Abro a janela dos dias,
Vejo tempos de venturas,
A brisa dos sonhos sopra meu rosto,
As lembranças afagam meus cabelos.
Olho o jardim crescendo solto,
Flores decoradas e coloridas por si só,
As cigarras irritadas tecendo o verão,
E o céu atrevido formando aguaceiro.
Desvio o olhar ao gato deitado aos meus pés,
Corpo estirado sobre o piso morno em sombra,
Sua figura é a própria preguiça lânguida e viva,
E eu também viajo em sua inércia confortável.
A cadeira balanga, balanga e olho o céu,
Nuvens se formam e eu prevejo um aguaceiro,
Até já sinto o cheiro da mata ao redor toda molhada,
E aquele cheiro de verde e terra entrando nas narinas.
Meu corpo se estende mais na cadeira,
O gato aos meus pés se espreguiça novamente,
Espero os primeiros pingos caindo no jardim à frente,
E fecho os olhos para acurar os ouvidos e os sentidos.
A janela dos dias vai se fechando,
Os tempos vão correndo em minha mente,
O corpo vai se estendendo mais, ainda mais,
E o céu vai se encobrindo, encobrindo, encobrindo.........
EACOELHO