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Usuário desde: 15/02/2007
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Re: Nunca se Morre no Porto/Henrique Pedro
" Eu nunca falei do Passeio Alegre, mas namoro como Cabedelo há muitos anos. É uma língua de areia, acariciada pelas ondas.O mar não será como no tempo de Raul Brandão, mas a luz ainda estremece com o movimento e os reflexos da água. o jardim, além das palmeiras de aço fino, que resistem ao vento do mar, tem plátanos airosos,algumas araucárias que devem sentir muito sós, pois vieram de longe e não têm com quem fazer amizade, e duas ou três magnólias que nunca passam despercebidas. E vou esquecer os obeliscos trazidos da Quinta da Prelada (entre os quais passaram os bravos do Mindelo. com D.Pedro IV à frente); e o chalet Suisso, onde se pode tomar um café ao ar livre; e os pescadores do paredão, cuja arte de paciência me lembra os miniaturistas persas, sonhando com fanecas ou enguias ou robalos; vou esquecer-me disso, porque o bonito é o Cabedelo, que volto a contemplar. Esta luz que gostaria de levar nos olhos quando morrer- a luz do mar da Foz, atravessada por duas ou três gaivotas."
Eugénio de Andrade, A Cidade de Garrett, Fundação Eugénio de Andrade 1993.
Obrigada.
2011 que seja...
beijo
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