Espraiei sangue numa mortalha de papiro tingindo…
Inscrições de míngua impressas na língua com protestos de fome.
Pousei os olhos escritos num espelho infinito…
Cardápio vazio, cartaz triste, processo sem nome.
Arrasto ruas de prata por cinzas de tarde ao lixo de um naco…
As vitrinas do mundo comem os olhos onde me farto,
Das horas lentas que versam atentas leis e injúria…
Assoberbo o intestino de vazios disentéricos ar e penúria.
Do ventre das tantas que deram á terra filhos de azar…
Não houve sorte nem deus nem morte para os amparar.
Poema vadio das ruas com frio e camas de pedra…
Não tenho lençóis, e durmo em lancis…
Aconchegado de merda.