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Rito de Passagem

 
Tags:  AjAraujo    o poeta humanista  
 
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Rito de passagem
Dos dias, das folhas
do calendário romano

Rito de aragem
Da brisa fresca,
pós chuvas de verão

Rito de imagem
Do milenar presépio
reis do oriente aos cristãos

Rito de selvagem
Do diário que sangra
nas notícias de violência

Rito de personagem
Anônimo que recicla papel
caixas vazias dos presentes

Rito de vadiagem
Jovens sem causa embriagados
desferem golpes verbais e carnais

Rito de pilhagem
Corruptos brindando a sangria
recursos públicos com uísque on the rocks

Rito de carceragem
Bandidos tomam de assalto a cidade
poder do crime organizado além das grades.

Rito de estalagem
Muitas Marias e Josés sem abrigo,
ou leito para seus Meninos-Jesus

Rito de folhagem
No verão que agita rios, oceanos,
Agita-se a esperança na árvore humana

Rito de passagem
Tudo parece tão igual a ontem,
espiral do tempo, passado, presente e futuro

Rito de mensagem
Daquilo que fica, que marca
Promessa ou Dívida, Sonho ou Descrença

O fato é que este ritual
é tão necessário quanto utópico
como dormir sem sonhar.

AjAraújo, o poeta humanista, a propósito da passagem de ano, escrito em 26/12/2010.
 
Autor
AjAraujo
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