Sou eu mesmo
a dedilhar a pele
tatuada ao sol.
Dragões alados voam;
seguem a rota dos sonhos traçados
dentro e fora do corpo.
Ícaro renasce
no olhar do outro.
Em silêncio permanece
entre pássaros e nuvens.
Amo Pessoa por ele mesmo.
Bandeira agita toalhas bordadas
enquanto apago dos muros
um grito de desespero.
Janelas abertas
recebem um canto livre
e se avoluma na sala inteira.
Tenho imagens e títulos
de poemas gravados no tempo.
Sopro palavras
contra às pedras,
e digo alguns versos
escritos no gelo.
Eu passo lasso em fios de neve
atado às formas perfeitas do corpo.
Fora de mim,
desenham paisagens
nas estrelas.
Os olhos fechados
velejam lagos ocultos.
Na sombra deserta,
ouço o delírio das almas.
Poemas em ondas deslizam nas águas.