Dá a surpresa de ser o espanto
de nosso ser.
Pequeninas, pequeninas estrelas,
que, no azul, cintilam distâncias,
levam a voz do homem, ainda criança –
e na palavra mole da infância,
árvores são plantas e flores têm nome
de mulher (como as andorinhas,
de par em par, sua graça: primavera).
Amanhecem as minhas penas,
que de esperanças andam desavindas,
e o sol doira nos espelhos, que evito,
por lhes saber a constância e a ilusão –
além muito além, onde o horizonte,
mais não é que um pobre risco circular,
cedendo à vontade das cores “arco-íris”
(nuvens esgarçadas mais o verde
das folhas, de olhos fechados).
Saio do recesso de minha vigília.
Na janela me debruço; guardando
jardins abertos –
onde medra a ervinha e os jasmins,
e tu costumas passar,
jarra na cabeça, pés descalços
( e no teu corpo femíneo, um “adeus”,
de mãos enternecidas,
que no poema versado, folhas desfolhou).
Jorge Humberto
29/12/10