Desde Pedro Álvares Cabral existem poetas brasileiros
Escrevo por idiomas desconhecidos. Certo que o meu não sei direito, não O aprendi o suficiente. Mas não se espantem É normal. Existe o Aurélio para me ajudar, coisa que Às vezes até atrapalha, pois não consigo dizer Exatamente o que sinto. Não sei das lavras que minhas mãos desenham No papel que nem sempre foi branco. Houve Ocasião em que usei papel de pão, aquele de Cor inexata. Digamos que um anjo ou um alguém do além, Provoca-me delírios de poeta. Não sou poeta! Sou escrevente e a culpada é a minha mente Que viaja em cada detalhe das nuvens do céu. Aquilo que realmente carregamos na vida é a Bagagem, as raízes. Por aqui elas são inúmeras, sou um pouco de Algumas. Sou africana, espanhola, portuguesa, Índia. Sou brasileira. O Brasil não é um paraíso, mas em relação a Outros países, chega bem perto de sê-lo. Quis Deus que nessa terra eu nascesse há Cinquenta e três anos atrás e é aqui que eu Vou morrer. O que me importa realmente é ver minha Avó materna, Maria Claro da Silva, uma Portuguesa de quase cem anos, lúcida. Sem enxergar ou andar, declama Fernando Pessoa com uma precisão de arrepiar a alma. Fala de seu Portugal como se ainda lá estivesse e me faz viajar. Não sou poeta! Escrevo por linhas imaginárias e sou sempre O personagem que fala em outros idiomas, De outras terras que ainda esperam por Novos desbravadores. E se os senhores acadêmicos vieram para Contestar-me, apresento-lhes minha avó No auge de sua lucidez para enxotá-los.
"A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas." (Rabindranath Tagore)