Esta incompreensão dá cabo da imagem daquilo que um dia foi compreendido. Imagem essa que vale mais que a própria compreensão. Afinal, imagens dão-nos a percepção da compreensão, mas não no-la dão. Compreensões inconcebíveis à luz de incompreendidos são minotauros incolores. Tintas são as pessoas, ignorância a sua cor e telas os ignorantes que se deixam pintar. Pintores, aqueles que escolhem as cores a usar nas SUAS telas. Possuem-nas, oh… possuem-nas. E mais bem-sucedidos são os que misturam as suas tintas com padrões previamente definidos. Envolvem as suas tintas. Oh se envolvem… Tintas deixam de o ser, tornando-se meras misturas IGUAIS e com um único fim – pintar a tela que com muito gosto se dispõe a ser pintada. Ignorância.
Ignorância. O que é isso senão a compreensão de que a não compreensão é uma realidade?
Realidade pressupõe incompreensão? Boa pergunta.
Sou um compreendido que não cabe na realidade (incompreensão?). Regidos pela razão? Oh, não queiram ser assim, acabarão por ser descartados pelos pintores. Afinal, eles é que pintam as telas.
Votos de um Feliz Natal.
Rui Gomes