Ele franze os olhos miúdos, driblando a claridade do Sol. Dá toquinhos na linha, descarrega, mergulha. A pipa está bem alta, o vento está bom.
Sorrateiramente, o inimigo se aproxima. Ótimo! O moleque gosta dum desafio.
A batalha começa, então. As pipas, como se vivas fossem, se bicam aqui e ali, ciscam pra lá e pra cá. As rabiolas, uma verde, outra vermelha; serpenteiam, sinuosas, no azul.
De repente, uma pipa bóia. Sai planando, rodopiando, fugindo.
O moleque sai em disparada. Corre olhando pra cima, saltando os buracos que sabe de cor.
Desce ladeira, pula o muro, atravessa a praça! Ligeiro! Anda!
Ele estanca e pragueja. Presa no fio de luz. A mãe proibiu de pegar… Volta devagar, aborrecido.
Mas logo está correndo de novo, saltando os mesmos buracos, cruzando a mesma praça!
Sonhando com as cores do papel de seda que vai comprar. Cola,vareta e linha! Lá na venda do seu Quinzinho. Põe na conta, tio!
Amanhã tem pipa, da cor do meu time!
Amanhã o Sol brilha de novo, apesar dos buracos da rua.