Dos pedaços de sol que me enviaste, só um não me cabe, é lágrima salgada do sol nascente, é manhã embriagada com fome de poente. Os outros são como luvas que me cobrem a pele deixando-me a boca com sabor a mel. Nos dias em que me nascem girassóis no olhar fogem as noites que cheiram a luar. Uivam as horas em desencontro, crescem os silêncios nas letras e ao fim do dia morrem cansadas. Já nada é seguro no meu abraço, já nada é pedaço do meu cansaço. Sobram-me noites no peito enquanto escuto o brilhar de cada estrela. São elas que traçam o caminho do sorriso, são elas que apagam a madrugada pernoitando no abismo de cada pensamento. Os sonhos que brotas dos olhos eu quero sorver.
Dos pedaços de sol que me enviaste, só um não me cabe, por não deixar a noite nascer.