Há um ano que adormece
Na margem onde outro acorda
São os sabores duma época
Orientados na demorada esperança
Vêm as passas do contentamento
De um desejo pedido no íntimo
Há uma noite que enlouquece
Quando ao relógio se dá corda
Batem-se tachos e panelas com a moca
Excitando sobremaneira a vizinhança
Um ruído carismático em divertimento
Causa um rubor global óptimo
Naqueles minutos tudo acontece
Numa alegria que num repente transborda
Muitos saem à janela da sua toca
Numa atitude sem ter semelhança
Fica para o novo ano o lamento
Daquilo que o velho deixou para o próximo
Alegrem-se todos… gente nossa
Numa festa de grande empatia
Que caia chuva da bem grossa
Desde a noite até ao raiar do dia
Saltem foguetes de esperança
Em apoteose bem ensaiada
Preparem o ritual da festança
Façam a festa grande e vibrada
2010 está morrendo
Mas ainda não pereceu
2011 já vai nascendo
Onde o outro cá viveu
António MR Martins
2010.12.31
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...