Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 134

 
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1

Quando não me restar senão promessa...
Quando a dor habitar meus pensamentos...
Quando amar não restar nessa conversa...
Quando sentir meus barcos, vis tormentos...

Quando a fonte secar, nem argumentos...
Quando a noite chegar, vir mais depressa...
Quando só me sobrarem desalentos...
Quando a sorte vier, lenta e sem pressa...

Quando essa madrugada for engodo.
Quando polarizar somente anodo.
Quando minhas manhãs forem distantes.

Quando mil sóis não forem radiantes...
Quando não houver crentes nem ateus...
Inda, espero, teus olhos serão meus!


2


Quando não mais puder crer na verdade
Desse caso que nunca foi me dado,
Por esse meu caminho, a majestade
De todos os meus sonhos, triste fado,

Não terá mais sentido e claridade...
Meu destino, restando delicado
Jamais me deixará senão saudade...
O resto desta vida fica ao lado!

Trouxeste teu olhar tristonho e baço
Amargurado e triste, quase tinto,
Na expectativa vã de novo espaço...

Ah! Nessa triste chaga que se ulcera,
O mundo que não trago nunca pinto
Com as cores cruéis desse amor, fera...


3

Quando nada mais disso me restar,
Seguindo no deserto dos sentidos;
Não sobrar nem sequer os meus olvidos
Quero poder morrer em denso mar,

Na certeza cruel de não vagar,
Nem por onde andaria, nos relidos
Momentos infelizes. Vão perdidos
Meus olhos procurando seu olhar.

O meu caminho, a esmo e sem futuro;
Sozinho, na manhã, vou sem você
Não lhe encontro senão no triste muro

Da solidão, guardado nos meus medos,
a vida se escorrendo entre os meus dedos
Procuro ancoradouro, mas cadê?
Marcos Loures


4


Quando na febre intensa te encontrei
Sentia esta presença qual delírio.
De todo o sofrimento que passei
Marcado pelos cortes do martírio,

Eu via uma esperança mais sublime
De uma felicidade tão imensa...
Permita que, por isso, eu tanto estime,
O teu amor que é minha recompensa!

Afago teus cabelos, beijo a boca,
Deitado no teu colo; sinto o céu...
Pois quem já vira a sorte longe e pouca,
Aos poucos, vai mudando o seu papel.

Na febre do desejo que me inflama,
Meu corpo quer remédio em tua chama...


5



Quando meu sonho embarca no teu sono,
Misturas as salivas e os sonhos.
Não posso conceber um abandono
Nem dias que se passem mais tristonhos.

O vento que me trouxe não me leva,
Persisto do teu lado, sou cativo...
Na noite que vivemos; tanta treva,
Um sentimento lindo e sempre vivo.

Não quero nem que sofras e nem eu.
As horas percorridas; nossos dedos
Decifram cada sonho que nasceu
Depois de pouca vida e muitos medos...

Eu quero a sensação de liberdade
Imerso no teu corpo, divindade!


6


Quando meu nascimento aconteceu,
Houve silêncios, vagos murmurinhos;
Jogado ao canto, lerdos passarinhos,
Fingiam nem cantar, entristeceu...

Em tal momento obscuro, tanto breu,
Coloriu minhas ruas, meus caminhos;
E negra solidão, somos vizinhos...
Nascido esse moleque, mundo ateu...

A morte preparou a despedida,
Enfim não resistiu e foi vencida...
Ludibriei a sorte mais safada.

De tudo me restou, bem pouco ou nada.
A voz desafinou, descompassada...
Como a profetizar: gauche na vida!


7



Quando meu destinaste teu amor,
Não sabias decerto quanto tinha
De luz neste meu peito sofredor,
Aos poucos a minha alma já se aninha...

Eu quero teu amor, totalidade;
Sem medos nem defesas, sem tempestas.
Viver em pleno amor, fidelidade,
Nas rondas, nas delícias, nossas festas...

No mundo mavioso que resume
As cores delicadas, nosso céu.
Sob as nossas estrelas, brilho e lume.
A lua se mostrando sem seu véu.

Eu quero nosso caso em esperança,
Que a noite deste amor; uma criança...


8


Quando mergulharei neste oceano
Que sempre se traduz gritos aflitos,
Na maciez sincera de tanto plano.
Nunca mais poderei saber dos ritos

Que sempre provocaram meu engano
Nas horas mais atrozes dos conflitos...
Amor que não varia vai temprano
Morrendo corporal sem seus espíritos...

Passeio na varanda sob as trevas
Bramindo por teus olhos que negaste.
As dores por chegar, formando levas

E mais levas, atrozes, violentas...
Ah! Meu imenso amor, porque nevaste?
Meu coração em lascas, arrebentas!
Marcos Loures


9


Quando menino tinha uma esperança
Do fogaréu sem par de uma morena,
Apenas uma história de criança
E o tempo, sem remédio, muda a cena.

Saudade deste sonho que se foi,
Gritando no meu peito em triste aboio,
Rumino esta vontade e feito um boi
Devoro cada rama deste joio.

E quando se aproxima o fim do dia,
Revendo a velha imagem, perco o rumo,
Enquanto a fruta amarga renascia,
Espremo cada gomo e bebo o sumo.

Servindo de repasto à solidão,
Saudade vai gritando no portão...


10


Quando me trazes certeza
Te nego podre verdade
Travestido de pobreza
Quem fora par da saudade

Impedes toda beleza
Com viço desigualdade
Repare naquela mesa
A vida quer sobriedade.

Vesperais carnificinas
Vestais que são ledo engano
Nas portas das oficinas

Não redundam outro plano
Estripam pobres meninas
Secaram todo o oceano!


11


Quando me propuseste teu amor,
Não pude me deter em valentias...
Vadiamos por noites tortas, frias.
A luz do luar sempre trouxe cor

As bocas se percorrem, são vadias...
Devagar com o santo e com andor,
Fantasias vorazes nas orgias...
O teu sexo, veneno tentador...

Abandalhamos todos sentimentos,
Atravessamos ruas e loucuras,
Espelhamos os nossos vãos tormentos,

Amordaçamos lágrimas, ternuras,
Despedaçamos céus e firmamentos,
Somente restarão noites escuras...
Marcos Loures


12


Quando me podas sonhos és machado,
Furtivamente me respondes não.
O nosso solo, vivo pois lavrado,
Tem o sombrio laivo de sertão...

Quando esperança dança verso e fado,
A correnteza atenta pede chão.
Os nossos rios curvas, margens, brado,
Nossas cascatas, matas amplidão!

Na mataria verdes mansas horas,
As flores nascem, matas seus destinos,
E perpetuas vagos meus desertos...

Nas madrugadas castras as auroras,
Não posso ouvir sequer bater os sinos...
Nossos caminhos são talvez... Incertos..
Marcos Loures


13


Quando me pedes provas deste amor,
Pressinto que não sentes quase nada.
No gesto que se empresta sem valor
A noite se abortou sem alvorada.

Amores se tão fúteis sem favor,
Mostrando a dura face destroçada.
Não valem nem sorriso nem pendor,
Apenas do desejo, barricada.

Romances que se fazem cena a cena
Em crimes e loucuras, farsa farta.
Milimetricamente negam trena.

Só servem de ilusões e nada mais.
Que a vida de outra vida já se aparta,
Lembrando que se foi sem ser jamais...


14


Quando me olhas, querida, sinto assim,
O toque dessas mãos tão carinhosas...
Vertendo todo o amor que tenho em mim,
Perfumas com teus olhos, belas rosas...
Roubando esta beleza de um jardim
De nossas ilusões, maravilhosas...

As tuas mãos tocando cada parte
Do corpo que se entrega sem segredos...
Forjando em nosso amor com total arte
Eu sinto-te roçar tocar meus dedos...
É bom saber que aprendo sempre a amar-te.
Acalma minhas dores e meus medos.

Corpos unidos, ondas, mar areia,
A lua deste amor, p’ra sempre cheia...


15

Quando me lembro, bela e tão cheirosa,
A moça delicada, linda trança.
Sonhava com teus beijos, melindrosa,
No gosto da mulher que não se cansa.

Sonhava simplesmente, moço prosa,
Achando poder ter uma esperança;
A moça, delicada, qual a rosa,
Espinhos me deixando de lembrança.

Não pude conhecer este confeito.
Amores que se foram sem carinho.
Sobraram despedidas. Moço feito,

A porta que restou? A de saída;
Da boca que beijei amargo vinho,
Meus olhos naufragaram, nau perdida...
Marcos Loures


16

Quando me lembro de ti
Nas noites mais solitárias
Recordo-me que vivi
Nessa vida, vidas várias.

Tantas coisas que perdi
Minhas dores vivem párias
Nos teus braços tanto li
Teus olhos por luminárias

Quero saber da saudade
Que maltrata, sem perdão.
Por tanto quanto que invade

Tragando-me em teu pendão
Ofuscando a claridade
Que vem do meu coração.


17

Quando me deixaste sem motivos
Eu percebi a vida como um fardo,
Trazendo em minhas mãos espinho e cardo,
Os sentimentos tento manter vivos.

Os dias se tornaram agressivos
A cada novo sonho, outro petardo,
E quando o caminhar, tolo retardo
Meus versos, prisioneiros e cativos.

Amor que foi aos poucos desabando,
Não vejo a jiripoca mais piando
Também nunca vi peixe que piasse.

Assim tão mentirosa ou ignorante
De todos os desejos a farsante
Prepara um dissonante desenlace...


18


Quando me deixar lembre; a porta fica aberta.
Não é por mal, entenda a porta não se fecha.
Alguém pode esquecer o medo ou a mecha,
Ou quem sabe um novelo inteiro, esteja certa.

Acontece que amor é sentimento instável,
Da mesma porta que entra, a mesma quando sai.
A casa não tem base, um dia a casa cai,
E eu bem quero ficar, preciso ser amável.

Amor dolente vai, amor dolente vem,
A cama que ficar é noite do meu bem...
Pr’a dizer a verdade, amor: uma delícia.

Mesmo quando o fim surge, amor segue o caminho...
Prefiro ficar só do que ficar sozinho.
Amanhã amor abre a porta com Patrícia...
Marcos Loures


19


Quando me chamas: velho, não percebes
Que tentas disfarçar o teu futuro...
Caminhos que passei, estradas, sebes,
Tanto desfiladeiro vasto, escuro...

Não sentes que o destino que concebes
Se esconde por detrás de baixo muro.
O vento que recebo e não recebes,
Estará bem mais perto sem apuro...

Desfazes da velhice, maltratando.
O fosso que separa nossas vidas...
Implacável, o tempo irá passando,

E nunca mais serás, simples fedelho.
As horas de ventura, vãs, perdidas.
As rugas tomarão teu claro espelho...
Marcos Loures


20


Quando mal me sustinha e me inclinava
Tombando minhas pernas sobre o solo.
Minha alma dolorida; não pensava
Sequer poder achar teu manso colo.

Na beira deste abismo, sem saída,
Me enroscando nas cordas mais fatais,
Não via mais sentido em minha vida,
Entregue a tais quimeras mais venais...

Nos rumos deste caos, seguia imerso,
Sem ver sequer a luz no fim da estrada.
Meu sonho em triste amor ia disperso;
Depois de tanto tempo, quase nada...

Surgindo no final, voz verdadeira,
Salvando-me da dor, u’a companheira...



21


Quando vou caminhando pelas ruas,
Muitas vezes me sinto machucado.
As pedras do caminho, duras, nuas,
Adentram pouco a pouco em meu calçado

Quantas vezes, sofrendo dores cruas
Nas curvas do caminho. Vou de lado.
Depois de ter perdido este solado,
Ó pomba, quanta inveja, pois flutuas.

Quando vejo mulheres, tão bonitas,
Calçando um improvável bico fino;
Ao bom Deus, pergunto: como acreditas;

Ser possível tamanho desatino,
Espremendo assim demais, arrebitas
Os cinco pobres dedos, num só pino...



22

Quando sorris, tão próxima de mim,
Ao sentir o teu hálito, teu cheiro
Gostoso em belo lábio carmesim;
Entrego-me, mergulho por inteiro

E quase te tocando, prendo o ar.
Meus olhos em teus olhos seduzidos...
Aos poucos não consigo segurar;
Dominas; num sorriso, os meus sentidos...

Não sei mais o que falo nem porque,
Apenas o calor de tua boca.
Seguro tuas mãos... Olhar te lê
E sente esta vontade, forte... Louca...

Te beijo com meus olhos, e me entrego...
Num mar de tanto amor. Ah! Eu navego...



23

Quando percebi, foste simples mágica;
Não sabia que doías tanto assim...
Quando te encontrei, quase que letárgica,
Pensei que nada fosses para mim...

Depois, a vida calma fez-se trágica,
A sorte que pensei ser querubim,
Soprava dolorosa, cruel, álgica.
Quebrando as resistências , meu fortim...

Um algoz de mim mesmo qual verdugo;
Vasculhei nos meus restos procurando,
Motivos que me dessem sem refugo.

As forças que perdi não te encontrando...
Não restou quase nada, nem sabugo.
As portas do que fui, vão se fechando...


24



Quando passas, caminhos mais libertos,
No fundo de teus olhos sinto o sol.
Amar-te sempre foi o meu farol
Que brilha nos meus rumos mais incertos.

Pois Visto que eu não quero te perder,
Enquanto tu viveres, sim, vivo eu
E faço deste canto todo teu,
O meio de poder sobreviver.

Mas se não voltares, que farei?
Não deixe essa bandeira sem defesa
És toda a minha vida, uma princesa,

Que me faz toda noite, ser um rei,
Castelo que tu crias; majestade,
Trazendo em tanto amor, felicidade...
Marcos Loures


13325

Quando nasci, fui verme e fui espaço.
Nas urzes do caminho, meu abrigo...
Um monstro que morreu-nasceu teu braço,
Às vésperas das moscas, morro trigo

Renasço em cada verso, velho e lasso...
Na porta dos desejos, sem postigo,
Se sou vampiramente, é meu abraço,
Se vou tranquilamente, nunca ligo...

Sombra enorme sem troncos, arvoredo.
Disforme paramécio, imensidão...
Nas selvas e desertos, meu degredo.

Nos mares e nas luas, solidão...
Infinito e limoso, sem segredo.
Um verme canibal pedra e perdão...
Marcos Loures


26



Quão inútil poesia. Bancarrota...
A sombra que atravessa a noite; invade
Cada quarto. Penumbra rompe a grade,
Deixando cada ser sem nexo e rota.

O peso do saber quase amarrota
A roupa que se fez em falsidade.
Ilusões combatem liberdade
E a fantasia foge; vã, remota.

A vaca com as tetas gigantescas
Promete uma audiência sem igual,
Para a apresentadora, ser boçal,

Os versos tomam formas vis, dantescas,
Bailando imensa nádega traduz,
Esta imbecilidade em contraluz.


27


Quantos caminhos tenho até chegar
A mansidão do colo de quem amo,
Passando por montanhas, vales, mar,
Vivendo qual cativo fujo d’amo

E busco a liberdade par em par
Com sonhos que já tive e sempre exclamo
Na fúria de poder não mais deixar
Que o tempo se assoberbe em cada ramo

Das matas ciliares do que penso,
E tramo toda noite em minha cama;
Vivendo em tal angústia; sempre tenso,

Aguardo que termine nossa história
Da forma que mais quero e que reclamo,
Louvando o nosso amor em plena glória...


28


Quantos caminhos levam ‘té chegar
Aos lábios de quem amo; não os sei.
Porém procuro aqui adivinhar
Outonos, primaveras que passei.

Os passos em mil passos trafegar
Por bondes, cercanias que encontrei
Fazendo este percurso devagar,
Sinais que pela estrada ali deixei,

Desembocando em rios, foz e fúria,
Atracadouros vários, mar distante.
Castelos, alamedas, tanta incúria,

Em cravos, rosa, espinhos, pedra e montes.
Paises, continentes, luas, fontes,
Até chegar ao beijo num rompante...


29


Quantos caminhos buscam-te, querida?
A solidão comanda a velha estrada
Que leva do infinito ao quase nada,
E muda a direção de cada vida.

Por tantas emoções, em glória ungida,
Desfilas pelas ruas. Na calada,
Ganhando após a noite, uma alvorada
Renovas tua história; nova ermida.

Eriges do passado os teus reinados,
Mas matas os teus sonhos, sem perdão.
Hereges passos tolos, malfadados,

Seria talvez tudo o que inda trazes;
A sorte que escondeste no porão,
Expressa os pesadelos contumazes.


30



Quantos anos serão, pois necessários
Para poder ser dita esta verdade,
A pedra que legaste; má, covarde,
Tornando os nossos dias temerários...

Enquanto os miseráveis vão à míngua,
As enguias vestidas de profetas,
Rastejam e retornam quais cometas,
Mordendo e envenenando, podre língua,

O Pai que nos amando sem porquês,
Vendido como um tolo milagreiro,
Vestido como um duque ou um marquês,

Douraram cada templo, vil tesouro.
Não Foste tal venal aventureiro
Tocado pela “glória” em prata e ouro..



31


Quanto tempo; fiquei na esperança,
De encontrar um sorriso, um abrigo.
A minha alma, teimosa não cansa,
Eu não temo mais dor nem castigo.

Sou um pobre mineiro sozinho,
Sem destino, sem rumo, sem nada...
Esperando alguém no caminho,
Vou perdendo o sentido da estrada.

Quero a voz tão suave do vento,
Que de longe, chegou, devagar.
Divagando no meu pensamento,
A vontade que tenho é de amar.

Neste canto feliz que te faço,
Novo amor ocupando um espaço...



32

Quanto tempo passei, andando, errante
Na busca deste sonho mais feliz,
De encontrar meu amor a cada instante,
Devorando do céu, belo matiz.

Como um nauta sem rumo e sem destino,
Na cruel incerteza da chegada.
O meu sonho mais puro e cristalino,
Quase sempre vazio, dava em nada...

Beijando esta esperança de viver
Transformando meu dia em triste fado,
Tresloucado querendo conhecer
A beleza de ser, enfim, amado.

Depois que dei a sorte de te achar
Hoje sei como é bom demais amar!


33


Quanto tempo não vamos para a praça!
Das noites que vivemos de tão belas,
Restaram só lembranças, só fumaça...
Amávamos sinceros sob estrelas...

Nada mais restou, a vida esparsa,
A lua e as estrelas que há delas?
Um riso melancólico disfarça...
Nos olhos iluminam outras velas...

Quanto tempo sem praças nem passeios...
Amávamos tranqüilos sem ter medo.
As mãos mais atrevidas buscam seios,

Bem baixinho, trocávamos segredo...
Os amores trocaram seus anseios
E agora, tristemente, dormem cedo...



34


Quanto tempo levei p’ra te tocar,
Nossos lábios secando sem saliva,
Saliva abençoada por amar...
Amor... Nessa tal força radioativa...

As chuvas e as pedras, tantas dores,
Distantes dos teus lábios, tão sedento.
Vivendo muito tempo sem as cores
Que trazem nosso amor, solto no vento...

Depois de ter fugido de mim mesmo,
Depois de ter bebido a tempestade
Da vida assim vivida, tão a esmo,
Lutando pelo lume, claridade...

Agora, finalmente, meus desejos,
Trazendo meu estio, nos teus beijos...



35

Quanto mais repartires sentimentos
Mais forte, com certeza, tu serás.
A força com que lanças pelos ventos
A voz com que se mostra tanta paz.

É sempre a que tu guardas no teu ser.
Eu sinto que não temes mais a morte,
Na sorte maviosa de viver.
Que faz de todo mundo bem mais forte!

Amiga, não permita que a loucura
Invada a sensatez que é tua amiga.
Perceba como é clara uma água pura,
Assim no teu caminho vá, prossiga.

A senda de quem segue é mais estreita
Conforme a tirania a que sujeita...



36


Quanto mais eu te vejo, menos sinto...
Teus olhos são distantes, mas presentes...
Quando estás assim perto, são ausentes;
Quando digo: conheço-te, mais minto.

Mas, paradoxalmente; se me tinto
Com cores de outros olhos ou vertentes
As mudanças; tragando minhas lentes,
Nos teus olhos, então, os meus eu pinto...

Quem me dera saber do não sabido,
Meu olhar, nos teus olhos, escondido.
Reflexo que embriaga, deixa louco...

Conhecer minhas dores e destino,
Ao mesmo tempo eu vago e perco o tino,
Mergulhando em teus olhos, pouco a pouco...


37


Quanto é possível ter tranqüilidade
O tempo segue em paz, por Deus ungido
O sonho mais perfeito nos invade,
Do amor que tanto dizes não duvido.

A vida se passando sem receios
No tempo que se faz, amante e amigo
Encontro em fantasia os belos veios
Prazer alucinante que eu persigo.

Eu quero essa morena soberana
À cada novo encontro outro convite
Tocando com carinho em noite insana.
Amor que a gente quer não tem limite.

Gostosa maravilha eu posso ver
No jogo de se dar e receber.


38


Quanto é possível ter tranqüilidade
No gozo mais gostoso prometido,
Entre as tuas coxas, fogo invade
Acende em fogaréu minha libido.

Lambendo os teus divinos, duros seios,
Descendo minha boca ao teu umbigo
Encontro em fantasia os belos veios
Prazer alucinante que eu persigo.

Eu quero essa morena bem sacana,
Do jeito que Deus fez, doce convite
Tocando com carinho a sua xana,
Amor que a gente quer não tem limite.

Gostosa maravilha eu posso ver
No jogo de se dar e receber..



39


Quanto alvoroço causa nosso amor,
Palavras escolhidas não refletem
Toda a potência enorme deste ardor
Que raras vezes, saiba, se repetem...

Na noite tão imensa desta vida,
Com tal fervor parece-se uma prece,
Oferecendo uma feliz saída,
A quem solenemente já padece...

Meu coração rasgando essa mortalha
Que enegrecia sonhos e desejos.
Trazendo este cavalo de batalha
Na luta por teus mansos, doces beijos...

Que Deus já nos permita a claridade
Que posso traduzir: felicidade!


40


Quantas vezes um copo esvaziado
Nos deixa uma impressão de meio termo.
Do tempo que perdemos, derramado,
O sentimento morre, vai longe, ermo...

Não deixe que isto ocorra, meu amigo,
A plenitude intensa nos protege,
Na luta mais constante, o teu abrigo
É canto que me toma e que nos rege.

A vida se apresenta traiçoeira,
A solidão nos bate sempre à porta.
Unindo nossa força costumeira
Nem mesmo uma tristeza já me importa.

Os teus braços atados com os meus,
Nos levam bem mais perto de Meu Deus...


41


Quantas vezes tu perdes, querida,
O melhor desta festa, viver.
Nas pequenas delícias da vida
Esqueceste do grande prazer.

Sempre trazem de volta a esperança
As notícias que amor vem e traz.
Mas se queres o melhor da dança,
Procurar nesse amor tanta paz.

Se esse canto que vem é de guerra,
Minha amada não vale sonhar;
A tristeza em batalha se encerra,
É preciso aprender como amar.

Eu te quero feliz, companheira,
Paz no amor, seja tua bandeira!



42


Quantas vezes sonhei doces amores
Que dispersos, jamais me encontrariam...
Em meio a tristes trevas, morrem flores,
Os desejos mais febris, se contrariam...

A minha primavera carpe dores,
Nas luas que não brilham, já morriam...
Os olhos procurando suas cores,
Perdidos, cegos, baços, nunca viam...

Da primavera plena de ventura,
Nem sequer os raios deste sol...
O medo apodrecendo, sem ternura,

No fel de nossos beijos, foi mortal.
Nada que procurei encontro. O farol
Opaco me guiava, nem sinal...
Marcos Loures


43


Quantas vezes senti que não querias
O vento da promessa que te trouxe,
Errara, pois nas raras alegrias
Da vida, com certeza és a mais doce.

Descanso nas entranhas, sentimento,
Se minto, pois cimentas nossa sorte,
É por que não pressinto mais tormento;
Nem sequer sofrimento de amor, morte.

Eu sei que nas estradas mais compridas
As curvas sempre ocorrem, não duvido.
Mas sei que tantas regras bem cumpridas
Permitem nosso sonho mais servido.

Sou servo deste amor, eu sou cativo,
E sei que p’ra te ter estarei vivo...


44


Quantas vezes se perdem intenções
Na falta de coragem para a luta.
Não devemos viver só de ilusões
Por mais que a vida venha dura e bruta.

São tantos os temores e os senões,
Mas saiba que a esperança é bem astuta
E, no final de tudo, as sensações
Vibrando na vitória que se escuta.

Muito aprendi contigo, companheiro,
Amigo dos momentos complicados.
Entregar-se sem medo e por inteiro.

Não se deixar fazer nem ter reféns,
Ensinamentos dados e guardados.
Em nome disto tudo, parabéns!


45


Quantas vezes perdido pelas ruas
Fiel aos meus desígnos prometidos,
Na busca por mentiras seminuas
Nas saias, nos requebros, nos vestidos,
Nas pernas tão roliças, carnes cruas,
Vivendo das paixões mal resolvidas...

Quantas vezes sangrando em cada porre
Nos becos, nos botecos, nos puteiros,
O sangue em cada corte ainda me escorre
Dos meus velhos entraves bandalheiros,
Nem mesmo o que nós fomos mais socorre
Destes canibalismos verdadeiros...

Quantas vezes risonha meretriz
Me mostra como agora sou feliz!


46


Quantas vezes perdido não me inundo
Das sutilezas mórbidas, perdão...
Quem fraseia martírios, vai profundo...
Perfura tolas veias, coração...

Do cheiro que emanaste nauseabundo,
Recende tão somente a podridão.
Quantas vezes perdido, moribundo,
A morte se portando solução!

Nas hortas adubadas com meu sangue
Poroso solo traz novas verduras...
Putrefata matéria deste mangue.

Escrevo meu futuro com sangrias...
As notas que produzo são escuras...
Os motes que denotas, fantasias...
Marcos Loures


47


Quantas vezes pensei que enfim tivera;
A sorte do meu lado, companheira,
Sorriso de mulher viva pantera
Cortando a minha carne beira a beira.

Depois de certo tempo sem ter nada,
Vivendo a plenitude do vazio,
Tua presença quase idolatrada
Na pólvora estampada no pavio,

Fez toda esta ilusão cair por terra,
Num terremoto imenso, nada sobra,
O vento da saudade que descerra
Abrindo esta tristeza que redobra...

Mas nada mais me lembro das paixões,
Somente o ter vivido as emoções...



48

Quantas vezes pensando no que fomos
Esquecemos o que inda irá chegar...
A vida apresentando tantos tomos
Por vezes nos ajuda a despertar...

Pois quando a minha vida foi roubada
Pelo bem que tanto quis mas não me quer.
Depois de mergulhar encontrei nada
Nem os olhos nem sombras da mulher

Que foi meu sofrimento e minha sina...
Que trouxe tanta luz e me cegou.
A mão que acaricia e me domina,
Perdido aqui, no canto, me deixou...

De nada do que tive, me arrependo...
De meus amores, todos, vou vivendo...


49


Quantas vezes na noite eu me desperto;
E acordando, procuro por você;
Com certeza sedento de prazer,
Muitas vezes sofrendo eu vago incerto..

Tu estás, assim, distante mas tão perto,
Aguardando-me, enfim. Sobreviver
Nessa vida improvável, quero crer
Que te tenho comigo, amor dileto...

Eu não sei mais porque tanto me agarro
Só nessa perspectiva, tudo varro:
Tristezas, agonias, sofrimento...

Quem me dera poder ter teu alento,
Onde esperança teima novo intento;
Em tua brasa acesa, meu cigarro...
Marcos Loures

13350


Quantas vezes na guerra e na saudade,
Trincheiras diferentes ocupamos.
As armas mais diversas que enfrentamos
Jamais nos esconderam claridade...

Palavras mal usadas, na verdade,
São armas que no fim, sempre que usamos,
Ferem-nos, nos maltratam e nos cortamos...
Depois de tantas lutas, liberdade!

Mas, como viciado não resiste
À distância daquilo que vicia,
A noite que retorna encontra triste

Amor que se transforma, mas perene...
Depois de tanta guerra, novo dia,
Procuro me aninhar, teu colo, Irene...
Marcos Loures


51


Quantas vezes me perco em teus olhares,
Não posso me esquecer silente e frio,
Das noites que jamais nos dão luares.
No peito que rasguei, segui vazio...

Estrelas que por certo brilham bares,
Nos rumos que perdi persigo o fio.
Os meus sonhos trazendo teus sonhares.
Nos rumos dos amores que me fio...

Meus sonhos, com certeza desfaleço...
A mão que me dedica, carinhosa...
O tempo de viver, triste padeço,

Nos velhos laranjais, nosso quintal.
Jardins que te dedico tramam rosas.
Saudades desse triste carnaval...
Marcos Loures


52

Quantas vezes lançando fortes gritos
Em meio a tempestades, condenados,
Perdidos, caminhamos mais aflitos
Buscando uma alegria em tristes prados.

Alçando o pensamento aos infinitos
Soltamos na agonia duros brados.
Amores que se foram, velhos ritos,
Só restam quais fantasmas, recordados...

Aos píncaros distantes, pensamento
Encontra algum alento na esperança.
Voltar a ser feliz por um momento,

A cordilheira some e não se alcança.
Sozinhos, enfrentamos frio vento
Levando tão somente uma lembrança...



53



Quantas vezes invado teu castelo
E faço-te refém do meu desejo...
Num ato tresloucado me revelo
Imerso na beleza que, em ti, vejo...

Te prendo nos meus olhos, minha fada,
Requintes de magia, e de loucura.
Nas graças e delírios minha amada,
Num ato de paixão e de ternura...

Desejos enlevados, fantasias,
Em versos mais sensíveis te proclamo.
És dona dos meus sonhos, alegrias.
Não sabes meu amor, por que te chamo,

Nas doces maravilhas do teu sono,
Deitando sem temor, nosso abandono...


54

Quantas vezes fugiste, nem sinal...
Procuro-te sedento sol ardente...
Teus cabelos, boneca, milharal...
Vales e montanhosas terras. Crente

De que estarás por perto, novo astral
Percorro tresloucado, delirante...
Tanta vida guardada num bornal,
Esperança transforma-se em gigante!

Quantas vezes não tenho nem notícias
Mas, vagando por trilhas sem destino
Espreitando nas curvas, tais delícias,

Meu caminho se torna clandestino...
Quantas vezes buscando por carícias,
Em teus braços voltei a ser menino...
Marcos Loures


55

Quantas vezes fugi de tal quimera,
Colérico desfiz dor miserável.
Nas voltas do meu tempo, qual esfera,
Cevado por saudade incontrolável.

Não posso perpetrar uma velha era...
O tempo se demonstra inconciliável.
Me resta essa esperança podre e fera.
Metástase espalhando é incontável...

Destino me desfere sua seta.
A vida sem amor é puro estorvo.
Não serve como base é incompleta;

Um coração enfermo sem remédio,
Traz só notícia triste, é como um corvo,
Se não mata de dor, mata de tédio...
Marcos Loures


56


Quantas vezes esqueço de dizer
Coisas que bem sei são importantes.
Difícil tantas vezes perceber
Se a gente não pensar, ficam distantes.

Às vezes me empolgando com lazer
Achando que seriam triunfantes
Os gozos e as falácias do prazer.
Mas vejo que se foram, bem farsantes.

Da antiga companheira, abandonada
Num canto qual retrato na gaveta
Jogada, quase assim, amarelada,

Na tinta que termina da caneta.
Porém depois do amor, resta amizade
E eu reconheço ali a liberdade..


57


Quantas vezes distantes vendavais
Surgiam no horizonte, qual mensagens
Lançada pelos deuses imortais.
Pensávamos tristonhas sabotagens,

Formávamos medonhas aparagens
Nossos sonhos em pares, imorais
Não deixaram sequer essas visagens,
Meu barco, derradeiro, pede um cais...

Os ventos que te trazem foram parcos...
Os medos que deixaste foram tantos...
Os olhos que procuram pelos barcos,

Segredos escondidos nesses mantos...
Os ventos da lamúria traçam arcos,
Os olhos doloridos chovem prantos...
Marcos Loures


58


Quantas vezes correndo nas campinas
Eu via essa morena quase nua...
Saltando entre verbenas e boninas
No passo tão macio que flutua.

As rosas ladeando essas passadas
Por vezes, nos espinhos, te arranhava;
As costas nos vergões tanto marcadas
Meu sonho de teu corpo se chegava.

Quem fora mais feliz nos seus amores
Sabia da importância da visão
Da flor que recendia tantas flores
Trazendo um bom perfume de ilusão.

Correndo nas campinas quase nua.
Minha alma na tua alma continua...


59


Quantas vezes chorei por ter perdido
Um sonho que pensara ser perfeito.
Pensava ter futuro decidido,
Em pouco, tudo em vão, findo, desfeito...

Quantas vezes as mágoas foram tantas,
Que nada me bastava, nada, nada...
Deserto, meu jardim, perdia plantas,
Na ausência da mulher por mim amada.

Quantas vezes, jogado em algum canto,
Meu canto quase mudo, não falava...
Tomado pela dor e pelo espanto,
A vida, pouco a pouco se acabava...

Agora, que te encontro, meu amor;
Conheço o bem da vida, salvador...


60

Quantas vezes buscando um verso que
Dissesse deste amor que em paz me toma,
Sabendo da alegria como soma
A vida se mostrando sem um se.

Depois de procurar onde e porque
Eu encontrei a força que me doma
Enquanto em fantasia já se assoma
De tudo o que sonhara tem um quê.

É tendo o coração enamorado
Que eu sinto a liberdade me rondando.
Sem medo de saber talvez ou quando

Eu vejo os meus caminhos ao teu lado.
A chama mesmo tênue não se apaga
Nas tramas da emoção intensa e maga...
Marcos Loures


61

Quantas mentiras pela vida somo...
Quantas mentiras pela vida somo...
O mundo em minhas mãos já se perdeu...
As dores nos matizes, perdem cromo,
Sobrando destas dores, restou eu...

Não quero perceber da maçã, pomo,
Nem quero cortesã, nem himeneu...
Com as rédeas perdidas, me retomo...
A morte prometida me esqueceu...

Momentos tão difíceis e diversos,
Martírios invadindo duros versos,
Banidos os meus sonhos são mentiras,

Das garras rapineiras deste amor
Os olhos se perdendo, morta a flor
O coração exposto, morto em tiras...


62


Quantas loucuras! Quantas... transtornaste
Meus dias... Já passamos por tempestas
Por orgias... Vivemos tantas festas,
Mas em loucura tantas coisas transformaste!

Na janela entreaberta várias frestas
Permitem penetrar dor e desgaste...
Imploro vorazmente que se afaste
Tentando preservar, mas não me emprestas

As tuas mãos... Teimosa, finges riso...
Gargalhas das desfeitas que me fazes...
Teus beijos tresloucados, são martírios!

Muita vez, a chorar, me martirizo...
Feridas não se curam só com gazes!
Embalde já lutei com teus delírios!
Marcos Loures


63


Quanta vez, na calada, me recolho,
A boca que me beija me traz sede,
O sangue de meus lábios, fino molho,
Deitados contorcendo a mesma rede...

Nas portas das saudades, um ferrolho,
No campo da ternura, uma parede.
No resto de meus dias, meu restolho,
Amor que não se muda, vem enrede...

Nas bandas do desejo, me arrenego.
Tocando meus extremos,vida lenta...
Voando pertinaz, viro morcego.

A mão que me carinha me machuca...
Barragem que saudade não faz benta...
Teus lábios vão roçando a minha nuca...


64


Quanta saudade, eu tenho meu amor!
A vida foi passando e não levou
O gosto do namoro encantador
Que sabe muito bem por que chegou.

No banco da pracinha. Num calor
Que nada mais na vida aliviou,
Sorriso delicado e tentador,
Que a boca sem avisos, te beijou...

As mãos tão atrevidas no cinema,
Buscando o paraíso na cadeira.
Não; amor, por favor... Aqui não gema!

Depois; na lanchonete um bom sorvete...
Lembrando desta luz tão verdadeira,
Ah! Que vontade, meu amor... De sorve-te!


65


Quanta noite passada e ele tinha
O medo que trazia inverno e frio;
A noite se calava e sempre vinha
Deixando o coração mais luzidio.

O tempo transtornara e à noitinha
O rosto se pintava doentio...
O corpo da princesa se mantinha
O medo transformara em vil, sombrio...

Ao retornar à vida nem sei quando,
Nos ritos desse velho mandarim,
Não pode mais viver sempre hesitando,

A vida não deseja um triste fim,
Passar seu tempo todo levitando.
Buscando a claridade e tudo assim...
Marcos Loures



66


Quanta melancolia a noite traz,
A saudade invadindo o velho peito.
Penso até se terei algum direito;
Pois, sem você, serei do quê capaz?

Tantas flores no campo eu quero mais,
Quero o gosto sincero e tão perfeito,
Que a vida prossiga do meu jeito
Nunca quero deixar nada pra trás...

Um gole de conhaque, me traz lua,
E na boca da noite, doces lábios.
Queria não conter desejos sábios,

Amores já perdi e foram vários.
Minha’alma restará, ficando nua,
Minha alma que, perdida, segue sua...


67


Quanta luz irradia o teu olhar!
Belo farol guiando cada sonho,
Meu mundo sem teus olhos vai tristonho
Na busca desta brasa, meu luar.

Aurora dos amores sobre o mar
Deixando para trás o breu medonho,
Futuro iluminado sempre sonho
Nestes rastros magníficos do olhar.

Obumbrado em teu colo, minha amada,
Nas duras incertezas desta vida,
A sorte te mostrando transformada

Envolta nos faróis de teus olhares;
Andarilha manhã vê a saída
Fazendo de teus olhos meus altares..



68


Quanta beleza, amiga, em nossa trilha
Na busca inesgotável pela paz.
Vestindo, da esperança, a maravilha
De saber que, contigo, sempre mais!

Amiga, turbilhão, tanta magia...
Supera, com calor, o friorento
Inverno tão difícil da agonia.
Impede toda dor e sofrimento...

Nas horas;solidão, mais complicadas,
Ajuda a compreender quão importante
Seguirmos, abraçados, nas estradas
Que tramem novo sonho, novo instante...

Amiga, na beleza de uma flor,
Exposto, a cada dia, um esplendor!


69


Quanta beleza existe nesta flor!
A natureza em capricho, que é divino,
Num momento de raro desatino;
Para poder brindar o puro amor,

Com pinceis de raríssimo valor
E com toda a pureza de um menino;
Num momento de glória tece um hino,
Mostrando o seu poder: Nosso Senhor

Numa atitude bela que inda está
Gravada na lembrança encontrará
Uma medida exata da beleza.

No exato instante, cheia de tristeza,
Ao ver sangrar assim, a Nobre Alteza
Do sangue se pintou: maracujá...


70


Quanta beleza encontro em minha amada,
Anseia por ventura um coração,
Que sabe que esta vida é quase nada
Se não houver as bênçãos da emoção...

Meus passos descortinam meu futuro;
Imerso em teus carinhos, sigo um sonho.
Cravejo em plena luz o mar escuro,
Afasto um pesadelo mais medonho...

Qual ave desvalida, pequenina,
Minha alma te procura sem cessar.
Amor que logo cedo me domina,
Vertendo-se em carinho, faz sonhar...

Eu quero nosso amor em pleno espaço,
Depois poder dormir no teu regaço...


71


Quanta alegria, amada, me trouxeste
Na volta que ansiava todo dia.
De todos os meus sonhos, tu vieste
Trazendo toda a paz e fantasia.

Contigo novamente sou feliz,
Meu peito sofredor já vive em paz.
Tu és o que na vida, sempre eu quis,
Somente teu amor me satisfaz...

A casa sem te ter, é quase morta
As flores esquecidas no jardim,
Ao ver tua chegada, aberta a porta,
A vida renasceu dentro de mim.

Tanta felicidade, meu amor,
E nunca mais te vás, faça o favor...


72


Quanta alegria em ter tua amizade!
É força que me impele pro futuro.
Traduz-te em total jovialidade
Supera qualquer duro e triste muro.

Duplica um sentimento mais feliz,
É ramo que se expande em tantos galhos,
Florindo em várias cores qual se quis.
Corrige nossos atos, mesmo os falhos.

Não deixa que esta angústia nos domine.
Não deixa que esta dor seja constante.
De todo o mal que sempre vem, redime,
Transforma em divindade, num instante.

Ao mesmo tempo em que divide a dor,
Das alegrias, multiplicador!


73



Quando tu vens, cansado viajante,
Dessas tuas longínquas caminhadas,
Atravessando rota fatigante,
Sob o sol escaldante nas estradas...

Muitas vezes, sedento e radiante,
As notícias virão emocionadas,
Ou mesmo em tais momentos, inconstante,
Nos rapa-pés das gentes educadas...

Num primeiro momento sou lembrada,
Pouco tempo depois, virei poeira,
Depois ninguém mais pensa, não sou nada...

Desprezada num canto, a companheira,
Que tanto te servira mas, quebrada,
Ó vingança cruel dessa cadeira!

Te levo ao chão, de primeira,
Tua nobreza s’afunda,
Quando cais de mim, cadeira,
De novo rachas, a bunda...



74


Quando tinha, seu moço, uma lembrança
Dos tempos que se foram e não voltam,
Trazendo, no meu peito, esta esperança
Que as mãos desta mulher, agora soltam...

Voando qual balão, se foi pra onde?
Depois da capinzeira, lá no pasto,
Eu grito, mas viva’alma não responde
Meu peito sofredor, ficando gasto...

Sobrou a braquiária da saudade,
Mas mesmo assim, eu penso em resistir,
Amar, como é tão bom se é de verdade,
Traçando um bom caminho para onde ir.

Quem sabe outra morena vem pra cá?
Quem sabe? Meu amor... Te espero e já!
13375


Quando te sinto, lúbrica e sedenta,
Deitada nos meus braços, sedutora...
A vida em esperanças se arrebenta
Em minha alma que é sempre sonhadora...

Nos teus olhos tristezas preservadas
Deste tempo sofrido, sem amor...
Minhas mãos te buscando, t’as estradas,
À procura do mar, pleno calor...

Observando teu rosto em convulsões
Que somente o prazer nos propicia,
Tanto amor vem jorrando aos borbotões
Nesta dor que enlouquece e que vicia...

E de tanta ternura, então me inundo,
Não há maior beleza neste mundo!


76


Quando te quis, fugiste num solstício...
Bem antes nem sabias de meus versos...
Agora meu querer não é fictício.
Procuro-te vagando os universos!!

A sorte me legou venal ofício,
Procuro meus sentidos mais diversos,
Nos píncaros mais altos, precipício,
Esses íngremes morros são adversos...

Quando te quis, levaste meu poema,
Sugaste todo sangue que pulsava...
Restando nem sequer um só emblema!

Nas pontes que passei, quedei pinguelas...
Vertidas muitas lágrimas, estava
Fechando tantas portas e janelas!
Marcos Loures



77

Que a vida não nos trame mais martírios
Nem mesmo a solidão, triste quimera.
Que o amor seja repleto de delírios
Numa felicidade em primavera.

Que o tempo seja farto na bonança
Que a lua seja sempre plena e farta.
Sorriso tão gostoso de criança
Sem dor que já não vive e se descarta.

Que a flor da liberdade seja tanta
Brotando num canteiro feito em paz.
Que a casa iluminada seja santa
Num mar tão delicado, a vida traz

A sorte que se quer. E que consiga,
Na vida, o que quiser; querida amiga!


78


Que a vida já nos trouxe há tanto tempo
Decerto além do que pensei outrora
Amor não é somente um passatempo,
Enquanto cura nos trará espora.

Porém não temo o temporal jamais.
Prosseguirei pelo caminho atroz
Enquanto houver uma esperança em cais
Eu lutarei sem temer nada após.

Quanto desejo finalmente o sonho
Vivenciando uma alegria imensa
Por isso sempre tanto amor proponho

Sentindo enfim o vento no meu rosto,
Amor que brinda quem em glórias pensa,
Janelas bem abertas, peito exposto.
Marcos Loures


79


Que a sorte transparente não me traia
E traga finalmente um grande amor.
Trazendo a mais perfeita e rara flor
No sonho que em belezas já se espraia.

Depois de navegar, chegando à praia
Um mundo radioso a se compor,
Farturas de emoções a te propor
Enquanto a solidão, vaga, desmaia.

Sentindo este bafejo da esperança
A lua volta a ser como criança,
O medo adormecido resta mudo

E o tempo passa a ser meu aliado,
Bebendo da alegria em manso prado
Prossigo esta viagem, vou com tudo.
Marcos Loures


80

Que a sorte de viver não me envenene,
Nem traga ao nosso amor, ruído e traça.
No quanto que eu quero, em cada gene
Hereditariamente, nos enlaça.

Na praça dois acordes dissonantes,
Instantes são iguais, nada os separa.
Te quero totalmente e assim bem antes
A verve deste sonho se entranhara.

Na clara e não sutil diversidade,
Somamos e fazemos arvoredos.
Nas ruas e calçadas da cidade,
Espalhamos os nossos bons enredos.

Na rede dos teus braços me encontrando,
Não sei e nem pergunto desde quando...
Marcos Loures


81


Que a primavera traga em cada flor
Uma esperança bela de viver.
Falando de amizade, um trovador
Relembra quando outrora um bem querer

E um amigo verdadeiro, ou um amor
Enchia um repentista de prazer
Por isso tantas vezes dou valor
Àquilo que consigo perceber

Já ser o bem divino que nos cura,
Mostrando quanta paz, quanta ternura
Acolhem cada passo que se der

Na direção de um sonho mais feliz,
Louvando uma esperança que bem quis
E os braços calorosos da mulher...


82

Que a noite traga sempre como unção
Os braços da mulher maravilhosa
Adentra com vontade o coração
E planta no meu peito, bela rosa.

Fervilha de alegria e sedução,
Mostrada nesta boca tão formosa,
Deitando sobre a cama mais fogosa,
Promete no final, um turbilhão.

E assim, mulher bendita e tão profana,
Pecaminosamente soberana
Entrega-se à volúpia e vem sem freio.

No quanto meu amor já te procura,
Bebendo insensatez, santa loucura,
Eu vibro de prazer e me incendeio...


83



Que a noite seja sempre iluminada;
Tocada pelas mãos do meu Senhor,
Disseminando a paz de um grande amor,
Na luz que ora se espalha na calçada.

Sem Ti, meu Pai, a vida não é nada,
Por isso é que Te canto num louvor
Que seja este soneto o tradutor
Da glória tantas vezes alcançada.

Eu agradeço o pão e a poesia
O sonho que permite e que recria
A fantasia feita liberdade,

Mas também sei o quanto é necessária
Por mais que alma se mostra libertária
A dura, mas precisa realidade...


84

Que venham as formigas, sou cigarra
Que tenta disfarçar o eterno inverno,
O amor não disse nada do meu terno
Enquanto no meu mar, perdi amarra.

Apenas esperança inda se amarra
Nos versos que pretendo, sem inferno,
Às vezes maltrapilho, tento e hiberno
Fingindo que não sinto dente e garra.

Mas sendo e sempre sou, farto imbecil,
O amor não se traduz neste covil
Aonde debrucei meu pensamento.

Arcanas ilusões fazem sucesso,
Porém o que restou é o que te peço
Ao menos um sorriso, falso ungüento...
Marcos Loures


85


Que um grande amor, enfim, eu encontrara
Após lutar nesta total loucura,
Sorte tamanha; acreditei. Tão rara...
Porém amor se traduziu tortura.

Não saberei colher da vida amara
Sequer os grãos que me trarão fartura,
A redenção de quem a paz procura
Sonhar. Decerto uma esperança cara

Porém, vazio talvez venha agora
Um novo dia amanhecendo em glória
Que molde enfim a derradeira história

Na mão amiga a plena paz se escora.
Mudando o rumo enfrentarei o mar,
Quem sabe assim eu poderei sonhar.
Marcos Loures


86


Que um dia nosso amor vá renascer,
Ainda guardo a frágil esperança.
Sentindo a cada dia que perder
Nos traz este sabor: dor e vingança...

Pois se teu sofrimento é meu prazer,
Olhar sem piedade que alma lança
Demonstra, disso eu sei, o teu poder.
Imagem que traduz tal semelhança

Reflexos que procuro neste espelho,
Já mostram do outro lado, um rosto velho,
Manchado pela dor, férrea amargura

O que talvez trouxesse alguma luz,
Às trevas tormentosas me conduz
E o amor que antes foi sonho hoje tortura...
Marcos Loures


87


Que um claro amanhecer já se permita
E mude totalmente a velha história
Trazendo em suas mãos, brilho e vitória
Ao lapidar assim, rara pepita.

Quem crê numa amizade tão bonita
Já sabe recolher a imensa glória,
Por mais que a noite surja merencória
A sorte em tal abrigo é bem escrita.

Não tema as mais terríveis virações,
No apoio de um amigo, as condições
Perfeitas pra quem sabe navegar.

Cultive em calmaria o manso abrigo,
Que enfrenta qualquer forma de perigo
Sem nada mais temer: livre voar...


88


Que tua vida traga a mansidão,
Um passo necessário e sei, preciso,
Aonde a gente vence a solidão,
Tomando o nosso rosto num sorriso

Eternizando o mágico verão,
Florindo este caminho que ora piso.
Tramando no horizonte este clarão
Distinto do que foi gelo e granizo.

Ouvindo no piano estas canções
Aonde se deleita a fantasia.
O amor tendo as perfeitas percepções

Do quanto é importante ser feliz,
A cada novo tempo se recria
E o velho sofrimento se desdiz...


89


Que tanto maltrataram; não me engano,
Os prados se inundaram desde quando
Mudando de repente cada plano,
O teto dos meus sonhos desabando.
O amor por mais incrível quase insano
Entranha em meu caminho, decorando.

Na boca da morena carmesim,
O doce feito em mel, pura garapa,
No campo dos prazeres o alecrim
Tempera o que mais quero e não me escapa.
Bebendo da alegria, o farto gim,
Amor já delimita o nosso mapa.

Trapaças eu não vejo e as renego,
Nos braços da morena, eu já me apego...
Marcos Loures


89


Que sejas mais feliz querida amiga
Sabendo que outro dia nascerá
Por mais que a dor ainda te persiga
Decerto o teu caminho brilhará.

Que a força de um amor que se consagre
Ao Deus que sempre traz em paz a cura,
O verdadeiro amor é um milagre
Que espalha sobre nós tanta ternura.

Não creia que virá, pois, de bandeja
A sorte que se quer e se persegue
Não é nos bancos frios de uma Igreja
Que toda a plenitude se consegue

No irmão que necessita, podes ver
O Deus que enfim se deu a conhecer...
Marcos Loures


90

Que sejam os desejos mais carnais
A marca deste amor em girassol.
Vibrando no teu corpo sol e cais,
Brilhando mais potente em arrebol.

Resenhas e farturas, teu suor.
Visões alucinantes da alvorada.
Te quero mais profana e bem maior,
Roçando o teu roçado, terra arada

Com gozo e com rastelo de esperança.
Bebendo cada gota da saliva,
Somando nosso fogo, em louca dança,
Até que a gente fique em carne viva

Ardendo as labaredas do desejo,
Fazendo em cada noite mais festejo...


91


Que sejam mais carnais nossos desejos
Trazendo um palpitar nesses anseios,
Sem medo, sem temor sem tantos pejos.
As mãos vão deslizando nos teus seios...

Que sejam nossos sonhos loucos rumos,
Em busca das visões alucinadas.
De todos os prazeres tantos sumos,
Nas somas das manhãs anunciadas.

Nas horas mais orgásticas e fecundas
Sonhos, palpitações, tremer de pés.
As bocas se procuram mais profundas,
Tocando nossas vidas de viés...

Eu quero te saber completa em ânsias,
Sentir de teu carinho, essas fragrâncias.


92


Que seja tão somente um vento manso
O amor que muitas vezes, faz sofrer.
O quanto que desejo em teu remanso,
Colher os frutos tantos do prazer.

A noite mais sublime eu preparei,
Usando a fantasia como mote.
O tempo de sonhar decora a grei,
Do mel dos teus delírios quero lote.

A vida num segundo, ou pouco mais,
Felicidade? Apenas um momento,
Nas tramas dos quereres tão banais
O gozo tão sobejo que eu invento.

E sei da cajuína cristalina
Deitando no teu colo de menina...
Marcos Loures


93


Que seja sempre em festa a nossa vida
Trazendo intermináveis sensações
Da estrada tantas vezes tão comprida
Sem curvas nem cruéis destruições.

Não quero, nos caminhos, despedida
Sequer calar no peito as emoções
No quanto eu te desejo, sei cumprida
As sendas tão divinas das paixões.

Querências em carinhos delicados
Delícias descobertas, nosso leito,
Amor vem dominando já meu peito

Deixando os meus temores destroçados.
Vem logo que este dia é todo nosso
Nos braços deste sonho eu me remoço...
Marcos Loures


94


Que seja o mar naufrágio dos meus erros
Voando entre albatrozes, procelárias
E em meia a tais borrascas temerárias
Possa enfrentar incólume os desterros.

Alçando a liberdade sobre os cerros
Imagens delirantes, cores várias
Enfrentar as correntes adversárias
Fazendo das tristezas, seus enterros.

Que seja libertário o velejar
Vencendo as intempéries deste mar
Do pélago me erguer aos céus, espaços..

E ter o ancoradouro tão sonhado,
Depois de tanto tempo abandonado
Nas teias delicadas de teus braços...
Marcos Loures


95


Que se supere em paz, as armadilhas
Mudando da tristeza, duras faces,
Ansiosamente busco esta partilha
De corpos e desejos, entrelaces,

Meus olhos perseguindo a rara trilha
Dos olhos de quem amo. Nela traces
O rumo de quem trama em maravilha
A vida que não trouxe mais impasses.

Silêncios compartilhas com quem amas,
Na entrega em que se mostram nossas tramas
Tomando nossas vidas, o prazer.

Depois dos temporais, farta bonança
Um rastro todo feito em esperança,
No claro plenilúnio eu posso ver.
Marcos Loures


96


Que se dane o lirismo tão babaca
Da moça que se mostra delicada,
Pensando ainda em príncipes e fada
Levando para o brejo, boi e vaca.

Enquanto no passado ela se empaca,
A mula do futuro não diz nada,
Vencendo cada nova madrugada
Não sente do poeta, a sua inhaca.

Arrancando meus olhos, tiro a roupa,
Nem mesmo uma ironia ainda poupa
Aquele que tentou ser mais discreto

Porém o verso amargo deu seu jeito
E agora que este sonho está desfeito
A crua realidade do concreto.
Marcos Loures



97


Que se dane esta velha hipocrisia
Embolorados sonhos de princesa.
Enquanto disfarçando em poesia
Desejo tão somente a sobremesa.

Na pele que compele em alquimia
Eu faço meu carinho com destreza,
Comendo em nossa cama esta iguaria
Repito cada dose, com certeza.

Depois da meia noite, pardas gatas,
Escutam meu miado em serenatas
Fazendo em devaneios, mil viagens.

Nos bailes e boates, nas baladas,
Sarjetas e bueiros, nas calçadas,
Versos apaixonados são bobagens...
Marcos Loures


98


Que se dane esta corja disfarçada
Em olhos sorridentes e venais.
Encontro numa esquina a barricada
A boca escancarada pede mais.

Imagem do futuro depredada,
Apodrecida em ritos sexuais
A lua há tanto amortalhada,
As roupas apodrecem nos varais...

Requebra em Oloduns a bunda astuta,
Da moça que sonhando ser a puta
Que possa faturar tanto “cascalho”.

O amor prostituído, com certeza
Envolto nos seus sonhos de princesa
Buscando pelo príncipe/paspalho!
Marcos Loures


99

Que se dane a vadia que rondava
Qual fosse a meretriz mais desejada,
No gozo que se espalha feito lava
A boca da miséria escancarada.

Aguardo deste pão nova fornada,
Mas sei que no final a morte crava
Seus dentes sobre a carne depredada
Marcada pelas garras; tua escrava.

Usando do teu corpo como altar
A louca sensação de ser teu par
Um verme encontra noutro, o paradeiro.

E assim dois vagabundos reproduzem
Obscuras emoções que nos conduzem
Atados para as glórias de um puteiro...



13400


Que saudades de ti, querido amor
Depois de tanto tempo, estas notícias
Trazendo novamente tais delícias
Que um dia se fizeram meu louvor.

Estando a vida inteira ao teu dispor,
Bebendo em tua boca com malícias,
Sorvendo com vontade estas carícias
Eu venho um novo mundo te propor

Aonde a gente possa ter enfim,
O amor que desejei e até o fim
Busquei em cada verso te dizer.

Retorne, meu amor por caridade,
Venha matar logo esta saudade,
E vamos nossa vida reviver...
Marcos Loures
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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