Cego de ti…
Eu percorri,
Cego, e não vi
Esse mundo negro
Onde eu entrei
Cego, procurando por ti…
Não sei que rosto tens
Que sonhos vives,
Ou que desejos tens por cumprir.
E se alguém te ama,
Que não eu,
Cavaleiro das tuas histórias?
Tu que és Julieta,
Deste cego Romeu!
Quem te tocou antes de mim?
Quem te abraçou
Na primeira dor?
Quem fez de ti seu mundo,
Quando a mim me sobrou o vazio?
Quem te olhou nos olhos
De azul profundo,
E te beijou pela primeira vez?
Estou no fim
Perdido sem saber de mim
Num estranho mundo negro
Em que nunca estás
Consumido na loucura
De ver em todos os rostos o teu
Que me deu o mundo,
Sem ser o desespero?
Que me deu o mundo,
Sem ser uma memória?
Daquilo que tu eras…
Quem sabe,
Já não és?
E passei por ti,
À espera de uma dor no peito
Que dissesse: “És tu”!
Mas eu não senti,
Nem dor a respeito
Nem nada de luz…
Eu que vivo o negro
E vejo o vazio.
Eu que sou tão cego!
De ti…