Banho-me no dourado deste entardecer
Mergulhada na verde paisagem deste encantado viver...
Sou como quem sonha...
Olhos abertos, perdidos, imersos... Vagueio...
Um trago, um verso, uma saudade, uma prece...
Quem sabe...
Um pássaro que canta feliz no seu ninho...
Degusto o sabor desta tarde calma e me aninho...
Começo de era, brotos em flor, são agora meus dias...
Assim sem pressa, sem medo, sigo.
Me deito nas mornas águas que me acariciam...
Em minha alma quase tudo é mar...
Velejo... E nos meus vagos dias deixo-me livre de qualquer sofrer...
Não sei das horas, aqui não tem calendário...
Aqui as noites demoram... Os dias são verdes...
As manhãs corais e azuis... Como estou feliz...
Minhas mãos desenham pensamentos cheios de risos...
Agora canto...
Sequei o pranto, me refiz.
Reconstrução...
Caminhos e longas auroras surgem...
Canção de plena paz, estrela minha...
Minha maior estrela... Posso ver-te de perto em cada amanhecer...
A tarde cai suave ... A noite vem com encanto e com ela um doce silêncio
Minha oração é o sossegar dos bichos,
Um sussurro...
Uma quietude... Brisa a balançar folhagem e frutos...
Perfume do mato...
Silvestres flores... Cajus tão doces... Frutas frescas...
Pomar de sonhos... Reais momentos...
Tudo é como encanto
... Miragem...
Suspiro.
Feliz canto...
E aguardo a noite no balanço da rede...