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QUADRAS DE MIM – II

 



Minha pena é o meu fado,
Tanto pode ser contestatária
Como ternura, por outro lado,
Vestimenta e indumentária.

Escrevo como quem respira,
Embora não saiba ao que vou.
Verso dito também suspira,
Se a palavra não completou.

Em verso ou em prosa dita,
Minha poesia nasce do nada.
É como uma doutrina maldita,
Sendo, nunca me enfada.

Tenho muitos eus dentro de mim…
Qual deles se me assemelha,
Qual deles está longe assim,
Quando se acende a centelha?

E eu que levo os dias a escrever,
Entre rimas passageiras,
Sei que esse é o meu dever,
Para bem das almas altaneiras.

Meu verso dito, já não é meu…
Ganhou asas e voou…
Para aquele que subentendeu,
Não leu o que enfim lhe dou.

Ler não é um hobby qualquer,
Não se complementa por si só.
Pois que ler um livro requer,
Além do papel desatar um nó.

Escrevo de tudo um pouco,
Nas variáveis da poesia.
De tanto gritar fico rouco,
E ainda não é chegado o dia.

Tem por aí muitos senhores
Que julgam ter o rei na barriga.
Acham-se uns doutores,
Vestem-se de cor garrida.

Que sabem eles da poesia,
Ou dos seus intervalos?
Não demonstram cortesia,
Assemelham-se a cavalos.

Só assim se entende,
A sua mui má formação.
E aqui nem depende
O que lhes vai no coração.

E pronto, aqui termino minha
Prosa arreigada – subtil.
Já se vai pelo rio a tardinha,
E um poeta insensato e inútil.

Jorge Humberto
03/09/07

 
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