Sou
o teu impulso
a tua força em mim
teu túlipo inventado
meu reencontro perdido
Sou
o teu sorriso
e tudo que me fazes ser
quando a simplicidade que és
deságua nesta cumplicidade
em palavras, inaudíveis
impróprias, impossíveis
para quem não sonha o invisivil
nem sente o semear gotejante
construtor de universos idilíacos
Ser o que não sou
perdi no tempo rasgado
de noites secas e sábias
Seguranças incoerentes
em aparentes sorisos furados
Ser vida
é ter na simplicidade preciosa
do teu convite á chuva de fogo
destilada em mel, invicta em ti
a razão de ser mais
Ser mais
que átrios camuflados de laços enleados
Subir mais alto e voar vencendo
E, em almas libertas de ataduras cingidas
sermos a troca indiscreta de invenções por criar
Somos
cada passo indeciso e confiante
ou um murmúrio gritante
trazido numa nuvem soalheira
Somos a vida que passa em nós
Somos nós
Rui Santos