Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 138

 
Tags:  sonetos    Marcos Loures  
 

1


Quem me dera ter olhos para ver
Esse sol que jamais eu tinha visto,
Depois de tanto tempo sem saber
Nem perceber sequer que eu inda existo...

Andando pela vida, sem futuro;
Tramando tantos sonhos, sem por que...
O chão em que pisava; sempre duro,
Buscava o meu amor. Ah! Mas, cadê?

Agora que te encontro, minha amada,
Agora que estás aqui por perto.
Agora que esta vida iluminada,
E surges como oásis no deserto.

Eu passo a descobrir, de novo, a vida...
Por meio destes olhos teus, querida...


2



Quem me dera sonhar um verso mais feliz
Que me trouxesse paz sensação que não vi.
A minha vida, triste, esqueci, por aqui...
Minha alma, tão sozinha esteve por um triz.

Nos bares, cabarés, minha alma meretriz;
Sou pó, sou resto, o nada. O futuro? Perdi
Em meio a tanta coisa, a lama onde cai,
A faca penetrante, a marca, a cicatriz...

Na pureza do olhar desta mulher tão bela,
A garra da pantera, estico e se revela.
Tua carne desejo, o beijo desampara...

Porém nesse segundo, ingenuidade tua,
Que me amas, eu percebo... Enfim achei a lua!
Enfim achei a vida, e me salvaste, Nara!
Marcos Loures


3


Quem me dera ser lua sertaneja,
Iluminando as grotas da saudade.
Cariciando a mão que se caleja
Nas dores que disfarçam vaidade...

Beijando tão sutil quem se deseja,
Fazendo amor santa liberdade.
As falas já contidas, bela, arqueja...
Roubar dos verdes olhos, claridade...

Quem me dera nascer no plenilúnio.
Não caberia nunca mais esse infortúnio,
Nas carícias das fontes, matas, rios...

Iluminando cantos mais sombrios...
Quem me dera viver essa paixão,
Descansar os meus braços, ribeirão!


4


Quem me dera saber, fosse um profeta,
Dos dias que virão, nosso futuro...
Qual o caminho? Qual a melhor meta?
Eu não caminharia assim, no escuro...

A vida, meu amor, p’ra ser completa
Espreitar essa presa, saltar muro...
Meu coração tristonho de poeta
Espera a calmaria... Foi tão duro

Perder-te, nada mais me importará!
De que me vale luas sem luar...
As ruas onde levo minhas dores,

Sei por certo, jamais chegarei lá...
Quem precisa de vida sem amar?
É como meu jardim, seco, sem flores!
Marcos Loures



5


Quem me dera quem dera não me desse.
Os rumos e as rimas mais atentas
O céu que não clareia me escurece
A prece que não fiz as águas bentas

No medo que arremedo a noite desce.
Consegues não consigo bem que tentas.
Os trâmites tramitas tanta prece
Os térmitas entrando em minhas ventas.

Ventas e não revelas revés velas
Vagas velhas vontades vate vá-te
Rés e restos protestos me revelas.

Na boca cabe beijo bela bate
Na paz capaz chispar cobrir cabelo
No nó que não notaste no novelo...
Marcos Loures


6

Quem me dera pudesse transformar
Num inseto, talvez uma barata,
Só para, simplesmente, revelar,
Um mistério feroz que me maltrata...

Não consigo, sequer, imaginar,
A casa onde se esconde tal bravata
Guarda roupa que cabe sem pensar,
Profusão de vestidos em cascata...

Esse marido é tolo e não sabia,
Que sua pobre esposa escondia,
No closet coleção inigualável!

Centenas de vestidos... Espantável
A falta de cuidados da Maria,
Parece-me que a casa é ingovernável!


7




Quem me dera poder estar ali
Onde eu encontrarei felicidade.
Se por tanto tempo já sofri
Na vida, procurando a claridade.

Depois de tantas dores, sofrimento.
Agora irei vencer essas tristezas,
Soltando minha voz nesse lamento.
Buscando teu olhar nas redondezas.

Vivendo sem saber sequer sorrir.
Passando pela vida sem viver.
Será meu Deus que posso Lhe pedir
Amor que sempre sonho conhecer?

Agora, nessa noite sem abrigo.
Meu céu se iluminou: sonhei contigo!



8


Quem me dera morrer de tanto amor!
Seria algo medonho, mas bonito.
Um sonho assim deveras tentador
Morrendo de emoção quebrando o rito
Fazendo em tentação velho pendor
Com asas que me elevem, infinito...

Morrer de amar demais, um paraíso
Aberto em esperanças divinais.
Morrer tão docemente num sorriso
Na plena sensação de imensa paz.
No momento mais correto e mais preciso
Uma alegria imensa a morte traz...

Mas amanhã de novo eu falo disto,
Hoje não posso, tenho um compromisso...



9

Quem me dera esse amor alvissareiro
Que fosse benfazejo e mais tranqüilo.
Vibrante com a força do loureiro
Vencendo toda dor com brilho, estilo...

Meu coração guerreiro sem temer
As ondas mais vorazes e freqüentes
Sabendo tantas lutas por vencer
Nos sonhos mais audazes, eloqüentes...

Imaculado amor sem ser servil
Nas doces castidades, no clarão.
Amor que se impregnara nunca é vil
Revive em cada passo, o coração.

Surgindo qual a perla deste lodo,
Amor clareia o mundo como um todo.


10


Quem me dera esquecer o nosso amor...
Vencido pelas dores e quimeras
Vivendo em tempestade, sem calor.
Das horas mais difíceis, loucas feras...

Amor que tanto quis aqui por perto,
Sonhando com a tal felicidade
Meu mundo transformado no deserto
De tudo, só restou uma saudade...

E canto, sem parar, ao manso vento
Amor que me deixou não volta mais...
Amor que não me sai do pensamento...
Sem rumo, meu navio perde cais....

Responda, como irei sobreviver?
Pois sabes, não consigo te esquecer!


11


Quem me dera conter tua saudade!
Quem me dera saber de teus desejos!
A vida não traria realidade
Na fantasia louca de teus beijos...

O dia nos pintando os azulejos
De fina cor mais viva, claridade!
A lua nos cedendo seus cortejos.
A paz dominaria humanidade!

Quem me dera saber de teus caminhos.
Viajando por espaços, passarinhos...
Navegando teu cansaço depois...

Nos mergulhos divinos de nós dois...
Meus sonhos e delírios de menino...
Vivendo até morrer num desatino!


12


Quem me dera chegasse o belo dia
Em que pudéssemos lutar coesos
Contra toda opressão com galhardia.
Nos olhos que por certo estão acesos.

A mansidão vencendo a cobardia...
Amigos sonhadores não mais presos,
Nesta vasta amplidão, a fantasia...
Os dentes e as mentes sãos, ilesos...

Quem dera chegará a primavera,
Nos dedos dos poetas a verdade,
O corte de esperanças sempre impera.

Nos sonhos amansar a triste fera
O canto nos trazendo a claridade.
A vida retumbando a liberdade!
Marcos Loures



13

Quem me daria as dádivas divinas
Senão esta princesa rediviva?
As aves delicadas descortinas
Nas pétalas gentis da sempre-viva...

A noite a me trazer tuas mãos finas
E delicadas. Quero sempre viva
Nas águas destas fontes cristalinas,
Suave maciez princesa altiva...

Os rios despencando nas cascatas,
O vento suavemente, doce brisa...
Os pássaros libertos desta mata...

Nas ramas destas árvores, os ninhos,
Os olhos da princesa, Mona Lisa,
O canto sem igual dos passarinhos...
Marcos Loures


14


Quem me daria as dádivas divinas
Senão esta princesa rediviva?
As aves delicadas descortinas
Nas pétalas gentis da sempre-viva...

A noite a me trazer tuas mãos finas
E delicadas. Quero sempre viva
Nas águas destas fontes cristalinas,
Suave maciez princesa altiva...

Os rios despencando nas cascatas,
O vento suavemente, doce brisa...
Os pássaros libertos desta mata...

Nas ramas destas árvores, os ninhos,
Os olhos da princesa, Mona Lisa,
O canto sem igual dos passarinhos...


15


Quem manda passarinho criar asas?
Voando sem gaiola que detenha
Pisando calmamente sobre brasas
No vento que ventava fogo e lenha...

Sou parte do conjunto de mim mesmo
Não faço do meu canto liberdade
Liberto já nasci vivendo a esmo
Levando minha própria claridade.

Desculpe-me se mostro tantos dentes
No sorriso que engana minha boca
Nascendo meus amores no poente
A vida se mostrando muito louca...

Não paro um só momento de sonhar,
As asas continuam no lugar...


16

Quem manda o coração ser tão teimoso?
Às vezes nada pode, mas insiste.
Amiga, com meu canto mais sestroso,
Depois de certo tempo, fico triste...
O céu que se promete nebuloso
À chuva em tempestade não resiste

A sorte é que amanhece bem mais claro
E livre destas nuvens traiçoeiras.
Correndo pelas ruas, me disparo
E caio noutras quedas, corredeiras,
Parece que perdi, não tenho faro,
Repito novamente estas besteiras..

Amiga, por favor, me dê a mão,
Quem sabe está contigo a solução?


17


Quem luta contra amor, nunca resiste.
Amor não se permite uma objeção.
Lutar contra um amor é viver triste,
Viver assim contendo uma explosão.

Não posso compreender hostilidade
Se somos dele eternos prisioneiros.
Eu falo com total honestidade,
Amores, nas batalhas, os primeiros.

Amor se encontra lutas sempre ganha,
Não posso contra amor, num abandono.
A força deste amor é tão tamanha,
Que amor assim, parece-se tirano...

Não tenha meu amor, esta ousadia,
Senão a dor te impede a fantasia.
E assim, por certo, toda uma alegria...




18


Quem mais que todos, sempre nos inveja
Não sabe decifrar seus próprios sonhos.
Enquanto a poesia inda troveja
Os dias nascerão bem mais risonhos.

A flecha de Cupido em boa mira
Ao mesmo tempo dói e nos alenta.
Quem sabe deste encanto sempre admira
O gozo que em tormentos apascenta

Pecado é não poder sentir o cheiro
Do corpo que, suado nos convida
Ao templo mais sublime e verdadeiro
Que faz surgir da vida uma outra vida.

Na faca de dois gumes desejada,
Minha alma já sorri quando sangrada...
Marcos Loures


19



Quem fora, segue seu caminho, louco...
Meu movimento vai seguir meu canto.
Não poderei mais, nem mais quero...Encanto
Que vem, num grito, me deixando rouco...

Vida perturba, solidão, sufoco,
Nada mais triste que secar seu pranto...
Meus olhos miram nos teus olhos, tanto
Que me corrói, assim, matando um pouco

Do que restara de meus dias, Carla.
Quando te vejo, andando pela sala
Tua nudez transformando tudo...

Tua beleza, vai vagando a esmo.
Nesse reflexo, procurar eu mesmo,
A cada passo, mas não falo, mudo...
Marcos Loures

20



Quem fora tão romântico se perde
Em meio a tantas flores espinhosas,
Enquanto as fantasias ainda herde
Prepara seu canteiro pleno em rosas.

Porém realidade nunca poupa
E traz finos acúleos em cada haste,
Futuro destroçando a velha roupa
Que um dia tolamente decoraste

Com matizes diversos e tingiste
Usando o próprio sangue como tinta,.
E quando amanhecer ressurge triste,
Acinzentado tom, a vida pinta

E muda este cenário promissor,
Tirando da esperança toda a cor...


21




Quem fora simplesmente sem destino,
Buscando noutros cantos seu remanso.
Agora que se encontra qual menino,
Deitado no teu colo, meu descanso...

Perfumes que deixaste no caminho,
São rastros espalhados para mim,
Sedento por delícias de carinho,
Persigo cada passo, até o fim.

Não quero mais invernos, só calor.
Não quero mais o frio, só lareira.
Eu quero desfrutar do teu amor,
Quem sabe, uma aurora derradeira...

Querida, não me deixe nunca mais.
Eu quero em ti morrer de amar demais...


22


Quem fora simplesmente mar vazio,
Espera com total ansiedade,
Que a vida sem ter rios de saudade
Não deixe seu amor morrer vadio...

Deleita-se com brilho em mar sombrio,
Acalenta ilusão de liberdade.
Esquece a noite fria e sem maldade
Aguarda por calor no novo estio.

O sonho de salvar-se vai crescendo
Enquanto o duro inverno vai morrendo.
Embora nunca deixe de sentir

O frio que, covarde não lhe deixa.
Quem foi do amor escravo espera a gueixa
Que vai se incorporando e traz Nadir.
Marcos Loures


23


Quem fora sempre tanto agora não me quer.
Procuro, vou errante, e nada mais percebo.
Em toda fantasia o rosto da mulher
Que quero para mim e, em vão, eu já concebo...

Não trago esta certeza embora minta sobre.
Eu desconheço o canto ingênuo da sereia,
Apenas esta noite, em desejos, me cobre;
Na praia do meu sonho as ondas sem areia...

Mas sei que tu virás, embora não te saiba,
Virás na fantasia ou quem sabe és real?
Não quero te dizer que no meu peito caiba
A dúvida cruel, talvez até fatal.

Mas tenho esta esperança, a última que morre,
Que possa renascer da lágrima que escorre...


24


Quem fora precipício fez-se monte.
Na minha sinfonia repetida,
Amanhecer resume-se na vida;
Meu passado, futuro, velha ponte...

Coração preparado pro desmonte;
Nem ponte de safena, essa ferida
Consegue desfazer. Vive caída,
Não sabe nem sequer; origem, fonte...

Bebi desse licor do sofrimento,
Embriagado, tantas vezes, tento;
Mas a risada mostra foi em vão!

Chega de teimosia, vê se manca,
Toda essa poesia me desanca...
Enquanto não tiver o teu perdão...
Marcos Loures


13725


Quem fora nesta vida prisioneiro
De tantas ilusões que já perdera,
Percebe renascer a primavera
Nos braços deste amor; meu derradeiro...

Nos somos dois convivas do banquete
Que é feito para quem já sabe amar.
Não quero mais sentir que, por vagar,
Eu seja simplesmente qual joguete.

As dores que não trago embalsamadas,
Se foram para sempre, assim espero.
Tu tens toda a loucura que assim quero,
Nos lumes e montanhas consagradas.

Ternuras e total voracidade
Traduzem numa só felicidade...


26


Quem fora mais forte
Se faz de repente
Sem rumo e sem norte
De tudo descrente,
Enfrentando o corte
Que fundo se sente.

Mas veja querida
Que a sorte que deu
Sentido pra vida
Já não se perdeu
Encontro a saída
No braço que é teu.

Na nossa amizade,
A felicidade!
Marcos Loures


27


Quem fora flor, Florípedes, me mente...
Quem dera amor, quem dera fosse minha...
Nos atos mais felizes foste crente,
Nas aves que voaste mais daninha...

Bastavas não sabias certamente,
Sabiás te sabiam tão sozinha
Nas pontes que partistes, fui premente.
Quem me dera amor, nunca mais vizinha...

Nas cortinas das tardes tatuada.
Ao reboque das flores de Florípedes...
Nos teus passos compassos sempre bípedes!

Me pedes não impedes, peço nada...
Peçonha serpenteias pela sala...
Quem fora flor, morreu, virou cabala...
Marcos Loures


28


Quem fora companheiro de uma dor
De amar demais e nunca ser amado,
Conhece do carinho o seu valor
E canta sem temor. Apaixonado!

De todos os meus medos, no sol-pôr
Da noite tão vazia avizinhado,
Matando o que restava do calor,
O quarto em que eu dormia; tão gelado...

Vieste com teu brilho de cristais,
Num lume deslumbrante, em fogo ardente.
Mostras do quanto o amor, se faz capaz.

Nas ânsias e delícias, luas cheias
Debruçam nas ameias, de repente,
Enquanto em nossa cama me incendeias!


29


Quem finge sentimento na bandalha,
Nas praças são falácias e fantasmas...
O corte que promete tal navalha,
Nos montes que subimos são miasmas,

Cantando teu deboche qual de gralha,
Expeles teus gemidos, finges asmas...
Na morte que tentaste sem metralha,
As camas que dormimos, quedam pasmas...

Quem vive sortimento de defeitos,
Impávida respira meus pecados...
Quem finge sentimentos imperfeitos

Não pode concluir pequenas frases,
Amantes se deixaram, velho prado...
As pernas que se quebram, perco bases...
Marcos Loures


30

Quem fez de tantas vidas zombaria,
Quem riu-se da desgraça que me toca...
Não pode nem passar sequer um dia.
Teu pensamento chega e já provoca.

Quem passa pela vida numa orgia
Não sabe se conter; vem, me desloca
O merencório luto é fantasia,
O peixe se escondeu em outra loca...

O ramo da oliveira, a pomba branca,
Mensagens esquecidas numa agenda.
O sangue que hemorrágico se estanca;

A vida merecia nova tenda...
Não quero conhecer a mesma banca,
Amores sem perdão virando lenda...


31


Quem faz do amor um templo magistral,
Esquece-se dos claustros da saudade,
Falenas que procuram claridade
E morrem num momento sensual.

Agônica expressão do bem, do mal.
Distante da completa realidade,
Buscando quem console, mas quem há de
Se o fim do amor traduz dor, funeral...

Há tantas procissões de seres vagos
Tempestas tumultuam calmos lagos
E a noite não termina em nosso peito.

Martírios conhecidos e sem fim,
Das loucas convulsões este estopim
Que ao acender pavio, eu me deleito...
Marcos Loures


32



Quem faz do amor um raro recital,
Num íntimo momento de alegria,
Ultima a solidão e enquanto cria
Estende esta emoção pelo quintal.

Fazer de cada sonho, o ritual
Aonde possa crer que a fantasia
Espalha pela terra, poesia,
Usando da esperança como nau.

Ourives da palavra, a bela dama,
Que agora num poema já derrama
Estrelas pelo chão em que caminho,

Permite-me vagar por tantos astros,
Seguindo a cada passo, os mansos rastros
Que me dizem: “Jamais serás sozinho”...


33


Quem faz do amor bem mais que simples ilha
Percebe que na troca sempre ganha,
A dádiva se encontra na partilha
Assim o amor remove uma montanha.

Vencendo qualquer forma de armadilha
Prossegue com certeza, a sua sanha,
Enquanto que em conjunto, forte, brilha
Conhece qualquer tipo de artimanha.

Atando nossos laços com firmeza
Não vejo no caminho correnteza
Que possa me impedir de ver a foz.

Ousando te dizer, minha aliada
Cumplicidade é luz que, reforçada,
Realça este poder que temos nós.


34


Quem faz de uma amizade um hino à vida
Recolhe os frutos vários da esperança.
Sua alma caminhando decidida
Encontra ao fim da estrada, a temperança.

Vivendo com fervor esta aliança
A sorte nunca chega distraída
Mais forte e com firmeza sempre avança
Facilitando a meta a ser cumprida.

Assim ao perceber quão necessário
O amor de uma amizade, solidário
Eu vejo ao fim do túnel clara luz

E nela uma esperança benfazeja
Que é tudo que minha alma ora deseja,
E o braço da amizade me conduz...
Marcos Loures



35


Quem faz da fantasia a companheira
Já sabe caminhar sem ter ajuda.
À luz desta esperança derradeira,
Encontra esta magia que o acuda
Um pássaro canoro, a tarde inteira,
Demonstra no silêncio a sua muda...

A lágrima traduz o fim do amor,
Ou mesmo uma alegria nascedoura
De um sonho que virá qual redentor
Aonde a pele ao sol dos sonhos doura
Na boca ora salgada, o bom sabor
Do mel de uma emoção ancoradoura.

Tesoura que cortando o meu passado,
Constrói belo futuro anunciado...


36



Quem faz da claridade o seu poema
Escreve com firmeza uma emoção,
Da pedra preciosa, rara gema
Transita no meu peito, a sedução.

No céu de nosso amor, um diadema
Nos brilhos constelares da paixão,
Amor é nosso sonho, um caro emblema
Portando em sua sina a redenção.

Afasto qualquer pedra e sem espinhos,
Deitando meu prazer em teus carinhos,
O amor que me conquista e me domina.

Olhando de soslaio, de tocaia,
Em meio a tantas luzes nesta praia.
Espreito o teu sorriso de menina
Marcos Loures


37



Quem fala que o amor é obsoleto
Não sabe quando o fogo nos domina.
Aos teus braços, querida, eu me arremeto
E encontro com certeza, a luz divina.

Não posso me calar, mas eu cometo
Loucura, insanidade que alucina
Quando penso que em ti eu me completo.
Encontro meu caminho em nossa sina

Vivemos separados, mas eu te amo,
Meu corpo se associa ao teu desejo.
Sozinho no meu quarto quando eu chamo

Teu nome repetido em cada sonho.
Quem dera se me desses um só beijo,
Meu mundo talvez fosse mais risonho...

38



Quem fala por maldade ou intrigando,
Deixando um bom amigo em maus lençóis
Não sabe que talvez esteja aguando
Nossa amizade intensa, meus faróis...

Quem sabe de um amigo, confiando,
Percebe nos seus passos girassóis,
Não deixa simplesmente desabando
Potências de dezenas ou mil sóis.

Por isso, companheiro, contra a intriga
Apenas confiança e bom humor.
Duvido neste mundo quem consiga

Desatar os laços firmes que nos unem.
Se eu tenho nos teus braços, bom calor,
As solidões tão frias já os punem...


39



Quem fala por demais, só diz besteira
Assim vou me calar. Não digo nada
Se tens a sorte grande e verdadeira
De seres por outrem tão desejada.

A marca da mentira costumeira
Na pele de quem sonha demarcada
Permite que eu estenda esta bandeira
Há tempos maltratada e destroçada.

Se sou aquém daquilo que tu queres,
Perdoe este idiota que te adora,
Comida em farta mesa sem talheres

É coisa que ofereces, mas não vês,
Por isso, esteja certa, vou-me embora,
Eu sei nem ouvirás os meus porquês...
Marcos Loures


40

Quem fala em sentimentos obsoletos
Ao referir assim à plenitude
Que faz dos corações bem mais inquietos
Não sabe quanto o amor tem atitude.

É nele que se encontram amiúde
As forças necessárias, bens completos,
Fazendo tanto bem para a saúde,
Efeitos desejáveis e diretos.

Um mundo que se mostra heterogêneo
Precisa da harmonia sem igual
Assim como faz falta um oxigênio,

Também amor se faz fundamental.
Não precisa ser decerto um gênio
Pra saber deste bem universal..


41


Quem fala deste amor com forte crença
Sabendo que somente amor constrói.
Quem sabe no final a recompensa
De tanto sofrimento que corrói...

Meus olhos peregrinos já procuram
As luzes que queriam neste olhar.
As dores tão terríveis que se curam
Na força gigantesca que é amar.

Pouso minha cabeça no teu colo
E sonho com os olhos mais abertos.
Decolo sem sequer sair do solo,
Viajo tantos rumos mais incertos...

Deliro neste amor que é meu farol,
No brilho radioso deste sol...


42


Quem, nesse mundo triste fez saudade,
Não pude conviver o mesmo teto...
Vil ferro penetrou a realidade,
Forjou da minha vida um mal secreto.

Expulsa um esmoler desta cidade,
Não passa dum podre, um ser abjeto.
A dor de não saber quem sou invade.
Amor que sempre fora predileto....

Não deixa nem vestígios do que fui.
A vida se destrói. É mar profundo...
Não pude suportar meu próprio mundo...

Procuro por saída e nada intui
Meu coração repleto de lembrança...
Só quem sobra, escondida: A esperança!


43

Quem zombava do amor, agora chora!
A vida tem perpétuas nuances...
Olhando assim de banda, tais relances,
Balançam derrubando tudo agora!

Quem zombava, jamais perdeu as chances
De sentir que essa vida nova aflora.
A vida repetindo velhos lances,
Quem diz nunca amaria, vai-se embora!

As lágrimas que vertes são piadas,
Contadas num passado inda recente...
As noites mal dormidas, soluçadas...

Verdades doloridas pra quem mente...
As grutas que negaste, nas estradas
Defloram, te penetram docemente!



44





Quem vive sonhos duros, controversos,
Na busca por carinho, faz mil juras,
Premissas que vieram desde os berços
Enaltecendo a luz em que procuras

Distantes descaminhos, as loucuras,
Mostrando-se no fim que vão dispersos
Os transes em que mostras tão perversos
Os gozos que antecipam as torturas.

Talvez uma esperança sobreviva
Nos braços que estendeste para mim.
Porém figura audaz e tão altiva

Não deixa que esta vida seja assim.
Minha alma até demais, por compassiva,
Vai louca, transtornada até o fim...

45


Quero viajar contigo, mil cometas
Em êxtases diversos, fogo e paz.
Não peço e nem desejo que prometas
Apenas me demonstre o que és capaz.

Nas cavalgadas loucas nossas metas
No gozo e no prazer que a noite traz,
Eu quero nas magias que cometas
Perder-me dentro em ti, quero demais!

E sorver cada lágrima e suspiro
Neste amor que nos dói em tal prazer
Em todos os instantes que deliro

Bebendo da saliva que me cura,
Morrendo de vontade de te ter,
Gemente e delicada com ternura...



46


Quero te ter agora em chama e brasa,
Unir nossos desejos sem demora,
Desfrute do meu corpo, tua casa,
A minha pele em ti já se decora
Insana tatuagem nos abrasa
Te quero em minha cama. Vem agora!

Tomando nossos corpos por reféns
Deste prazer voraz, insensatez.
Há tempos te chamei, que bom que vens,
Saber de teus caminhos, um por vez.
Na lúbrica vontade, tantos bens,
Não quero nem saber de lucidez...

Fazer amor contigo a noite inteira
Ardendo em nosso quarto, esta fogueira...


49


Quero uma ilha isolada no oceano
Banhada pelos sonhos e desejos
Distante deste mar de desengano
Coberta por carinhos e por beijos...

Dos prantos esquecida, sem tormenta,
Suaves suas praias, calmas ondas,
Ondina do prazer que se arrebenta
Refletindo o luar; luas redondas...

Um belo manto envolve sua areia,
Tem tudo o que mais quero e que preciso,
Nudez que tu desfilas qual sereia,
Tornando esse meu sonho, um paraíso.

Quem dera se tivesse a maravilha
Viver nesse esplendor, amor, minha ilha...



13750


Quero um mantra que me traga
Carinhos e mansidão
Que acalente velha chaga
Que traduza teu perdão

Que essa velha dor apaga
Que me faça solução
Que com calma tudo afaga
Carícias de tua mão

Quero mantras que não neguem
Que nunca sejam mortalhas
Que flambeiem a saudade

Que não cortem pois, navalhas
Que todas as plantas reguem
Que me diga claridade
Marcos Loures


51


Quero teu corpo junto ao meu, sincero..
Quero tuas mãos mansas, sem clemência.
Nos atos que desatas sigo fero,
Mastigas com desejos, inocência...

Nos mitos que digeres, sou teu clero,
És dama que imaginas indecência,
Amor que não se troca, não espero,
A vida se contrai, coincidência...

Nas bocas que procuram por mamilos,
Nos lábios que procuram pelas bocas,
As coxas que se roçam, seus estilos,

Os mantos que se rasgam furiosos...
Penetram tantos dedos, tantas tocas,
Os medos não prosseguem, curiosos...
Marcos Loures


52


quero te fuder o tempo inteiro
trazendo o teu grelinho bem durinho,
sentindo o teu tesão, teu gosto e cheiro,
depois comer com calma o teu cuzinho.

Fazer desta luxúria, minha glória,
na fudelança louca que nos guia,
teu gozo ser decerto uma vitória
vislumbro no teu rosto esta alegria

de quem gozou demais e se fez puta,
bebendo minha porra, dando o mel
amor que se entregando se desfruta,

levando dois amantes para o céu.
Tua buceta bela, bem molhada,
sentindo a minha língua, arregaçada...



53


Quero te dizer, há tanto tempo
O quanto que tu trazes alegria
Se a vida é feita em puro contratempo
Tu tens dentro de ti esta magia

Que faz a gente estar sempre contente,
Pessoa soberana, um diamante,
Sabendo – ser feliz é tão urgente,
Mostras tal carisma num instante

Fazendo toda a gente perceber
O quanto é necessário para a vida
A sorte mais fantástica em prazer,
Por isso nesta data, enfim querida

Eu venho nos meus versos te louvar
E agradecer a Deus por te encontrar.

Marcos Loures


54



Quero sugar teus êxtases, sorvê-los,
Cegar-me em tuas lâmpadas sem nexo.
Nas brenhas tão ebúrneas, cabelos,
Emaranhar tentáculos, teu sexo...

Sinfônicos partícipes, nos velos
Desnudos; quieto, mudo, vão, complexo,
Preso em tuas melenas, teus novelos,
Penetro lentamente, vou convexo...

Tu côncava, nas curvas, belas urnas,
Vassalo sempre calo, e vou silente.
Desvendo tais mistérios, tuas furnas

E emano meus gametas, teu gameta...
O quarto se tornando bem mais quente,
Volvendo qual noctâmbulo cometa!


55

Quero ser sepultado em meu torrão,
Umbigo há muitos anos esta lá
Aonde o sol jamais retornará
Depois de ter bebido o furacão.

Minha alma se empanturra feito um cão
Vendida em mil recortes. Desde já
A janela vai fechada e mostrará
O quanto é necessária a solução.

Não tendo quanto viva ou quanto custe,
Apego que inda tramo, algum embuste
Bisonho de um fantasma renitente.

Hostis; os meus desejos, simples bostas.
Não quero e nem preciso das apostas,
Apenas vagabundo persistente...

Marcos Loures


56

Quero ser contraponto e teu disfarce
Ponto por ponto, parto e peregrino...
Nada que inunde mude o desatino,
Eclipsando qualquer que seja a face.

Quero ser a medalha que te embace,
Ser montanhês, viver tocando o sino,
No fundo te pedir que nunca abrace
A mão que bofeteia seu menino...

Não deixai que esse amor, venha e te rompa.
Nas festas que dedicas, tanta pompa,
Amor que, sem querer, precipitei...

Se nada mais fará que se desperte,
Não há simples sentido que me alerte.
No puro contraponto, quis ser rei...


57


Quero ser aprendiz de feiticeiro,
Fazer meus versos simples sem buril.
Cantar amor, meu sonho mais brejeiro
No meio da poeira, pueril...

Quero aprender da vida, por inteiro,
O que, bem antes, fora mais gentil.
Sem medo da batalha, amor primeiro
É feito de meu sonho a cada pio.

Minhas mãos calejadas não se calam,
Procuro em formas límpidas, meu sal.
Essas palavras soltas tanto entalam,

Que se não as escrevo, fazem mal.
Os perfumes qu’as almas sempre exalam,
Carrego bem comigo, no bornal...
Marcos Loures


58


Quero sentir teu toque... Mil delícias...
Poder roçar teu corpo com meus lábios...
Carinhos e loucuras nas sevícias
Que fazem dos desejos bem mais sábios...

Tu és minha alegria e meu desejo,
Morena sedutora; vem pra cá...
Ao ver-te enamorada, já me vejo
Nos braços que aprendi, amor que há...

Meu coração dispara, palpitando,
Somente por sentir o teu perfume,
Não sabes quanto estou imaginando
Amar-te bem além que de costume...

Na dança prometida, amor sem fim,
Vivendo este desejo que há em mim...
Marcos Loures


59


Quero saber mistérios da paixão
Que tanto me domina e não me cansa.
Tramando em minha vida seus perfumes;
Fugindo, de repente, qual criança...

Da mesma forma vem e logo foge,
Carinha e me maltrata, não descansa.
Paixão que me tortura já me acalma.
Traduz-se, tanta vez, em esperança.

Na aurora deste sonho que carrego
No peito maltratado, sem tardança,
Trazendo, no calor, plena geada.
Promessa de festejo, nega a dança;

Paixão que me alucina uma aliança
Que impede e que me impele... Prende, avança...



60

Quero relacionar-me com alguém
Que pense sem falar ou que me cale,
Se na verdade sei de quem embale
Faço misturas quando o sono vem.

E perco novamente e vivo sem,
Perfilo a fantasia que não fale
Do beijo audacioso que regale
O gosto melindroso do ninguém.

Numa chapa esquentando, misto quente,
Reboco nesta casa é bem urgente
E atente quem te atenta, deixe em paz.

Sofrendo a paranóia dos insanos,
Cerzindo com discórdias desenganos
Eu sei o que afinal me satisfaz...


61


Quero poder amar com liberdade,
Que não precise nunca mais mentir...
Quero poder viver, nada pedir,
Não esperar sequer pela saudade...

Atracar no cais, barco em tempestade,
Com toda proteção, poder fugir...
Não ter medos, segredos por aqui;
Minhas âncoras, Porto Soledade,

Saveiro, refletindo sobre o mar,
À sombra que roubou desse luar.
Nas correntes marinhas ir sem rumo...

No meio dos sargaços; flutuar,
Em meio a vendavais, manter o prumo
Na doce sensação de livre, amar.


62


Quero peixe, mar, rede e pescaria
Na colheita divina da amizade.
Plantando meu amor a cada dia,
Granando com certeza a liberdade,
Frutificar meu canto de alegria,
Acreditando sempre na verdade.

Vestir minha esperança, renda e seda,
No linho verdejante de meu sonho,
Andar amor embrenho na vereda
Do mundo que pretendo, mais risonho,
Fazendo do meu canto uma alameda,
É tudo o que mais quero e te proponho...

Bordando em utopia nova fonte...
Forjando novo mundo, no horizonte


63


Quero o teu gozo com meu gozo um eco,
No amor que não cessando faz a festa,
Orgástica emoção em repeteco
Uma alegria insana que se atesta

No clímax nossa soma é o infinito
Alagamento em forma de prazer,
A fera que nos toma em louco rito
Não deixa nosso sonho esvaecer.

Nas ancas desta deusa, mais profana
Eu sinto em borbotão tal tempestade,
Do quanto nosso amor já não se engana
Expressa num momento, a liberdade.

Luxúrias entre lumes promissores
Na noite em farta entrega, sem pudores...
Marcos Loures


64


Quero o sentimento mais profundo
Levando a gente para um infinito
E fantástico sonho em que esse mundo
Seria com certeza mais bonito.

Mesmo que isso trague um só segundo
De paz a um coração amargo e aflito,
Já valeria a pena. Então me inundo
Desta vontade, amando-te num rito

Do qual é feito encanto e meu deleite.
Permita que contigo, amor, eu deite
O sonho de prazer e de esperança.

Amar e desenhar um novo espaço
Marcado por desejo e por abraço
Firmando para sempre esta aliança...


65


Quero o sabor gentil dessas palavras,
Corroendo o que sinto. Mata a paz.
Minhas mãos cultivando tristes lavras,
De as colheitas serviram? Tanto faz.

Não sinto tal pendor, nem mais as travas;
Minhas pernas cansadas. Sou capaz
De não querer seguir. Se eu sou falaz,
Minhas serenas matas, fundo cavas...

Decepo a solidão forjando a luz.
A corda que tu trazes me seduz.
Anseio por venenos, satirizo...

Das entranhas surgiste, tal farsante.
serpente num sorriso delirante.
As pedras que me jogas; eternizo!



66


Quero o sabor discreto da malícia
Que emanas do teu corpo sedutor.
Quero comprazer de tal delícia,
Poder ser deste corpo, o condutor...

Cada vez que me tocas, a sevícia
Me invadindo, transborda-se em amor.
Tentáculos vorazes, dor fictícia
O campo que mergulha a bela flor...

No desejo descrente que me dás,
As ombreiras das mágoas perdem força.
Corredeiras velozes, sou audaz,

Amor que não vigora, finge corça.
Nos capítulos fatos e mentiras.
Das flechas de Cupido que me atiras...
Marcos Loures



67


Quero o sabor da noite entre meus dentes
Cortando a madrugada sem ter medos.
Revolvo a cada sonho os meus segredos,
- Os sonhos: guardiões fiéis das mentes.

Amores e desejos, vãos, dementes
Acertam na ilusão os seus enredos,
Protegem cada barco dos penedos
Nos sonhos, tantas vezes tu já mentes

E esqueces dos recifes e sargaços,
O tapa se transforma nos abraços
Do amor que vai incerto, sem um norte

Aportas em seguro ancoradouro,
Encontras o que queres, teu tesouro,
Mudando num segundo toda a sorte...


68


Quero falar de tudo que passei
Dos amores que tive nesta vida
Nas camas que feliz, eu mergulhei
Sem nem me preocupar com despedida.

Foram tantos carinhos recebidos
Outros tantos, por certo, foram dados.
Acenderam-se chamas e libidos
Em meio a tais ciúmes infundados.

Agora que a velhice já me toma,
Não posso reclamar do que vivi,
Em todos os pomares minha soma
De tantos os amores, já perdi.

Mas vens agora amor que não se espera.
Trazendo para o inverno, a primavera...

Marcos Loures



69


Quero desvendar cada segredo
No labirinto imenso da paixão
Traçando no teu corpo cada enredo
Imerso em total alucinação...

Por tantos descaminhos me enveredo
Vou vendendo a minha alma sem perdão.
Fazendo deste templo todo o credo,
Ns formas mais sutis da tentação...

Amor que desgarrado sela o rumo,
Arranco todo o véu da hipocrisia,
E bebo desta taça todo o sumo,

Que existe e que resiste dentro em mim,
Espalho sobre ti a fantasia,
Esse profano amor, eu quero assim...



70


Quero desfrutar cada momento
Sem tréguas me entregar ao teu prazer.
Na profusão do intenso sentimento
Nos devorando inteiros, chama a arder.

E deslizar sem arrependimento
Tocando cada parte do teu ser,
Desejos devorando, sem tormento,
Sentindo-te voraz a enlanguescer.

Nas mãos eu sei que tenho a mansa fera
Que morde com doçura e com paixão.
Em todo nosso amor, calor tempera

Com ânsias e vontades, maciez,
Num misto de brandura e de tesão,
No amor doce-feroz que a gente fez...



71


quero deitar em você, brincar contigo,
nesta gangorra louca que hoje sou,
saber que em nada mais corro perigo,
subir descer, brincar, voar, te estou...

saber te dar prazer tão mansamente
que nada represente nem temor.
Amar como um brinquedo diferente
Sem dores e tragédias, vivo amor...

Não deixe que esse amor seja rangente
Não cabem mais amarras, liberdade!
Amar é como agir, naturalmente,
Sabendo ser feliz, tranqüilidade...

Amor quando se emperra, deixa estar!
Há óleos neste mundo prá se usar!


72


Quero dançar contigo, minha amada,
Por noites e mais noites sem parar.
A vida nos teus braços, encantada,
Amor que nos tocou, a abençoar...

Sentindo tua pele perfumada,
Um cheiro de esperança solto ao ar;
Lá fora não existe, amor; mais nada,
Ah! Não deixe este sonho terminar...

Tu és o que sonhei por toda a vida,
Na maciez dos braços tanto enlevas
Por isso; nessa mágica, querida

Que é feita pela dança e pelo sonho.
É luz que se irradia sobre as trevas,
Tornando o nosso mundo mais risonho...


73,


Quero brincar; simples palavras são
As ferramentas que preciso; amor.
Fingir amar, temer fugir, sim, não...
Nas labaredas, as mentiras, dor.

Quero dizer, voar, sangrar, senão
Esse meu verso é sem razão, valor...
Poder pedir, sem ter por que, perdão.
Nesse meu jogo eu sou pecado/andor

Mas tantas vezes nas mentiras uso
Muitos disfarces – confissão - confuso
Nem sei se minto e sinto tanta dor.

O que parece, fantasia pura.
A dor fortuita a versejar apura...
Vivendo esses meus versos, fingidor...

Marcos Loures


74

Quero beber o vento, a tempestade louca...
Sorver o pensamento, a lua a palpitar...
Meu coração sedento espera tua boca.
A porta que arrebento, estrelas a pairar...

O fino mel da abelha espinhos desta rosa...
Do céu, esta centelha, um gosto quase mel...
A violeta vermelha, a cor mais dolorosa.
No meu telhado, a telha espreito um lindo céu...

Meu verso vagabundo estático em teus braços.
Procuro pelo mundo aguardo teu regaço...
Tanto segredo inundo um coração, seus laços...

Na boca trago o beijo, espio teu cansaço...
No fundo o meu desejo, estar nos teus abraços
Amor me fez cortejo; a dor, enfim, desfaço..
Marcos Loures


13775


Quero amor de cadeiras nas calçadas
Sentado nestes bancos do jardim
Andando pelas ruas de mãos dadas
Relembro o que melhor existe em mim.

Eu quero ir no cinema de noitinha
E te roubar um beijo, meu amor...
A rua que sonhei que fosse minha,
Pedrinhas de brilhante: um esplendor!

Que pena que esse bosque já morreu
Deixado numa curva do caminho.
De tudo só restou apenas eu,
Guardado no meu canto, passarinho.

Ao rever velhos retratos do passado,
Que bom que inda te tenho do meu lado...


76

Quero a tenacidade deste amor
Que teima quase sempre em te querer.
Vivendo sem saber do teu sabor
Bastando simplesmente o te saber.

Eu quero esta esperança sem ter fim
De ter dentro dos olhos teu sorriso
Que é muito do que tenho sendo assim
Amor que mesmo longe é paraíso.

Eu quero o gosto doce dessa língua
E sorver cada gota dp teu mel.
Amor que não pretendo ter à míngua
Nas asas deste canto vou ao céu...

Amada, como é bom querer-te bem.
Em ti eu sei prazer de amar alguém...


77



Quermesses da ilusão, vaga utopia,
Cenários tão diversos, mas iguais,
Em tantas consoantes e vogais
Eu perco a direção da poesia.

E quando encontro a paz desta alforria,
Os versos se tornando desiguais
Parece que não sei mais do meu cais
Matando o meu prazer quando se cria

Que poderia ser algo mais nobre;
A manta destroçada que me cobre
Impede que eu liberte-me da algema

Entranhada em meus ossos, minha mente,
E volto a desejar esta corrente
Que é de minha alma tosca, a própria gema...


78


Queridos companheiros, agradeço
A todos com carinho e com respeito,
Amigos são tão raros e os do peito
Expressam muito além do que eu mereço.

A poesia expõe sonho e tropeço,
Mas nela com certeza eu me deleito,
Emocionado e mais que satisfeito
Ao lado de vocês, nos sonhos cresço.

Criar a fantasia e morar nela,
E crer nesta emoção que se revela
Nos vários universos; ser poeta.

No afã que nos permite delirar,
Parceiros da alegria de cantar,
A vida sem vocês é incompleta...


79


Querido sonetista, nos teus versos,
Encontro as mais diversas emoções,
Viajo e me transporto em universos
Que trazem melodias e canções.

Guerreiros, minuano, chimarrão,
Dos pampas, teu cantar chegou aqui.
E já veio inundando o coração,
Tanto carinho sempre vejo em ti.

Amigos são tão raros nesta vida,
Ser teu amigo sempre, já me ufana,
Presença companheira e tão querida,
Orgulho desta terra de Quintana!

Não devo mais ficar aqui, calado,
Chaplin venho dizer: muito obrigado!

Para Chaplin, grande sonetista gaúcho e um grande amigo.
Com admiração e carinho.


80


Querido mestre como é bom saber
Que posso desfrutar da companhia
De quem sempre podemos aprender
A ser melhor nesta arte: a poesia.

Ensinas com carinho quem procura
E tens toda a firmeza de quem sabe,
É luz que nos clareia em noite escura,
Ajuda a não deixar que o brilho acabe.

Eu rendo-te sinceras homenagens
Nos versos tortos, simples, meu desejo:
Seres meu guia sempre nas viagens
Pelos caminhos belos que antevejo.

Eu fico bem feliz só por sabê-lo
Amigo e professor Paulo Camelo.


81

Querido companheiro, como é bom
Saber de teus sonetos maviosos.
Usando a poesia, raro dom,
Caminhos se tornando mais formosos.

A vida se mostrando em vário tom
Permite alguns momentos caprichosos,
Porém teu farto brilho, qual néon
Deixando os nossos dias luminosos

Expressam divindade. Sabes bem
Trazer com maestria tanto alento,
E mesmo quando a dor terrível vem

Encontro nos teus versos lenitivo.
Se neles com certeza eu me apascento,
Bebendo desta fonte, sobrevivo...


82


Querido companheiro, tantas vezes
Eu tentei ver a luz de um novo tempo,
O fato de escrever é passatempo
Do qual eu me sacio há vários meses.

Queria andar liberto desta carga
Que pesa em minhas costas feito cruz;
Dos elogios teus; jamais fiz jus
A vida que eu sonhei não era amarga.

Sinceramente tento ser feliz,
Apenas, simplesmente e nada mais.
Minha alma é das angústias, meretriz

E tanto me envergonho do que escrevo,
Distante das revistas e jornais
Que prosseguir nem sei se ainda devo...


83

Homem é como vassoura: sem pau não serve para nada."


Querida, quando falas deste jeito
Percebo que tu gostas bem de mim.
Porém no nosso amor, achei defeito,
Que faço se te quero mesmo assim?

A vida logo vai dando seu jeito,
Mas digo, na verdade é muito ruim
Nascer bonitinho e ser perfeito,
Depois o que fazer? Chorar enfim...

Eu tenho novidade pra dizer,
E venho te pedir apoio, abraço.
A bem de uma verdade, o teu socorro

Se faz bem mais urgente: podes crer...
Tomei uma mordida de um cachorro...
Pois bem... virei vassoura sem pedaço...


84


Querida, neste amor com maestria
Ensinas o poder da sedução,
Moldando minha vida em alegria
No verde da esperança, a solução

Pras dores que carrego há tanto tempo
E os medos, um flagelo pra quem ama,
Ultrapassando cada contratempo,
Mantendo sempre acesa a velha chama

De uma esperança feita em sonho breve,
Caminhos bem floridos da existência,
E deixando a minha alma assim mais leve.
Ensina-me a ter toda a paciência

Alçando um mundo novo e encantador,
Granando todo dia, intenso amor...



85



Engenheiro usa vibrador da namorada para assaltar lotérica

Portal G1


Querida, me desculpe ter usado
O bem mais desejoso em tua vida,
Depois de tantas vezes ter brochado,
E sem ter descoberto outra saída,

A sorte do meu lado, distraída,
Embora na verdade bem melado,
Usei teu companheiro mais amado,
De forma nem um pouco divertida...

Ao perceber formato do brinquedo,
E tanto que vibrava, sem parar,
Imaginei, querida, um novo enredo,

Usando o vibrador para assaltar.
O problema que tive? Sem segredo,
Não sei como fazer ele parar...



86


Querida vou fazer a promoção,
Pois sou da faculdade, professor.
Entrego-me com toda devoção
Trabalho com carinho e com amor.

Não cobro a minha participação
Nas aulas que darei, com muito ardor,
Querida não resista à tentação
E venha desfrutar deste favor.

Ensino tal assunto tão complexo
Que poucos vão saber com maestria,
É necessário côncavo e convexo

Depois de pouco tempo, uma alegria,
Ministro se quiseres, todo dia,
Serei teu professor de amor e sexo...


87


Querida uma esperança que cultivo
De um dia poder ser bem mais feliz,
Eu sinto que por isso sobrevivo
Além do que pensei e do que quis.

Tropeços encontrados no caminho,
Motivos pra mais forte estar na luta.
Na rosa emoldurada em tanto espinho,
Diamante que se fez em pedra bruta.

Mas conto com a força da amizade
Que é luz que tanto guia quanto apóia
A vida me mostrando nesta jóia

Todo o valor que traz uma esperança.
Saber que enfim terei felicidade
Com todo este carinho, com pujança!


88


Querida te falar o quanto é bom
O tempo da colheita, mas não veio.
Além do que em verdade já nem creio,
A luz desta amizade muda o tom.

A tua voz repete em alto som
Bobagens sem sentidos. Eu receio
Perder dos meus caminhos cada veio,
Por que de adivinhar não tenho o dom.

Amigo jamais trai, tenha a certeza
Que o que fizeste agora traz surpresa
A quem sempre prezou fidelidade.

E assim sem ter pudores, da amizade
Restou esta mentira que desgosta,
Deixando aqui perfumes tipo bosta...
Marcos Loures


89

Querida te busquei o mundo inteiro
Na calma placidez de teu afago.
Sentindo suave gosto verdadeiro
Que impeça esse viver triste que trago.

Procuro em teu semblante minha fonte
De pura inspiração para os meus versos.
Estendo meu olhar para o horizonte
Nas tramas dos sentidos mais diversos.

Invejo a sensação deste deleite
Que emana de teus olhos sedutores.
Amada, assim imploro que me aceite,
Jogado em teu jardim, em meio a flores...

Contigo tenho os dotes da ventura
Que trazem claridade em noite escura...


90


Querida se percebes meus enganos,
Por que não reparaste nestes teus?
Os erros cometidos, soberanos,
São trevas que transtornam, negros breus.

Se foges dos princípios , dos teus planos,
Teus olhos vão perdidos, são ateus,
Tu causas, sem saber, os desenganos.
Magoas todo mundo, nega a Deus.

Mas logo tu disfarças, minha amiga,
Achando que ninguém vai reparar.
A tanta gente assim, já desabriga

E causa uma tristeza que é sem par.
Eu posso te dizer: sou imperfeito,
Mas tu és igualzinha, o mesmo jeito...


91


Querida queira Deus que uma esperança
Não deixe de ser nossa companheira,
Viemos da saudade e da lembrança
Na luta pela paz tão verdadeira.

Rondando nossa vida em bela dança,
A sombra de uma lua feiticeira
Tomando nossa casa vem certeira
E o brilho nos teus olhos, fogo lança.

Amiga, não se esqueça da ventura
De estarmos irmanados pelo amor.
Reféns duma alegria, da ternura,

Queremos nosso mundo recompor
Em páginas mais belas, mais felizes,
Em cores magistrais, raros matizes...


92

Querida quando beijo tuas mãos
Desculpe mas desejo navegar...
Embora estes meus sonhos sejam vãos.
Vontade de te ter e te tocar.

Amores espalhando tantos grãos
Na terra prazerosa, cultivar.
Desejos tão sinceros, todos sãos
De um dia, no teu corpo mergulhar,

A boca tão distante, mas querida,
Os olhos se perdendo no teu ser.
Um dia se te pego distraída

Talvez tenha a coragem que preciso.
Só sei que quero tanto o teu querer
A boca procurando o teu sorriso...



93



Querida o casamento
Se faz neste contrato
Talvez o sofrimento,
Se mostra no teu trato,

Decerto eu não agüento,
Por isso te maltrato,
Tenho o pressentimento
Mas logo assim descarto.

Tu mal percebes, vês
Que eu ando mais sozinho,
Ficando sempre bravo.

Repito-te; outra vez
Se eu lavo; eu não cozinho,
Se eu cozinho, não lavo...



94



Querida neste nosso aniversário
Eu quero te dizer do amor imenso.
Nas lutas que travamos; adversário
Vencemos com carinho mais intenso.

Embora no sentido vão, contrário
Um mar de dor, contigo eu sempre venço,
Por mais que o mundo seja temerário,
Depois em teu carinho eu me convenço

Que amor é como um vinho que matura
E ganha qualidade com o tempo.
Sabemos que encontramos contratempo,

Porém amor que temos já perdura,
Passado mais um ano, eu te declaro,
Amor que a gente tem, por certo, é raro...



95


Querida neste canto que te faço
Escute este teu velho camarada,
Não ligue se talvez por um cansaço,
Minha alma se sentiu abandonada.

Eu sei que tu me queres. Teu abraço
É porto verdadeiro, minha amada.
Não deixe se perca estreito laço
Que faz a minha vida ser marcada

Por tantas cicatrizes tão risonhas,
Dos beijos e carinho que trocamos.
Nos sonhos que sonhei e sei que sonhas

Mil versos dediquei, e te dedico,
Bem sabes quanto sei que nos amamos,
Por isso, do teu lado sempre fico.



96


Querida não se sinta mais tão só,
Irei depressa agora, estar contigo.
A vida muitas vezes nos dá nó
Mas saiba que te quero e assim prossigo

Bem perto de teus olhos estarei
Servindo meu amor como consolo,
Durante tanto tempo procurei
Vem logo que te dou carinho e colo.

A dor que tanto aflige tem a cura
Nos lábios que te querem, te desejam.
Depois deste carinho e da ternura
Sedentas duas bocas que se beijam

Mostrando o quanto amor é soberano,
No gosto que devora, sem engano...
Marcos Loures


97


Querida não percebes que este chiste
Foi feito tão somente a provocar,
Amor igual ao nosso não existe,
Não canso de querer e te adorar.

Não deixe um coração tão frágil triste,
Eu quero em nosso amor me completar,
A vida sem te ter já não resiste,
Tu és minha rainha, o meu luar...

Às vezes vou cansado pela estrada
Tão longa desta vida a meditar,
Distante desta luz mais adorada,

Não posso e nem consigo descansar,
Correndo para ver a minha amada,
Somente o teu amor irei buscar...
Marcos Loures



98


Querida não maltrate o bem querer

Eu quero o teu amor junto comigo.

Mas logo que procuro sei não ter

O colo que sonhei ser meu abrigo.


Tu sabes, não consigo te esquecer,

Não quero ser somente teu amigo,

Mas teimas em tentar me convencer

Que amar demais é sempre um mau castigo.


Se falo dos meus sonhos, logo ris...

Rasgando a madrugada, aurora e dia

Bem sabe o que faria mais feliz


E desconversas sempre, me enlouqueces!

Já não suporto, amor, esta agonia,

Escuta por favor, a minha prece!


99

Querida me perdoe se um acaso
Levou para bem longe a poesia.
Tu sabes quanto quero e até me caso
Com quem tanto prazer já me irradia.

O mundo mergulhando em triste ocaso
Ausente de teu canto de alegria.
Mas creio que inda esteja no meu prazo
E assim te canto amor, em harmonia.

Teu mar quando se inunda do meu rio
Que traz em verso e gozo, sem lamúria,
O amor que nos rebela em santa fúria

No qual, do qual pra sempre me vicio.
Minha alma desnudada te procura
Pois sabe dos teus lábios a ternura...


13800


Querida me perdoe se te digo,
Da vida que negaste, sem amor.
Sozinha, tu procuras por abrigo,
Morrendo sem perfume, a bela flor.

Ao lado do que sonho; vou, prossigo,
Meu passo traduzindo destemor.
Pudesse sempre estar enfim contigo,
Quem sabe viverias esplendor...

Porém a vida nega a quem se nega,
Saudade dolorosa do vazio.
Um peito que sem barcos não navega

O nada restará por companheiro.
Depois, na noite negra, resta o frio,
De quem não se entregou, não foi inteiro...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
Data
Leituras
758
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.