O mês de dezembro é o mais agitado em termos festivos. O Natal alegra as cidades, junta as famílias e ajuda a levantar o comércio da pasmaceira da crise. Depois do Natal, é a vez de as nações de todo o mundo darem as boas vindas ao novo ano que se avizinha. Compram-se as passas, o champanhe e as fitas para fazer a festa (com a consciência de que alguém terá de aspirar tudo).
Na verdade, todos os anos se repete a mesma festa, se bebem as mesmas bebidas e se desejam os mesmos clichés para o ano seguinte. Apesar de o ano avançar no calendário, há coisas que não mudam, e o velho ditado do “Ano novo, vida nova” parece não surtir o efeito desejado.
Quer queiramos, quer não, o ditado é “Ano novo, vida difícil”. A conjuntura, como sabemos, não é a melhor: persiste a crise económica, agravam-se as taxas moderadoras e sobe o IVA que asfixia ainda mais o consumo e tira poder de compra aos consumidores. Mas, claro está, daí se pedirem os mesmos desejos todos os anos à meia-noite. Desejos pedidos desde o mais anónimo cidadão que festeja já corado numa praça de uma cidade às personalidades mais “in” da moda e da televisão. Os desejos de saúde e amor são, sem dúvida, os mais precisos, pois são estes elementos que garantem alguma da estabilidade social que nos é indispensável. Mas os outros desejos, verdade seja dita, são como escrever uma carta ao Pai Natal: de nada serve pedirmos Paz e Justiça para um Mundo que está virado do avesso. Mesmo que um português repise a frase “Faço votos de que haja Paz no Mundo em 2011”, no dia seguinte explode uma bomba num país destroçado pelo terrorismo.
Outro fator bem típico desta quadra são os espetáculos de fogo-de-artifício. Engraçado que se pensarmos que é a crise e os problemas que se desfazem em mil fragmentos brilhantes no céu, o cenário até tem piada.
Dá-se a contagem, vão para o ar os confettis… e, adivinhem, estamos em 2011! É excitante, não é? No dia seguinte, dia 1 de Janeiro de 2011, acordámos às 3 da tarde, ligámos a televisão e constatámos que, afinal, o ano tinha simplesmente avançado. Continua a haver crise, catástrofes, Sócrates a governar, corrupção e contas ao fim do mês, pobreza, guerra, aquecimento global e outros tantos problemas mundiais.
É muita festa por tão pouco, visto que o que muda são dígitos no calendário da Humanidade. E os problemas continuam por resolver.