Cada instante que passa, é uma gota de vida que nunca mais torna a cair. É a nossa lenta caminhada para o que de mais certo temos na vida, e que nunca iremos nos acostumar com essa idéia. A morte!
É um processo que se inicia no momento de nosso nascimento e que nos persegue por toda a existência até nos vencer sem nenhuma chance de prolongamento. Entretanto, vivemos na terrível expectativa de quando ela vai chegar e como. E quando abraça alguém que nos é bem próximo, sempre a surpresa existe e ainda nos expõe nossa fragilidade diante dessa abstrata inimiga.
O que mais me surpreende, é como existe tão pouco caso, tão pouco respeito ao que antecede a morte.
Viver.
Como é digno e bonito, poder gostar, querer, sentir, fazer e ser feliz.
Isso é viver e conviver.
Abraçar a mulher amada, admirar o sorriso da criança, sentir a amizade dos amigos, participar do mundo e fazer algo que seja bom.
Isso é viver.
Muitos morrem antes de nascer, certamente levando saudades por não haverem conhecido a vida sob o calor do sol. Nós que estamos com vida e em paz com a consciência, não existe nada melhor do que viver.
Existem muitos tipos de vida, como as que gozam todos os prazeres do mundo e as que só padecem. Contudo, mesmo enfrentando as dificuldades de uma vida sofrida, dificilmente alguém quer morrer.
Trabalhar arduamente, perder algumas lagrimas por amor, ser injustiçado, mal remunerado, enganado por legisladores, é uma constante, são coisas que ironicamente podemos chamar de vicio. Mas viver ainda é melhor.
Existem também, como vários tipos de vida, muitos tipos de morte.
Morrer!
O morto não é somente o sepultado. Pode-se estar morto andando entre os vivos. Se dentro do seu peito não bate um coração amável, se na sua cabeça não trabalha um cérebro que lhe guie os passos para os caminhos não tortuosos, conseqüentemente as suas atitudes serão drásticas e preocupantes. Esse tipo de morte tem uma grande diferença. Ela não se incomodará de causar a sua fisicamente ou moralmente.
Enquanto que os sepultados, nada nos fazem, a não ser sentir saudades. Saudades que muito mais eles levaram para a tumba, dos familiares e do mundo.
Na mais eterna miséria, já cansado de humilhações, decepções e desamor, Lautrec disse: - É tão imbecil morrer!...