Minha Pátria sem nome,
nem pronome;
e em cada verso, o Tejo
rumoreja –
Camões compondo
líricas, no líquido das
fontes recessas,
apelando ao visco da pedra.
A pedra é sempre pedra,
esculpindo meu rosto
(como quem funde oiro,
ou coisa nenhuma) –
e os pássaros no restolho,
anunciam o entardecer,
no crepitar ansioso
das águas, na pressa de chegar.
Vãos de escada; e em
cada esquina um fascista;
escondendo-se fedendo,
nas alturas dos
arranha-céus – melhor
seria pô-los a todos,
à disposição do povo:
doutrinando-os de socialismo.
Tenho fome de dentes
na tábua… de morder o éter
insalubre, com que
deixaram meu país,
à beira do colapso flexuoso
(só a poesia pode numerar
e restringir os excessos,
da criança, que tudo sabe).
Anseio minha Pátria livre,
de escumalha
e de escombros políticos;
alva brisa adentrando nas
folhas das árvores,
guardando pela nossa
inteireza, o nome com
que do Pátrio nos elegemos.
Jorge Humberto
26/12/10