíso
Chegando de repente, sem aviso...
Marcos Loures
70
Rompendo sem juízo as madrugadas
Sem lastros, naufragando imenso mar
Delícias sem fronteiras desbravadas
Permitem que se entregue sem pensar.
Não quero conceber qualquer juízo
Que possa desviar o nosso rumo.
Bebendo em tua boca de improviso
Timão deste saveiro – amor- assumo.
Navegador de sonhos e delírios
Enceto no oceano esta viagem
Deixando no passado alguns martírios
Desfruto esta sublime paisagem.
A sorte a quem se quer não desengana
Sabendo ser a lua, uma cigana...
Marcos Loures
71
Rompendo para sempre tais grilhões
Que podem transtornar a caminhada,
Envolto nas sublimes sensações
Amor já não permite a derrocada.
Na calmaria a força da atitude
Que trama com pureza esta festança.
Amor quando perfeito em plenitude
Permite que se encontre a temperança.
Primeiro amor; ensaio para a peça
Uma obra prima sempre caprichosa
A cada temporada recomeça
A formidável cena fabulosa
Buscando em todo ensaio, a perfeição
Fantástico delírio em explosão...
72
Rompendo estes grilhões que nos atavam
Aos dias infelizes que tivemos
Os olhos em delícias já se lavam,
Do gozo da alegria enfim sabemos.
Sem ter tua presença, o que serei?
Apenas um saveiro sem destino,
O quanto tantas vezes procurei
Deixado para trás em desatino.
A noite sem estrelas, mar desértico
A vida sem sentidos, dor imensa,
Enigma que se fez demais hermético
A luta sem vitória ou recompensa.
Um canto sem respostas vão; vazio
Inverno que se dá sem ter estio...
73
Rompendo em negras nuvens a alvorada
Promete tanta luta neste dia,
Além do que o profeta predizia
A força da batalha trama a espada.
Quem quer uma esperança enluarada,
Faz do sonho além da fantasia
Motivos para a glória em alegria,
E vence, com vigor, a dura estrada.
Porém, a luta insana e sem motivos,
Trazendo estes olhares mais altivos,
Derruba num momento qualquer haste.
Entregue à ventania, uma ferrugem
Criada pelas trevas que assim rugem,
Condena a nossa vida a tal desgaste.
Marcos Loures
74
Rompemos desde já tantas algemas
No canto libertário que nos guia.
A vida que se mostra em mil problemas
Encontra na esperança a fantasia
E deixa toda a dor que antes tivera
Adormecer num canto desta casa.
Deixando bem distante a dura fera
A sorte renascendo em mansa brasa.
O medo de viver tanto maltrata
Aquele que não sonha e nem percebe
O quanto se permite e se resgata
O bem que uma alegria já concebe.
Do verso que se fez em solidão
Renasce bem mais forte uma ilusão.
Marcos Loures
14175
Românticos desejos, velhos sonhos,
Melífera expressão do querer bem.
E quando o pesadelo, à noite, vem
Voláteis emoções, ritos medonhos.
Os olhos mareados e tristonhos
Clamando por resposta deste alguém
Distante. Continuo tolo, sem
Ter estes momentos mais risonhos.
Saudade de quem foi e não voltou.
Mergulho no passado e agora sou
Apenas um espectro, nada mais.
Ouvir a voz do vento que velando
Avisa que o futuro, desabando,
Tornou bem mais distante ansiado cais...
Marcos Loures
76
Românticos de Cuba na vitrola,
A dança costumeira da ilusão.
Se o tempo de viver não foi agora,
Deixando os meus pedaços pelo chão.
Cavando a sepultura sem demora,
Espero o que não tem mais solução
Raiando o sol que ainda diz aurora,
Percebo que não tive esta intenção
Seria o que faltasse se inda fosse
O poço aonde pude recolher,
Ao gosto do freguês, sou agridoce,
Mas tendo este jiló há tantos anos,
Levado pela dança pude ver
Depois das fantasias, desenganos...
Marcos Loures
77
Romântico, romântico, romântico!
Rasgando o coração, esqueço a vida...
No canto, teu encanto, no meu cântico,
A lua dos amores, sei perdida!
Nos céus explodirei; sincero, quântico.
No mundo dos meus sonhos, preferida,
Nos mares dos meus mundos, onde, atlântico,
Espero a tua volta em despedida...
Te procurei nas ânsias do viver,
A quimera expressando minha dor,
Singulares desejos sem prazer
Guardando esse infeliz como um vulcão;
Desesperança explode, qual tumor;
Meu peito, amargurado coração!
78
Rolávamos na noite em frenesi,
Dançávamos felizes nosso jogo.
Tua nudez tão bela distingui
Trazendo tal delírio em tanto fogo...
Trocávamos carinhos mais audazes,
Te percebia inteira, do meu lado.
As bocas canibais sempre vorazes
Dois ases, nestas asas, doce fado.
Desejávamos sonhos tão incríveis;
De tantas emoções, sobreviventes.
Voávamos com asas impossíveis
As bocas se pediam, lábios, dentes...
E víamos o sol perto da lua,
No eclipse deslumbrante, alma flutua...
79
Rolando, sideral invade a cama
Estrela tão vadia e delicada,
À lua em fonte clara já me inflama
Deliciosamente alucinada.
Reféns desta loucura; vamos fundo
Girando em carrossel, prazer e gozo,
Vibrando um sonho audaz e vagabundo
O tempo vai passando tão gostoso
Libidos e vontades, mil desejos,
Nos cantos deste quarto, nossas vestes
Por cima dos lençóis, os relampejos
Delírios multicores que me destes
Tocando mansamente os meus sentidos,
Caminhos em loucura percorridos...
Marcos Loures
80
Rolando pelos céus, raros novelos.
Descendo em lantejoulas fulgurantes
Tocando a maciez de teus cabelos,
Espalham tanta luz que por instantes,
Na louca sedução, já posso vê-los
Reinando sobre a terra, deslumbrantes.
Tramando em cada face mil sorrisos,
Esplêndidas, divinas fantasias,
Nos lumes que se mostram; os avisos
Prometem transformar os novos dias
Em dias mais felizes e precisos,
Vivendo as mais sublimes alegrias.
Em cada mão percebo um manso aceno,
Dourando nossa vida em amor pleno...
Marcos Loures
81
Rolando pelas vagas, velhos mares,
Armadas de delírios e desejos
Sereias e serpentes nos luares,
Entregam-se ao amor, profanos beijos...
Netuno em desespero, enciumado,
Espera da sereia um vão carinho.
Depois de tantos anos de noivado,
O deus sabendo a dor de ser sozinho...
A serpe enluarada nada teme
Encontra na sereia um belo par,
O mar numa tsunami, em ondas treme,
Explode em mil orgasmos, ao luar
Que assiste calmamente o desenlace
Das caudas desejosas, no entrelace...
82
Rolando neste amor qual fosse um seixo
Que desce pelos rios da esperança,
Do sonho mais disperso, não me queixo,
Pois tenho enfim, contigo uma aliança.
O rumo que encontrara em tal desleixo
Agora em novo canto, a vida alcança
Carinhos que me trazes, doce feixo,
Promessa tão ditosa de mudança....
Um cego se debruça em seu cajado
Assim como eu procuro o teu apoio,
Matando no final, amargo joio,
Restando calmamente do teu lado,
Encontro em teu amor, sinceridade,
Forjando na prisão, a liberdade...
83
Rolando nesta cama, mil prazeres
Decoram nossa noite iluminada,
Expondo nossos íntimos poderes
Na chama que se mostra, extasiada...
É festa que promete em mil talheres
Banquete tão frenético, sem par.
Serei aquilo tudo o quiseres,
Apenas se permita viajar...
Me entrego aos teus desejos mais ardentes,
E quero que tu sejas toda minha,
Correntes do pudor; peço, arrebentes,
Que a nossa vida em êxtase, se alinha...
Te quero exposta e crua em nossa cama,
Que o fogo delicado já se inflama...
Marcos Loures
84
Rolando nessa cama, gozos vários
Lambendo o teu grelinho, te chupando.
Orgasmos maviosos, necessários
Enquanto em fogaréu, nós dois gozando.
Teus seios em meus lábios, teus mamilos,
Brincando com a xana molhadinha,
Fudendo em variados, bons estilos
Eu te tenho fogosa e toda minha.
Engole o meu caralho, esta buceta
Que tanto desejei sem ter pudores.
Desfilas o teu corpo de ninfeta
Sacana se entregando em mil fulgores.
Na bela e tão fantástica paisagem
A noite se transcorre em sacanagem...
85
Rolando nas escadas dos meus sonhos
Após ter vasculhado a casa inteira;
A mão que tantas vezes foi ligeira
Na busca de horizontes mais risonhos
Cerzindo de momentos vãos, tristonhos,
Alcança esta esperança derradeira
De ter, ao fim de tudo, a companheira
Que impeça pesadelos tão medonhos.
Abertas, as janelas do meu peito,
A brisa que me deixe satisfeito
É feita nos recônditos de uma alma
Sincera e mais serena. Encontro em ti
Aquilo que; tenaz, eu persegui,
E assim, tua presença já me acalma...
86
Rolando como os astros neste céu
Deixando um livre rastro luminoso.
Alçando neste mastro um branco véu
Rompendo qualquer lastro temeroso...
Alvura de alabastro, teu sorriso,
Meus sonhos nunca castro, liberdade...
Te quero neste casto paraíso,
Amor demais não gasto com saudade...
Teu peito fez um pasto do meu peito
E todo teu repasto foi bendito.
Não penses que me afasto satisfeito,
Nem mesmo que me basto. Estou aflito...
Te quero, nosso amor seguindo os rastros
Da lua, das estrelas, tantos astros...
87
Rolando com as pedras no caminho,
Imaculados sonhos, anjos, vícios.
As mãos que se misturam num carinho,
As pernas nos beirais, nos precipícios...
Em toda a castidade proclamada,
Revestes os teus sonhos de princesa.
Na boca que ofereces, desejada,
O rastro de delícias sobre a mesa.
Nos lodos misturados, aturdidos,
Profundas emoções diamantinas..
Segredos sob os mantos bem urdidos,
Tremulam tuas mãos, quase meninas.
E deitas do meu lado, tão gentil,
No toque prazeroso, enfim... sutil...
88
Rolando a noite inteira nessa cama,
Teus seios delicados e gostosos
Ao acender assim a nossa chama,
Uma explosão de risos feitos gozos.
Emaranhados nessa louca trama
Caminhos mais profanos, fabulosos.
Untados de suor, delírio clama
Convite para jogos maviosos...
Adentro tuas matas, vens a mim,
Perfumas com prazer até o fim
Mil beijos percorrendo nossas rotas.
Estrelas desmaiando vêm a nós
Certeza de prazer divino algoz
Na inundação divina em tuas grotas.
89
Rolando a noite inteira bar em bar
Entregue à mais completa fantasia,
Enquanto este aguardente me inebria
Começo sem limites a lembrar
O quanto fui feliz, outrora, um dia
Bebendo em ilusão imenso mar,
Trazendo para a cama este luar,
Regando minha vida com magia...
Depois de certo tempo, estou sozinho,
Apenas como amigo, amargo vinho,
Promessa de uma noite mais sombria...
Assim vou repetindo esta rotina,
Que a cada anoitecer já me domina:
Sonhando com quem nunca me queria.
Marcos Loures
90
Rolando a corredeira, corpo e seixo,
Marcando com ferrugens meus olhares.
Se tanto não pergunto nem me queixo
Eu vejo após o rio teus esgares.
Não posso te dizer que foi desleixo,
Apenas abortei os meus pomares.
Por tolo que pareça ainda deixo
Rompante que sonegue areias, mares.
Refaço o meu caminho. Uma crisálida
Pressupondo, ao final, ternura e seda.
E mais que a vida amarga me conceda,
Figura tanta vez sórdida e cálida.
Ourives da ilusão com mão inválida
Perfaz da solidão vaga alameda...
Marcos Loures
91
Rodando sobre os mares, ledos sonhos
Vestidos de ilusão e fantasia.
Meus dias prometidos, tão risonhos
Se vertem nas estrelas, na alegria.
Eu vejo que talvez o sonho trague
Tua presença meiga e carinhosa.
Na ventania intensa em que se alague
Em louca tempestade, maviosa...
Recendes ao perfume mais sagrado,
Incenso de minha alma sonhadora;
Ecoa um pensamento iluminado
Que ao brilho do luar, prateia e doura.
Rodopiando o sonho encontro espaços
Deitado e protegido por teus braços...
Marcos Loures
92
Rodando nesta valsa que me alcança
Na dança que não canso de dançar,
Remoço na aliança sempre mansa
Que avança e que me lança devagar...
Eu quero teu sincero beijo, afeto,
Completo meu desejo com o teu;
O peito satisfeito e tão completo
No mar de amor imenso se perdeu...
A cura da loucura se procura
E sinto que este assunto não termina.
É mina que se emana na brandura
E livre, me liberta e desatina.
Da tina, do quintal e do varal,
Quarando nosso amor fenomenal
93
Rodando na ciranda sem parar
Espaços delicados para a dança
Que roda faz bem tempo, quer rodar,
A fantasia preme e já te alcança.
Na dança tão robusta desta festa
Que sempre se imagina fantasia,
Abrindo na ciranda nova fresta
Deixando a madrugada pede dia.
Eu quero esta criança que não pára,
Não deixa de rodar nesta ciranda
A vida tão robusta me antepara
E sempre recomeça a mesma banda.
Que pede sem descanso e quer mais ar,
Bem antes disso tudo começar...
94
Rodando em carrossel, gozos e risos,
Num ritmo alucinante noite afora,
Enquanto com prazer se comemora
A entrada dos diversos Paraísos
A gente se entregando em vãos precisos,
Nos portos do desejo, amor ancora
Em desvario, o sonho revigora
Chegando em nosso mundo sem avisos.
Na lânguida paisagem sensual,
Eu vejo refletidas as vontades,
Além do que supunham vaidades
De um jeito muitas vezes usual,
Num frêmito divino, o frenesi
Expressa todo o amor que existe em ti...
Marcos Loures
95
Rodando bar em bar, a noite não termina
Um riso em gargalhada atravessando as ruas.
Num beco, na calçada, a cena que domina
Um casal namorando atrai divinas luas.
Os olhos do rapaz bebendo da menina
Beleza adivinhada em tramas belas, nuas
No quadro que se pinta a noite se alucina
Enquanto desejada; em mágicas flutuas...
A boca sequiosa, as mãos tão esfaimadas
Na busca do prazer estrelas mergulhando
Atrás de uma montanha. A mais sublime imagem
Qual fosse assim um conto escrito pelas fadas,
O amor que vem nascendo e forte deslumbrando
Permite a maravilha envolta em tal visagem...
96
Roda mundo inventando outra saída,
Que possa girassol beber a luz
Na espreita enquanto fardo medo e cruz
A porta se abrirá, se amor decida.
Rumino enquanto vejo minha vida
Que ao léu, farta emoção quer e conduz
Além do que teimoso eu te propus
A noite chega mansa e distraída...
Na lápide da dor vejo o teu nome,
Carinho que alivia mata a fome
Deste glutão estúpido: desejo.
Se abismos transpusermos, mansidão,
Mergulho em cada abraço imensidão
E tramo além do mar que agora eu vejo...
Marcos Loures
97
Rocios derramados nesta cama,
No mel desta buceta eu me sacio,
Fudendo a galopar, gozo derrama,
Numa explosão sacana feita em cio.
Eu te prefiro assim, puta e vadia,
Safada, me mostrando a xana e o cu,
Lambendo o meu caralho, numa orgia,
O corpo todo exposto, aberto e nu,
Teu gozo feito um mijo em minha boca,
Meu gozo feito em leite se explodindo
Tua gruta bela, úmida. Neste lindo
Momento, tu berrando como louca
No orgasmo que incontido, inunda a gruta
Da fêmea mais sedenta, deusa e puta!
98
Rocio não permite mais granizo
O tempo prometendo esta bonança
Amor que vem chegando sem aviso,
O coração dorido já se amansa.
Assim, não temerei qualquer tempesta,
Sabendo que encontrei tanta fartura
Na boca em que alegria faz a festa
Um beijo delicado, com ternura.
Aurífera explosão dos sentimentos,
Entraves descartados; vamos juntos.
Amor tomando todos os momentos
Deixando para trás velhos assuntos.
Ungüento abençoado, nosso amor,
Um sonho enfim real, e encantador.
Marcos Loures
99
Roçar teu corpo inteiro, costas, seios.
Lambendo teu suor, prazer e gosto...
Beijando-te sem medo, sem receios;
O templo tão divino, assim exposto
Sentindo um arrepio onde incendeio
Desejo tão ardente... nosso cio.
O teu cabelo solto num meneio
Tocando-me provoca um arrepio;
E beijo-te completa e totalmente,
A tua cútis bela e tão macia...
O quarto se abrasando... estou contente
Num êxtase renasce um novo dia
Tua nudez,cansaço intenso gozo;
Amor que a gente fez, maravilhoso..
14200
Roçando os meus instintos, sem clemência,
Invade a madrugada em pesadelos.
Da moça que se mostra em inocência,
Sentir doce perfume em seus cabelos,
Sorvendo em sua pele a indecência
Enredo-me em seu corpo, bons novelos.
Esqueço o que sofri em tua ausência
Tocando os corpos, peles, bocas, pêlos.
Fazendo desta noite em euforia,
Volúpia enlanguescente, santa orgia
Trazendo em paz sublime o que eu almejo.
Meu barco da tempesta refugia
Buscando ancoradouro em alegria
Aporto neste cais cada desejo.
Marcos Loures