As verdades diversas que pesam dentro de ti. As emoções contraditórias que estalam nos ouvidos, ora lúcidas, ora embriagadas na dor, na exaustão e no próprio delírio - querer esquartejar o peito na esperança que tudo fique definitivo, que a dor se estabilize nas paredes do corpo.
E os teus espasmos psicológicos são claustrofobia (medo de te fechares dentro de ti própria) - a solidão palpita no trilho que escolhes e agarras-te à efemeridade dos teus momentos. Mas isolas-te por escolha, teimosa e orgulhosa, numa redoma que fazes questão de construir. Como te sei e como te compreendo.
Calcas a ferida e sabes como é insustentável o teu mundo platónico, a disparidade dos teus sonhos e do teu ser. Não ousas ser o que sonhas, escorrem-te as oportunidades das mãos e o ímpeto fecha-se no pensamento.
Talvez saibas que a sorte não está do teu lado, embora te esqueças que essa necessita de ser alimentada, que as tentativas não são em vão, que elas te agarram e libertam. Seguir em frente não é uma opção, impõe-se; no entanto, continuas a preferir viver de ilusões precárias, de vislumbres e sorrisos - são as tuas verdades múltiplas, o teu pequeno mundo de faz de conta.
As incertezas apunhalam-te, em pequenas convulsões; contudo, a tua morte é lenta. Escolherias a certeza definitiva, mas falta-te a coragem para a arrancares - it's better to burn out than to fade away - doeria menos.
E continuas a preferir não pensar. És quase feliz quando fechas os olhos e constróis a tua ilusão. Sofres mais, mas é mais fácil. Ser forte costuma custar mais e a tua cobardia alastra-se como cancro (será possível o cancro da alma?). Deitas-te nos teus lençóis de mentira (diversidade de verdade, que eufemismo!) e é quase perfeito. Tudo quase perfeito.
Boa Noite.