Se em Guimarães Rosa
Um cavalo beber cerveja
Era certamente história duvidosa,
Noutra roça sertaneja
Essa anedota se comprova.
Numa cidade bem distante
Longe,longe,terra,chão,
Havia um sítio deslumbrante
Vaca, porco,cana,cão.
Nem tão grande nem pequeno,
Mas calmo e aconchegante
Um silêncio quase pleno
Não fosse o som do berrante.
No curral da fazenda
Vaca ,bezerro,carneiro,
Também um cavalo –a lenda!
Tinha ele por volta de um metro e meio,
Tordilho manso e amigável,
Lusitano ,provavelmente.
De beleza única e admirável,
Era ao seu dono muito obediente.
Entre eles havia uma verdadeira amizade,
Creio que dividiam vários segredos,
Mantendo grande cumplicidade.
O cavalo estava ao seu lado sempre,
Em todas as ocasiões fazia-se presente.
Seu nome vinha do carinhoso apelido
Aos companheiros dos pampas concedido:
Pingo – cavalo bom,vistoso e corredor.
Em meio aos outros animais era ele superior,
Tanto pelo porte,quanto pela inteligência.
Parecia ter realmente consciência
De tudo ao que ocorria ao seu redor
Através de um olhar atento e observador.
Todos os detalhes,até mesmo o menor,
Ele cautelosamente analisava
Com seus profundos olhos negros.
O que será que pensava?
Seu dono aos domingos preparava
Um delicioso e farto churrasco.
A gelada cerveja acompanhava
A reunião próxima ao pasto.
O cavalo também participava:
Estendia seu pescoço sobre o muro
E a todos os detalhes observava
Com seus grandes olhos escuros.
Depois de certo instante
Seu dono alegremente lhe ofertava
O líquido amarelo que jorrava abundante
Da garrafa para sua mão em concha.
Era tudo que o animal mais aguardava!
Incrível como a sintonia era presente
Até mesmo no gosto pela cerveja.
Os dois sentiam mutuamente
A mesma alegria, fidelidade, que seja.
Tinham um ao outro, disso sabiam.
E do mesmo gosto partilhavam
Quando se tratava de uma boa gelada.
Interessante essa relação:
Uma vida entrelaçada,
Em meio aos campos do sertão.
Homem e animal
Simbolizando
Amizade ideal.
Doriana Albuquerque
* Dedicado ao nosso querido e eterno Pingo,companheiro de churrascos e passeios;um sempre amigo do vovô.
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